terça-feira, 14 de agosto de 2007
15. O Tratamento aos Judeus nos Países Árabes/Islâmicos
"Os árabes não podem ser anti-semitas
porque eles mesmos são semitas".
FATO
O termo anti-semita foi cunhado na Alemanha em 1879 por Wilhelm Marrih
para se referir às manifestações antijudaicas da época e dar ao ódio aos
judeus um nome que soasse mais científico.1 O significado de anti-semitismo
foi aceito e compreendido como ódio ao povo judeu. Os dicionários definem
o termo como: "Teoria, ação ou prática dirigida contra os judeus" e "hostilidade
contra judeus como minoria religiosa ou racial, geralmente acompanhada
de discriminação política, econômica e social".2
O argumento de que os árabes, como semitas, não têm como ser antisemitas
é uma distorção semântica que ignora a realidade da discriminação
e da hostilidade árabes contra os judeus. Na verdade, os árabes podem ser
tão anti-semitas como qualquer outro povo.
"O mundo árabe é o último bastião de um anti-semitismo
desenfreado, desavergonhado, explícito e inacreditável. Mitos
hitleristas são publicados na imprensa popular como verdades
incontestáveis. O Holocausto é reduzido ao mínimo ou negado
(...) É difícil de imaginar como o mundo árabe poderá um dia
chegar a bom termo com Israel quando retrata os israelenses
como o diabo encarnado".
- Richard Cohen, colunista Washington Post Post,
30 de outubro de 2001
MITO
"As nações árabes modernas são apenas
anti-Israel e nunca antijudaicas".
FATO
Os líderes árabes sempre deixaram clara a sua animosidade pelos judeus e o
judaísmo. Por exemplo, em 23 de novembro de 1937 o rei Ibn Saud da Arábia
Saudita disse ao coronel britânico H.R.P. Dickson: "Nosso ódio aos judeus
remonta à condenação divina destes pela sua perseguição e rejeição a Isa
(Jesus) e a subseqüente rejeição do profeta por Ele escolhido". E acrescentou:
"Para os muçulmanos, matar ou ser morto por um judeu lhes garante uma
entrada imediata no paraíso e na augusta presença do Deus Todo-Poderoso".3
Quando Hitler apresentou as leis raciais de Nuremberg em 1935, recebeu
telegramas de congratulações de todos os cantos do mundo árabe.4 Mais
tarde, durante a guerra, um dos seus partidários mais ardentes foi o Mufti de
Jerusalém.
Os judeus jamais puderam viver na Jordânia. A Lei Civil número 6, que
vigorava na Cisjordânia ocupada pela Jordânia, declara explicitamente: "Todo
homem que não for judeu será súdito jordaniano".5
Os países árabes fazem com que até mesmo as crianças aprendam na escola
a odiar judeus. O ministro da Educação sírio escreveu em 1968: "O ódio que
inculcamos nas mentes de nossos filhos desde o seu nascimento é sagrado".6
Após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, os israelenses encontraram livros
escolares que haviam sido usados na educação de crianças árabes na
Cisjordânia. Estavam repletos de descrições racistas e odiosas dos judeus:
"Os judeus estão dispersos pelos confins do mundo, onde vivem
exilados e desprezados, pois são naturalmente vis, gananciosos
e inimigos da humanidade; por sua natureza, são tentados a
roubar terras que sirvam de asilo para sua desgraça".7
"Analise as seguintes sentenças:
1. O próprio mercador viajou ao continente africano.
2. Iremos expulsar todos os judeus dos países árabes".8
"Os judeus de nosso tempo são descendentes daqueles que
prejudicaram o profeta Maomé. Eles o traíram, quebraram o
acordo que tinham com ele e somaram forças com seus inimigos
a fim de combatê-lo".9
"Os judeus foram perseguidos e desprezados na Europa devido à
sua corrupção, mesquinharia e traição".10
Um manual jordaniano de 1977 para professores das primeiras séries, usado
na Cisjordânia, instrui os educadores a "incutir na alma do aluno a regra do
Islã de que, se os inimigos ocupam uma polegada que seja de terras islâmicas,
a jihad (guerra santa) torna-se um imperativo para todo muçulmano". Este
diz também que os judeus conspiraram para assassinar Maomé quando este
era uma criança.
Outro texto jordaniano, um livro de estudos sociais de 1982, defende a tese
de que Israel ordenou o massacre de palestinos em Sabra e Shatila durante a
Guerra do Líbano, mas não menciona os árabes cristãos que o cometeram.11
Segundo uma análise de livros escolares sírios, "o sistema educativo sírio
expande o ódio a Israel e ao sionismo para o anti-semitismo dirigido a todos
os judeus, evocando antigos motivos islâmicos para descrever a natureza
imutável e traiçoeira dos judeus. Sua conclusão inevitável é que todos os
judeus devem ser aniquilados".12 Para citar um exemplo, um livro para
estudantes do segundo grau afirma que os judeus odiavam muçulmanos e
eram movidos pela inveja para incitar a hostilidade contra eles:
"Os judeus não poupam esforços para nos enganar, negar nosso
Profeta, incitar contra nós e distorcer as Sagradas Escrituras. Os
judeus cooperam com os politeístas e infiéis contra os
muçulmanos porque sabem que o Islã revela as artimanhas e
características abjetas deles".13
Uma tradução árabe do livro Mein Kampf (Minha Luta), de Adolf Hitler, vem
sendo distribuída em Jerusalém Oriental e nos territórios controlados pela
Autoridade Palestina, onde se tornou um bestseller.14
De tempos em tempos, o anti-semitismo árabe aflora nas Nações Unidas. Em
março de 1991, por exemplo, um delegado sírio para a Comissão de Direitos
Humanos das Nações Unidas leu uma declaração em que recomendava aos
membros da comissão "um livro valioso" chamado A Matsá de Sion, escrito
pelo ministro da Defesa da Síria, Mustafá Tlas. O livro apresenta as acusações
de assassinatos rituais apresentadas contra os judeus no libelo de sangue de
Damasco, em 1815 (a frase "libelo de sangue" se refere às acusações de
que os judeus matam crianças cristãs para usar seu sangue no ritual de
confecção das matsót [pães ázimos] para a Páscoa judaica).
O rei Faisal de Arábia Saudita proferiu calúnia semelhante numa entrevista
de 1972: "Israel tem intenções maliciosas desde os tempos antigos. Seu
objetivo é a destruição de todas as demais religiões (...) Eles as consideram
inferiores à sua, bem como os outros povos inferiores ao seu. Sobre o tema da
vingança, eles têm um determinado dia no qual misturam o sangue de não-judeus
em seu pão e comem. Há dois anos, quando estava de visita em Paris,
a polícia encontrou cinco crianças assassinadas. Seu sangue havia sido
drenado e soube-se que alguns judeus as haviam assassinado para obter o
seu sangue e misturá-lo ao pão que comem nesse dia. Isso mostra até onde
chega o ódio e malícia deles em relação aos povos não-judeus".16
"Encontramos livros com passagens tão anti-semitas que, se
tivessem sido publicadas na Europa, seus editores seriam
condenados por crime de racismo".
- François Zimerav, advogado francês e membro do parlamento
europeu ao comentar textos palestinos, sírios e egípcios,
Jerusalem Post (16 de outubro de 2001)
Em 11 de novembro de 1999, durante um aparecimento em Gaza junto à
primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, Suha Arafat, mulher do presidente
da Autoridade Palestina, declarou: "Nosso povo tem sido submetido ao uso
diário e extensivo de gases venenosos pelas forças israelenses, o que tem
levado a um aumento nos casos de câncer entre mulheres e crianças".
Acusações fantasiosas semelhantes têm sido feitas por outros dirigentes
palestinos.17
A imprensa árabe ou muçulmana, que é quase que exclusivamente controlada
pelos governos de cada nação do Oriente Médio, publica regularmente artigos
e charges anti-semitas. É comum encontrar publicações anti-semitas no
Egito. Por exemplo, o jornal oficial Al-Ahram publicou um artigo fornecendo
antecedentes "históricos" à fantasia do libelo de sangue, ao mesmo tempo
em que acusa Israel de usar o sangue de crianças palestinas para assar as
matsót até o dia de hoje.18 Artigos anti-semitas aparecem regularmente na
imprensa da Jordânia e da Síria. Muitos dos ataques se referem à negação do
Holocausto, sua "exploração" pelo sionismo e a comparação deste e de Israel
com o nazismo.
Em novembro de 2001, um programa de humor veiculado na segunda mais
popular rede de televisão do mundo árabe levou ao ar um personagem que
representava Ariel Sharon bebendo o sangue de crianças árabes com uma
aparência grotesca de judeu ortodoxo. A TV de Abu Dhabi também transmitiu
um programa em que Drácula aparece para dar uma mordida em Sharon,
mas acaba morrendo porque o sangue dele está contaminado. Os protestos
contra o anti-semitismo desses programas foram ignorados pela rede de
televisão.19 A mídia da Autoridade Palestina também usa material anti-semita
e de incitação ao ódio. Um sermão de sexta-feira na mesquita Zayeb bin
Sultan Aal Nahyan, em Gaza, que pedia o assassinato de judeus e americanos,
foi transmitido ao vivo pela televisão da Autoridade Palestina:
"Não tenham misericórdia dos judeus, não importa onde estejam,
em qualquer país. Lutem contra eles, onde vocês estiverem.
Onde quer que vocês os encontrem, matem-nos. Onde quer que
vocês estejam, matem aqueles judeus e os americanos que são
como eles, e aqueles que estão ao seu lado. Estão todos na
mesma trincheira contra árabes e muçulmanos, porque criaram
Israel aqui, no coração palpitante do mundo árabe, na Palestina".20
"Até mesmo revistas palestinas de palavras cruzadas são usadas
para atacar Israel e os judeus, oferecendo pistas, por exemplo,
que o caráter dos judeus é traiçoeiro".21
- Al-Ahram (23 de maio de 1998)
MITO
"Os judeus que viviam nos países
islâmicos eram bem tratados pelos árabes".
FATO
Embora as comunidades judaicas nos países islâmicos vivessem melhor do
que as de terras cristãs na Europa, os judeus não escaparam de perseguições
e humilhações entre os árabes. O historiador da Universidade de Princeton
Bernard Lewis escreve: "A Idade de Ouro dos direitos iguais foi um mito e a
crença nisso foi resultado, e não causa, da simpatia dos judeus pelo Islã".22
Maomé, o fundador do Islã, viajou para Medina no ano 622 E.C. para atrair
seguidores á sua nova fé. Quando os judeus de Medina se recusaram a
reconhecê-lo como seu profeta, duas das principais tribos judaicas foram
expulsas; em 627, os seguidores de Maomé mataram entre 600 e 900
homens e dividiram as mulheres e crianças judias sobreviventes entre eles.23
A atitude dos muçulmanos com relação aos judeus se reflete em diversos
versículos do Corão, o livro sagrado da fé islâmica. "Eles (os judeus) foram
condenados à humilhação e à desgraça. Eles atraíram para si a ira de Deus
por negarem constantemente os sinais de Deus e matarem injustamente
seus profetas, bem como por desobedecerem e transgredirem" (Sura 2:61).
De acordo com o Corão, os judeus buscam trazer a corrupção (5:64), sempre são
desobedientes (5:78) e inimigos de Alá, do Profeta e dos anjos (2:97-98). Os judeus
sempre foram vistos com desdém por seus vizinhos muçulmanos; a coexistência
pacífica entre os dois grupos envolvia a subordinação e degradação dos judeus.
No século IX, o califa de Bagdá, Al-Mutawakil, criou um distintivo amarelo
para os judeus. Séculos mais tarde, isso foi imitado pela Alemanha nazista.24
"No sábado (5 de maio) o presidente sírio, Bashar Assad, deu uma
demonstração clara, para não dizer vil, dos motivos pelos quais ele
e seu governo não são dignos de respeito ou boas relações com os
Estados Unidos ou qualquer outro país democrático. Ao saudar o
Papa João Paulo II em Damasco, o senhor Assad lançou um ataque
contra os judeus que pode ser catalogado como o discurso mais
ignorante e cruel já pronunciado diante do Papa em suas duas
décadas de viagens ao redor do mundo. Ao comparar o sofrimento
dos palestinos ao de Jesus Cristo, o senhor Assad afirmou que os
judeus ‘tentaram matar os princípios de todas as religiões com a
mesma mentalidade com que traíram Jesus Cristo e do mesmo modo
como tentaram trair e matar o profeta Maomé’. Com esse libelo, o
presidente sírio manchou ao mesmo tempo seu país e o Papa..."
- Editorial do Washington Post, (8 de maio de 2001)
Em diversas épocas, os judeus viveram em relativa paz e prosperaram cultural
e economicamente em terra muçulmanas. Mas sua situação nunca foi
segura e mudanças no clima político ou social levavam com freqüência à
perseguição, à violência e à morte.
Quando se percebia que os judeus estavam alcançando uma posição confortável
na sociedade islâmica, o anti-semitismo aflorava, quase sempre com
resultados devastadores. Em 30 de dezembro de 1066, Iossef Hanaguid, o
vizir judeu de Granada, Espanha, foi crucificado por uma multidão de árabes
que passou a arrasar o bairro judeu da cidade e chacinou seus cinco mil
habitantes. A revolta foi incitada por pregadores muçulmanos que
protestavam furiosamente contra o que consideravam um poder político
judaico desordenado.
De modo semelhante, em Fez, no ano de 1465, multidões árabes chacinaram
milhares de judeus, deixando apenas 11 vivos, depois que o vice-vizir judeu
tratou uma mulher muçulmana de "maneira ofensiva". Os assassinatos
provocaram uma onda de massacres semelhantes por todo o Marrocos.25
Ocorreram outros assassinatos em massa de judeus em terras árabes: em
Marrocos, no século VIII, comunidades inteiras foram expulsas pelo
governante muçulmano Idris I; na África do Norte, no século XII, os almohades
ora convertiam à força ora dizimavam inúmeras comunidades; na Líbia, em
1785, Ali Burzi Pasha assassinou centenas de judeus; na Argélia houve
massacres de judeus em 1805, 1815 e 1830; e em Marrakesh, em Marrocos,
mais de 300 judeus foram assassinados entre 1864 e 1880.26
Decretos ordenando a destruição de sinagogas vigoraram no Egito e Síria
(1014, 1293-1294, 1301-1302), Iraque (854-859, 1344) e Iêmen (1676).
Apesar da proibição no Corão, os judeus foram forçados a se converter ao Islã
ou a se deparar com a morte no Iêmen (1165 e 1678), em Marrocos (1275,
1465 e 1790-1792) e no Iraque (1333 e 1344).27
A situação dos judeus em terras árabes ficou ainda pior no século XIX.
Judeus da maior parte da África do Norte (incluindo Argélia, Tunísia, Líbia e
Marrocos) foram forçados a viver em guetos. Em Marrocos, que tinha a
maior comunidade da diáspora islâmica, ao sair do gueto, os judeus só podiam
andar a pé ou usar sapatos de palha. Até as crianças muçulmanas
participavam da degradação dos judeus, arremessando pedras ou humilhandoos
de outras maneiras. A freqüência da violência antijudaica aumentava e
muitos judeus eram executados sob acusação de apostasia. As denúncias de
assassinatos rituais contra os judeus foram comuns no Império Otomano.28
O destacado orientalista G.E. von Grunebaum escreveu:
"Não seria difícil reunir os nomes de um número significativo de
indivíduos ou cidadãos judeus do meio islâmico que alcançaram
altas posições, poder, grande influência econômica ou uma
posição intelectual reconhecida e considerável; e o mesmo podese
dizer dos cristãos. Contudo, também não seria difícil compilar
uma extensa lista de perseguições, confiscos arbitrários,
tentativas de conversões forçadas ou pogroms".29
O perigo para os judeus tornava-se maior na medida em que se aproximava
um confronto nas Nações Unidas. O delegado sírio, Faris el-Khouri, advertiu:
"A menos que o problema de Palestina seja solucionado, teremos dificuldades
em proteger e salvaguardar os judeus no mundo árabe".30
Durante a década de 1940, mais de mil judeus foram mortos em revoltas
antijudaicas no Iraque, na Líbia, no Egito, na Síria e no Iêmen,31 o que ajudou
a provocar a saída em massa dos judeus dos países árabes.
MITO
"Como ‘Povos do Livro’, judeus e cristãos
estão protegidos sob a lei islâmica".
FATO
Esse argumento está fundamentado no tradicional conceito de dhima (lei de
proteção), estendido pelos conquistadores muçulmanos a cristãos e judeus
em troca de subordinação. Todavia, o francês Jacques Elul, autoridade no
assunto, assinalou: "Devemos nos perguntar: protegidos de quem? Quando o
‘estrangeiro’ vive em países islâmicos, a resposta só pode ser: dos próprios
muçulmanos".32
Os povos submetidos à lei islâmica em geral tinham que optar entre morte e
conversão, mas judeus e cristãos, como adeptos das Escrituras, tinham
permissão, como dhimis (pessoas protegidas), para praticar suas respectivas
crenças. Entretanto, essa "proteção" pouco fez para garantir que ambos
fossem bem tratados pelos muçulmanos. Pelo contrário, um aspecto integral
do dhima era que, por ser um infiel, tinha que reconhecer abertamente a
superioridade do verdadeiro crente: o muçulmano. Nos primeiros anos da
conquista islâmica, o "tributo" (ou jizya) pago anualmente como um imposto
individual simbolizava a subordinação dos dhimi.33
Mais tarde, o status inferior de judeus e de cristãos foi reforçado por uma série
de regulamentos que regiam a conduta dos dhimis. Sob ameaça de morte, eles
eram proibidos de zombar do Corão, do Islã ou de Maomé, ou criticá-los, de
fazer proselitismo entre muçulmanos ou de tocar uma mulher muçulmana
(embora um muçulmano pudesse ter uma não-muçulmana como esposa).
Os dhimis estavam excluídos de cargos públicos e do serviço militar e proibidos
de portar armas. Não podiam montar cavalos ou camelos, construir sinagogas
e igrejas mais altas do que as mesquitas, erguer casas maiores do que as dos
muçulmanos ou beber vinho em público. Eram obrigados a vestir roupas que
os distinguissem e não podiam rezar em voz alta – já que isso poderia ofender
os muçulmanos. Eles também tinham que se humilhar publicamente perante
os muçulmanos, por exemplo, cedendo-lhes sempre a passagem nas ruas.
Tampouco lhes era permitido apresentar provas contra um muçulmano diante
de um tribunal e seu juramento na corte islâmica era inaceitável.
Para se defender, o dhimi tinha que pagar um alto valor por testemunhas
muçulmanas, o que o deixava com poucos recursos legais quando prejudicado
por um muçulmano.34
No século XX, o status do dhimi em terras muçulmanas não melhorou de
modo significativo. H.E.W. Young, vice-cônsul britânico em Mosul (no Iraque),
escreveu em 1909:
"A atitude dos muçulmanos com relação a cristãos e judeus é a
de um senhor com seus escravos, a quem trata com uma certa
tolerância senhorial, desde que se mantenham no seu devido
lugar. Qualquer sinal de pretensão à igualdade é prontamente
reprimido."35
MITO
"As escolas muçulmanas nos EUA ensinam
a tolerância com o judaísmo e outras crenças
e defendem a boa convivência com Israel".
FATO
Embora seja notório que muitas escolas muçulmanas em países árabes e
islâmicos doutrinam os estudantes com o ódio aos judeus e a Israel, só
recentemente se revelou que ensinamentos semelhantes prevalecem nos
Estados Unidos. Algumas escolas islâmicas no Estado de Virgínia, por exemplo,
têm em suas classes mapas do Oriente Médio nos quais Israel não existe.
Num deles, Israel foi apagado e substituído pela palavra Palestina.
Um livro escolar do 11º ano ensina que um sinal (da chegada) do Dia do Juízo
será que os muçulmanos vão combater e matar judeus, que vão se esconder
atrás de árvores que dirão: "Ó muçulmano, ó servo de Deus, eis um judeu
escondido atrás de mim. Venha cá e mate-o!" 36
Os ataques não se restringem aos judeus, mas também atingem cristãos. Por
exemplo, os estudantes são ensinados que o Dia do Juízo só virá quando
Jesus Cristo retornar à Terra, quebrar a cruz e converter todos ao Islã. As
escolas particulares têm permissão legal para ensinar o que querem, desde
que cumpram os requisitos do Estado (americano). Uma fundação muçulmana
de Los Angeles insinuou uma visão de ódio semelhante em escolas públicas.
A Fundação Omar Ibn Khatab doou 300 cópias de uma tradução do Corão
contendo notas de rodapé que descreviam os judeus como arrogantes e
pessoas sem fé.37 Após a descoberta das passagens anti-semitas, os livros
foram banidos.
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
14.1 Os Refugiados
"Israel não permitiu que os palestinos retornassem a seus
lares, para que os judeus roubassem suas propriedades".
FATO
Israel não podia simplesmente concordar em permitir que todos os palestinos
retornassem, mas buscou diligentemente uma solução para o problema dos
refugiados. A atitude de Israel foi explicada por David Ben-Gurion (1 de
agosto de 1948):
"Quando os países árabes estiverem prontos para concluir um
tratado de paz com Israel, essa questão virá à tona para que se
encontre uma solução construtiva como parte do acordo geral,
e com a devida consideração por nossas contrapartidas quanto à
destruição da vida judaica e suas propriedades, os interesses de
longo prazo das populações judaicas e árabes, a estabilidade do
Estado de Israel e a durabilidade da base da paz com seus vizinhos,
a real situação e o destino das comunidades judaicas nos países
árabes, as responsabilidades dos governos árabes por sua guerra
de agressão e suas obrigações reparatórias – tudo isso será levado
em conta para a seguinte questão: se, em que medida e sob
quais condições os antigos residentes árabes do território de
Israel terão permissão para retornar".48
O governo israelense não foi indiferente à situação dos refugiados: foi criada
uma Custódia de Propriedades Abandonadas, "para evitar a ocupação ilegal
de casas vazias e estabelecimentos comerciais, administrar as propriedades
sem dono e também garantir a produção dos campos abandonados e salvar
as colheitas..." 49
O perigo implícito da repatriação não impediu Israel de permitir o retorno de
alguns refugiados e se oferecer a receber um número substancial deles
como condição para a assinatura de um tratado de paz. Em 1949, Israel se
propôs a permitir o retorno das famílias que haviam sido separadas durante
a guerra, liberar as contas dos refugiados em bancos israelenses (finalmente
descongeladas em 1953), pagar compensações por terras abandonadas e
repatriar cem mil refugiados.50
Os árabes rejeitaram todas as propostas israelenses. Eles não estavam
dispostos a adotar qualquer medida que pudesse ser interpretada como
reconhecimento de Israel e fizeram da repatriação uma pré-condição para
as negociações, o que Israel não aceitou. O resultado foi o confinamento dos
refugiados em acampamentos.
Apesar da atitude assumida pelos países árabes, Israel liberou as contas
bancárias bloqueadas dos refugiados árabes, que totalizavam mais de US$
10 milhões, pagou milhares de compensações em dinheiro e ofereceu
centenas de acres como garantias alternativas.
MITO
"As resoluções da ONU exigem que Israel
repatrie todos os refugiados palestinos".
FATO
As Nações Unidas abordaram o problema dos refugiados e adotaram a Resolução
194 em 11 de dezembro de 1948. Esta pedia aos países árabes e a Israel que
solucionassem todos os assuntos relevantes por meio de negociações, seja
diretamente ou com a ajuda da Comissão de Conciliação Palestina, estabelecida
por intermédio da resolução. Além disso, o Ponto 11 delibera:
"Deveria ser permitido aos refugiados que desejarem retornar a
seus lares e viver em paz com seus vizinhos que assim fosse
feito no menor tempo possível; que fosse paga uma compensação
pelas propriedades daqueles que decidissem não retornar e por
perdas ou danos à propriedade que, conforme os princípios do
direito internacional ou equivalente, viesse a se tornar um bem
dos governos ou autoridades responsáveis. A instrução da
Comissão de Conciliação é facilitar a repatriação, o reassentamento
e a reabilitação econômica e social dos refugiados, bem como o
pagamento de compensações" (palavras enfatizadas pelo autor).
As palavras enfatizadas demonstram o reconhecimento das Nações Unidas de que não deveria se esperar que Israel repatriasse uma população hostil
que pudesse ameaçar a sua segurança. A solução para o problema, assim
como para todos os problemas anteriores dos refugiados, exigia que pelo
menos alguns palestinos fossem reassentados em territórios árabes. Além
disso, a resolução usa a expressão "deveria", em vez de "deve", o que, em
termos legais, não é uma linguagem impositiva.
A resolução veio ao encontro da maior parte das preocupações de Israel no
tocante aos refugiados, considerados uma quinta-coluna em potencial caso
lhes fosse permitido um retorno incondicional. Os israelenses consideraram
a questão do assentamento dos refugiados uma parcela negociável de um
acordo de paz geral. Como o presidente Chaim Weizmann explicou: "Estamos
ansiosos por auxiliar nesse reassentamento desde que seja estabelecida
uma paz autêntica e que os países árabes façam a sua parte. A solução do
problema árabe só poderá ser alcançada através de um programa de
desenvolvimento para todo o Oriente Médio, para o qual Nações Unidas,
países árabes e Israel farão suas respectivas contribuições".51
Naquela época, os israelenses não imaginavam que os refugiados viessem a ser um problema importante, pois acreditavam que os países árabes
reassentassem a maior parte deles, e que poderia vir a ser estabelecido
algum tipo de acordo com os remanescentes no contexto de um acordo
geral. Entretanto, os árabes estavam tão contrários a um acordo em 1949
quanto estiveram em 1947. De fato, rejeitaram por unanimidade a resolução
das Nações Unidas.
As discussões nas Nações Unidas sobre os refugiados haviam começado no
verão de 1948, antes de Israel completar sua vitória militar; por isso, os
árabes ainda acreditavam que poderiam vencer a guerra e permitir que os
refugiados retornassem de maneira triunfante. A opinião dos árabes foi
expressa por Emile Ghoury, secretário do Supremo Comitê Árabe:
"É inconcebível que os refugiados fossem enviados de volta aos
seus lares enquanto estes estivessem ocupados pelos judeus, já
que os últimos poderiam tomá-los como reféns e maltratá-los.
Seria o mesmo que uma evasão de responsabilidade por parte
dos responsáveis, o que servirá como um primeiro passo para o
reconhecimento árabe do Estado de Israel e da partilha".52
Os árabes exigiram que as Nações Unidas afirmassem o "direito" dos palestinos
de retornar aos seus lares e não demonstraram qualquer disposição de aceitar
menos do que isso, até que sua derrota tornou-se óbvia. Os árabes, então,
reinterpretaram a Resolução 194 como se esta garantisse aos refugiados o
direito absoluto à repatriação e têm exigido que Israel aceite essa interpretação
desde então. Independentemente da interpretação, a Resolução 194, assim
como outras resoluções da Assembléia Geral, não é legalmente obrigatória.
"A exigência palestina do ‘direito ao retorno’ é totalmente irrealista
e deveria ser solucionada por meio de compensação financeira e
reassentamentos nos países árabes".
- Hosni Mubarak, presidente do Egito53
MITO
"Israel sabotou as negociações da
Comissão de Conciliação Palestina".
FATO
No início de 1949, a Comissão de Conciliação Palestina (CCP) abriu
negociações em Lausanne, na Suíça. Os árabes insistiram para que Israel
cedesse o território vencido na guerra de 1948 e aceitasse a repatriação. Os
israelenses disseram à comissão que a solução para o problema dos refugiados
dependia da conclusão de um acordo de paz.
Israel fez uma substancial oferta de repatriação durante essas negociações.
O governo disse que aceitaria cem mil refugiados dentro de um acordo geral
do problema. Israel esperava que cada país árabe assumisse um compromisso
semelhante. Essa oferta foi rejeitada.
Em 1o de abril de 1950, a Liga Árabe adotou uma resolução que proibia seus
membros de negociar com Israel.
A CCP fez um novo esforço para reunir as partes em 1951, mas finalmente
se deu por vencida e declarou:
"Os governos árabes... não estão plenamente preparados para
implementar o parágrafo 5 da dita resolução, que clama pelo
acordo final com respeito a todas as questões importantes entre
eles e Israel. Os governos árabes, em seus contatos com a
Comissão, não evidenciam qualquer disposição de chegar a um
acordo de paz com o governo de Israel".54
MITO
"Os palestinos que queriam retornar aos seus lares
não representavam perigo à segurança de Israel".
FATO
Quando foram feitos planos para o estabelecimento de um novo país no
início de 1948, os líderes judeus na Palestina esperavam que a nova nação
incluísse uma população árabe significativa. Da perspectiva israelense, foi
dada aos refugiados a oportunidade de permanecer em seus lares e fazer
parte do novo estado. Aproximadamente 160 mil árabes optaram por isso.
Repatriar os que haviam fugido seria, nas palavras do ministro das Relações
Exteriores, Moshé Sharett, uma "loucura suicida".55
No mundo árabe, os refugiados eram vistos como uma potencial quinta coluna
dentro de Israel, assim como escreveu um jornal libanês:
"O retorno dos refugiados criaria uma grande maioria árabe que
serviria como o meio mais efetivo de reviver o caráter árabe da
Palestina, ao mesmo tempo em que formaria uma poderosa
quinta-coluna para o dia da vingança e do acerto de contas".56
Os árabes acreditavam que o retorno dos refugiados virtualmente garantiria
a destruição de Israel, um sentimento expresso pelo ministro das Relações
Exteriores do Egito, Muhamad Salah al-Din: "É notório e claro que os árabes,
ao exigirem o retorno dos refugiados para a Palestina, entendem que estes
retornem como donos da pátria, e não como escravos. Está mais do que
claro que eles significam a liquidação do Estado de Israel." (Al Misri, 11 de
outubro de 1949)
A situação dos refugiados permaneceu inalterada após a Guerra de Suez. Na
verdade, até a retórica permaneceu a mesma. Em 1957, a Conferência sobre
os Refugiados em Homs, na Síria, aprovou uma resolução que declarava:
"Qualquer discussão sobre o problema palestino que não esteja
baseada na garantia do direito dos refugiados de aniquilar Israel
será vista como uma profanação do povo árabe e um ato de
traição". (Beirut al Massa, 15 de julho de 1957).
Pode-se traçar um paralelo com a época da Revolução Americana, durante a
qual muitos colonos leais à Inglaterra fugiram para o Canadá. Os britânicos
queriam que a recém-criada república permitisse que esses colonos
retornassem para reclamar suas propriedades. Benjamin Franklin rejeitou
essa sugestão numa carta ao negociador britânico Richard Oswald, de 26 de
novembro de 1782:
"Seus ministros exigem que recebamos novamente em nosso
meio aqueles que foram nossos mais amargos inimigos e
devolvamos propriedades àqueles que destruíram as nossas; e
isso enquanto as feridas que nos causaram ainda sangram!" 57
MITO
"Os refugiados palestinos foram
ignorados por um mundo indiferente".
FATO
A Assembléia Geral votou em seguida, em 19 de novembro de 1948, pelo
estabelecimento do Auxílio das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos
(UNRPR – United Nations Relief for Palestinian Refugees) para dar ajuda aos
refugiados. A UNRPR foi substituída, em 8 de dezembro de 1949, pela Agência
de Auxílio e Obras das Nações Unidas (UNRWA – United Nations Relief and
Works Agency) e recebeu um orçamento de US$ 50 milhões.
A UNRWA foi concebida para dar continuidade ao programa de ajuda iniciado
pela UNRPR, com as obras públicas substituindo a ajuda direta e promovendo
o desenvolvimento econômico. Os autores do plano previram que a ajuda
direta seria quase totalmente substituída por obras públicas, com a assistência
remanescente a ser fornecida pelos governos árabes.
Mas a UNRWA tinha poucas chances de êxito porque buscava resolver um
problema político valendo-se de um enfoque econômico. Em meados dos
anos 1950, ficou evidente que nem refugiados nem países árabes estavam
preparados para cooperar nos projetos de desenvolvimento em larga escala
previstos originalmente pela Agência como um modo de aliviar a situação
dos palestinos. Ambos não estavam dispostos a contribuir com qualquer
plano que pudesse ser interpretado como um fomento ao reassentamento.
Preferiram se prender à sua interpretação da Resolução 194 que, segundo
acreditavam, finalmente resultaria na repatriação.
MITO
"Os países árabes contribuem para a maior parte
dos fundos de auxílio aos refugiados palestinos".
Enquanto os refugiados judeus provenientes dos países árabes não tiveram
qualquer ajuda internacional, os palestinos receberam milhões de dólares
por intermédio da UNRWA. Inicialmente, os Estados Unidos contribuíram
com US$ 25 milhões e Israel com US$ 3 milhões. O total de garantias árabes
alcançou US$ 600 mil.
Durante os primeiros 20 anos, os Estados Unidos contribuíram com mais de
dois terços dos fundos, enquanto os países árabes continuaram contribuindo
com uma fração mínima. Israel doou mais fundos à UNRWA do que a maioria
dos países árabes. Os sauditas não igualaram a contribuição de Israel até
1973; Kuwait e Líbia, até 1980. Mais recentemente, em 1994, Israel deu
mais à UNRWA do que todos os países árabes, com exceção da Arábia Saudita,
Kuwait e Marrocos.
milhões em 2000, 31% da receita de US$ 293 milhões obtida pela
organização. Enquanto isso, apesar de todo o seu apoio retórico aos palestinos,
os países árabes contribuíram apenas com 2% do orçamento da UNRWA.58
Após transferir a responsabilidade, virtualmente, a toda a população palestina
na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, para a Autoridade Palestina, Israel não
controla mais os acampamentos de refugiados e deixou de contribuir com a
UNRWA. Enquanto isso, além de receber contribuições anuais da UNRWA
para os refugiados, a Autoridade Palestina recebe bilhões de dólares em
auxílio internacional e, ainda assim, tem fracassado em construir uma única
casa que permita a pelo menos uma família mudar-se de um acampamento
de refugiados para uma moradia permanente. Dado o montante de auxílio
(US$ 5,5 bilhões desde 1993) que a Autoridade Palestina recebe, é chocante
e ultrajante que mais de meio milhão de palestinos estejam sendo obrigados
por seus próprios líderes a permanecer em acampamentos imundos.
MITO
"Os países árabes sempre receberam bem os
palestinos e fizeram o melhor para reassentá-los".
A Jordânia foi o único país árabe que recebeu os palestinos e lhes concedeu
cidadania (até hoje, a Jordânia é a única nação árabe onde os palestinos,
como grupo, podem se tornar cidadãos). O rei Abdula considerava palestinos
e jordanianos um só povo. Por volta de 1950, ele anexou a Cisjordânia e
proibiu o uso do termo Palestina em documentos oficiais.59
Embora os dados demográficos indicassem um amplo espaço para
reassentamento na Síria, Damasco se recusou a aceitar quaisquer refugiados,
exceto aqueles que pudessem recusar a repatriação. A Síria também desistiu
de reassentar 85 mil refugiados entre 1952 e 1954, embora tenham sido
oferecidos fundos internacionais para bancar o projeto. Também se esperava
que o Iraque aceitasse um grande contingente de refugiados, mas o país não
se mostrou receptivo. O Líbano insistiu que não tinha espaço para os
palestinos. Em 1950, a ONU tentou reassentar 150 mil refugiados de Gaza
na Líbia, mas a iniciativa foi refutada pelo Egito.
mais de 200 mil habitantes, mas não permitia que os palestinos entrassem
no Egito ou fossem para qualquer outro lugar. A administração egípcia dos
palestinos de Gaza era tão ruim que a rádio saudita comparou o regime de
Nasser em Gaza ao de Hitler na Europa ocupada da Segunda Guerra Mundial.60
"Os países árabes não querem resolver o problema dos refugiados.
Pretendem mantê-lo como uma ferida aberta, uma afronta às
Nações Unidas e uma arma contra Israel. Os líderes árabes não
se importam se os refugiados estão vivos ou mortos".
- Ralf Garroway, ex-diretor da UNRWA,
em agosto de 1958.61
Em 1952, a UNRWA criou um fundo de US$ 200 milhões para dar casas e
empregos aos refugiados, mas o fundo permaneceu intocado. Pouco tem
mudado no decorrer dos anos. Os governos árabes freqüentemente oferecem
empregos, casas, terras e outros benefícios a árabes e não-árabes, porém
excluem os palestinos. Por exemplo, a Arábia Saudita decidiu não aproveitar
refugiados palestinos desempregados para aliviar sua escassez de mão-deobra
no fim da década de 1970 e início da de 1980. Em contrapartida,
milhares de sul-coreanos e outros asiáticos foram recrutados para preencher
os postos de trabalho.
que empregava um grande contingente de palestinos – embora lhes negasse
cidadania – expulsou mais de 300 mil deles. "Se há pessoas que constituem
uma ameaça à segurança, como país soberano temos o direito de excluir
qualquer um que não queiramos", declarou o embaixador do Kuwait nos
Estados Unidos, Saud Nasir Al-Sabá (Jerusalem Report, 27 de junho de 1991).
Atualmente, os refugiados palestinos no Líbano não gozam de benefícios sociais
e nem de direitos civis, tendo acesso muito restrito à educação e à saúde pública.
A maioria depende inteiramente da UNRWA como o único provedor de educação,
saúde, serviços e bem-estar social. Considerados estrangeiros, os refugiados
palestinos são proibidos por lei de trabalhar em mais de 70 negócios e profissões.62
sua situação; todavia, muitos estavam insatisfeitos com o tratamento
dispensado por seus irmãos árabes. Alguns, como o líder nacionalista palestino
Musa Alami, se mostravam incrédulos: "É uma vergonha que os governos
árabes impeçam os refugiados árabes de trabalhar em seus países, lhes
fechem a porta na cara e os aprisione em acampamentos".63
Entretanto, a maioria dos refugiados focou seu descontentamento nos "sionistas", aos
quais preferiram culpar por sua situação.
MITO
"Milhões de palestinos estão
confinados em acampamentos imundos".
Em meados de 2003, o número de refugiados palestinos nos registros da
UNRWA havia alcançado 4,1 milhões, muitas vezes o número que deixou a
Palestina em 1948. Menos da terça parte dos refugiados palestinos registrados,
cerca de 1,2 milhão, vive em 59 acampamentos de refugiados reconhecidos
na Jordânia, no Líbano, na Síria, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Os outros
dois terços de refugiados registrados vivem dentro e na periferia de grandes e
pequenas cidades dos países que os receberam, e em geral nas imediações dos
acampamentos oficiais na Cisjordânia e Faixa de Gaza.64
MITO
"Israel forçou os refugiados palestinos a
permanecer nos acampamentos da Faixa de Gaza".
FATO
Durante os anos em que Israel controlava a Faixa de Gaza, foi feito um esforço
consistente para que os palestinos pudessem viver em moradias permanentes.
Eles se opuseram à idéia porque os frustrados e amargurados habitantes dos
acampamentos serviram de mão-de-obra das diversas facções terroristas.
Além do mais, os países árabes pressionavam rotineiramente pela adoção
das resoluções das Nações Unidas que exigiam de Israel que desistisse da
remoção dos refugiados palestinos dos acampamentos de Gaza e Cisjordânia,
preferindo manter os palestinos ali como símbolos da "opressão" israelense.
Atualmente, os acampamentos estão nas mãos da Autoridade Palestina,
mas pouco tem sido feito para beneficiar essas pessoas. A jornalista Netty
Gross visitou Gaza e perguntou a um dirigente palestino o motivo pelo qual
não haviam desmantelado os acampamentos. Ele lhe disse que a Autoridade
Palestina havia adotado uma "decisão política" de nada fazer pelos agora
quase 500 mil palestinos que vivem nos acampamentos até que haja
conversações sobre o status final com Israel. (Jerusalem Report, 6 de julho
de 1998). Até hoje a Autoridade Palestina não investiu um centavo dos
bilhões de dólares que tem recebido em ajuda estrangeira para construir
moradias permanentes para os refugiados.
MITO
"Refugiados sempre são repatriados. Só os
palestinos são impedidos de retornar a seus lares".
FATO
Apesar da intransigência árabe, ninguém esperava que o problema dos
refugiados persistisse. John Blandford Jr., diretor da UNRWA, escreveu em
seu relatório de 29 de novembro de 1951 que esperava que os governos
árabes assumissem a responsabilidade pela ajuda a partir de 1952. Além
disso, enfatizou a necessidade de encerrar as operações de assistência:
"Operações sustentadas de assistência contêm inevitavelmente o germe da
deterioração humana".65 Na verdade, os palestinos são o único povo sem
Estado a ser tutelado pela comunidade internacional.
Outro país seriamente afetado pela guerra foi a Finlândia, forçada a abrir
mão de quase um oitavo de seu território e absorver mais de 400 mil refugiados
(11% da população nacional) vindos da União Soviética. Ao contrário de
Israel, estes eram os derrotados da guerra. Não houve qualquer ajuda para o
seu reassentamento.
Talvez uma analogia ainda melhor possa ser vista na integração, pela Turquia,
de 150 mil refugiados turcos provenientes da Bulgária, em 1950. A diferença
entre o tratamento dispensado pelos turcos a seus refugiados e o dos países
árabes aos palestinos foi a atitude dos respectivos governos.
O acordo para Israel pagar compensações aos palestinos que fugiram durante
1948 contrasta com o tratamento dispensado aos 12,5 milhões de alemães da
Polônia e Tcheco-Eslováquia que foram expulsos após a Segunda Guerra Mundial
e autorizados a levar somente os bens que pudessem carregar. Eles não
receberam qualquer compensação pelas propriedades confiscadas. Os efeitos
da Segunda Guerra Mundial nas fronteiras e na população polonesas foram
considerados "fatos consumados" que não foram revertidos após a guerra.
"A Turquia vem tendo um problema maior com refugiados do
que a Síria ou o Líbano e quase tão grande quanto o do Egito (...)
Contudo, raramente se ouve falar deles porque os turcos têm
feito um bom trabalho de reassentamento (...) A grande diferença
está no espírito. Os turcos, relutantes como estavam em aceitar
esse fardo, aceitaram-no como uma responsabilidade e passaram
a trabalhar para cumpri-lo o mais rapidamente possível".66
Caso os árabes quisessem aliviar o sofrimento dos refugiados, poderiam ter
adotado facilmente uma atitude semelhante à da Turquia.
A partilha entre Índia e Paquistão, em 1947, resultou em outro deslocamento
de população em massa. Os oito milhões de indianos que fugiram do Paquistão
e os seis milhões de muçulmanos que deixaram a Índia temiam se converter
em minorias dentro de seus respectivos países. Assim como os palestinos, quiseram
evitar ser surpreendidos em meio à violência que envolveu suas nações.
Todavia, em comparação com o conflito árabe-israelense, a troca de populações
foi considerada a melhor solução para o problema das relações comunitárias
entre ambos os países. Apesar do enorme contingente de refugiados e da
relativa pobreza das duas nações envolvidas, nenhuma organização
internacional de auxílio foi estabelecida para auxiliá-las no reassentamento.
"Se houvesse um Estado palestino, porque os líderes desejariam
que seus cidadãos em potencial fossem repatriados em outro
país? Sob a perspectiva da construção de uma nação, isso não faz
sentido. Na verdade, as discussões originais sobre repatriação
ocorreram numa época em que não havia esperança de criação
de um Estado palestino. Com a possibilidade de surgimento desse
país, os palestinos precisam decidir se querem se ver como um
país legítimo ou se é mais importante para eles manter seu
status autodefinido como refugiados oprimidos e sem pátria. Eles
absolu-tamente não podem ser as duas coisas".
- Fredelle Spiegel 67
MITO
"Se os refugiados tivessem sido repatriados,
o conflito árabe-israelense teria terminado".
FATO
Israel buscou consistentemente uma solução para o problema dos refugiados,
mas não poderia simplesmente concordar com o retorno de todos os palestinos.
Nenhuma nação, independentemente de seus acertos e erros,
poderia receber tanta gente. Seria uma quinta-coluna alimentada
pelo ódio durante 20 anos (em 1967) e inteiramente dedicada à
destruição de Israel. A readmissão dos refugiados seria equivalente
aos Estados Unidos receberem por volta de 70 milhões de inimigos
jurados do país.68
Enquanto isso, os árabes rejeitaram teimosamente negociar um acordo em
separado. O ponto crucial da questão foi falta de disposição dos países árabes
de aceitar a existência de Israel, exemplificado pelos atos beligerantes contra
o Estado judeu pelo presidente Nasser, do Egito, que nada tinham a ver com
os palestinos. Ele só estava interessado nos refugiados na medida em que
pudessem contribuir para seu objetivo final. Como ele mesmo disse a um
repórter em 1º de setembro de 1961: "Se os refugiados retornarem a Israel,
Israel deixa de existir".69
MITO
"Israel expulsou mais palestinos em 1967".
FATO
Após ignorar as advertências israelenses para ficar fora da guerra, o rei
Hussein lançou um ataque contra Jerusalém, capital de Israel. A UNRWA
calculou que, ao longo do combate, 175 mil dos seus refugiados registrados
fugiram pela segunda vez e 350 mil pela primeira. Aproximadamente 200 mil
foram para a Jordânia, 115 mil para a Síria e 35 mil saíram pelo Sinai em direção
ao Egito. A maior parte dos que partiram era proveniente da Cisjordânia.
Israel permitiu o retorno de alguns árabes da Cisjordânia. Em 1967, mais de
nove mil famílias foram reunificadas e, até 1971, Israel havia readmitido 40
mil refugiados. Em contrapartida, em julho de 1968 a Jordânia proibiu aqueles
que pretendiam permanecer na margem oriental do Jordão de emigrar de
Cisjordânia e Gaza.70
Quando o Conselho de Segurança delegou ao então secretário-geral da ONU,
U Thant, o envio de um representante para verificar o bem-estar dos civis
após o advento da guerra, este instruiu a missão no sentido de investigar o
tratamento das minorias judaicas nos países árabes, bem como dos árabes
nos territórios ocupados por Israel. Síria, Iraque e Egito se recusaram a permitir
que o repre-sentante da ONU levasse a sua investigação adiante.71
MITO
"A UNRWA é uma organização humanitária que
não tem qualquer responsabilidade pelo terror e
incitação originados nos acampamentos de refugiados".
FATO
O chefe do Escritório de Informação Pública da UNRWA, Paul McCann, afirmou
que "a UNRWA é escrupulosa na proteção de suas instalações contra o uso
indevido por qualquer pessoa ou grupo. Uma única vez, no Líbano, em 1982,
houve evidências dignas de crédito de tal uso indevido por palestinos e
lidamos com isso prontamente".72
O fato é que os acampamentos de refugiados têm sido há tempos ninhos de
terrorismo, mas as provas só foram divulgadas após Israel ter feito a Operação
Escudo de Defesa, no início de 2002. Descobriu-se que os acampamentos
administrados pela UNRWA na Cisjordânia tinham fábricas de armas de
pequeno porte, laboratórios de explosivos, depósitos de armamentos e um
grande contingente de homens-bomba e outros terroristas que usavam os
refugiados como escudos humanos.
O fracasso da UNRWA em denunciar ou impedir essas atividades viola as
próprias convenções das Nações Unidas. As resoluções do Conselho de
Segurança obrigam os representantes da UNRWA a dar "os passos apropriados
para ajudar a criar um ambiente seguro" em todas "as situações em que os
refugiados estejam (...) vulneráveis à infiltração de elementos armados".
Com relação à África, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan,
afirmou que os acampamentos de refugiados deveriam "ser mantidos livres
de qualquer presença ou equipamento militar, incluindo armas e munição".73
As mesmas regras se aplicam aos territórios em disputa.
As escolas sob a jurisdição da UNRWA também são problemáticas. A UNRWA
recebe crédito por ajudar na criação dos currículos palestinos que, entre
outras coisas, não mostram Israel em mapa algum. As escolas estão cheias
de pôsteres dedicados aos homens-bomba. Em 1998, o Departamento de
Estado dos EUA solicitou que a UNRWA investigasse denúncias de que o
material escolar da Autoridade Palestina continha referências anti-semitas.
Um livro ensinava que "traição e deslealdade são traços de caráter dos
judeus", mas a UNRWA disse que isso não era ofensivo porque descrevia
verdadeiros "eventos históricos". Por fim, o Departamento de Estado informou
ao Congresso que "a apresentação da UNRWA dava mostras de caracterizações
e conteúdo anti-semitas" nos livros escolares da Autoridade Palestina.74
Notas
1 Arieh Avneri. The Claim of Dispossession. New Jersey: Transaction Books, 1984, pág.
272; Kedar, Benjamin. The Changing Land Betwen the Jordan Sea. Israel: Yad Izhak
Ben-Zvi Press, 1999, pág. 206; Paul Johnson. A History of the Jews. New York:
Harper & Row, 1987, pág. 529.
2 Relatório do progresso do mediador das Nações Unidas na Palestina. Submetido ao
secretário-geral para transmissão aos membros das Nações Unidas. Registros Oficiais
da Assembléia Geral: 3a Sessão, Suplemento 11 (A/648), Paris, 1948, pág. 47, e Suplemento
11A (A/689 e A/689/Add.1, pág. 5; e Conclusões do Relatório do Progresso do
Mediador das Nações Unidas na Palestina (16 de setembro de 1948). Nações Unidas.
doc. A/648 (parte 1, pág. 29; parte 2, pág. 23 e parte 3, pág. 11) (18 de setembro de 1948).
3 New York Times (25 de novembro de 1947).
4 Avneri, pág. 276.
5 Jerusalem Post (4 de dezembro de 2003).
6 David Ben-Gurion. Rebirth and Destiny of Israel. New York: Philosophical Library,
1954, pág. 220.
7 Isi Liblier. The Case of Israel. Austrália: The Globe Press, 1972, pág. 43.
8 Joseph Schechman. The Refugee in the World. New York: A.S. Barnes and Co., 1963,
pág. 184.
9 I.F. Stone. This is Israel . New York: Boni and Gaer, 1948, pág. 27.
10 Ash Sha’ab (30 de janeiro de 1948).
11 As Sarih (30 de março de 1948).
12 Avneri, pág. 270.
13 London Daily Mail (12 de agosto de 1948).
14 New York Times (23 de abril de 1948).
15 Howard Sachar. A History of Israel: From the Rise of Zionism to Our Time. New York:
Alfred A. Knopf, 1979, pág. 270; Alfred A. Knopf, 1979, pág. 332; Avneri, pág. 270.
16 Memorando secreto de 26 de abril de 1948, do superintendente de Polícia,
referente à situação geral em Haifa. Veja também seu memorando de 29 de abril.
16a Golda Meir (1898-1978). Nasceu na Ucrânia e emigrou para os Estados Unidos em
1906. Em 1921, já casada, foi para a Palestina, ainda sobre controle britânico. Atuou
em movimentos sionistas, participando ativamente da construção da nação judaica.
Foi ministra do Trabalho e das Relações Exteriores e primeira-ministra.
Renunciou em 1974, após a Guerra do Yom Kippur.
17 Golda Meir. My Life. New York: Dell, 1975, pág. 267-268.
18 New York Times (23 de abril de 1948).
19 1(24 de abril de 1948).
20 Schechman, pág. 190.
21 Relações Exteriores dos Estados Unidos, 1948, Vol. V. District of Columbia: GPO,
1976, pág. 838.
22 Tom Segev. 1949: The First Israelis. New York: The Free Press, 1986, pág. 27-28.
23 Igal Alon, em Sefer Hapalmach, citado em Larry Collins e Dominique Lapierre. O
Jerusalem! New York: Simon and Schuster, 1972, pág. 337; Igal Alon. My Father’s
House. New York: W.W. Norton and Company, Inc. 1976, pág. 192.
24 Benny Morris. Operation Dani and The Palestinian Exodus from Lydda and Ramle
in 1948, Middle East Journal (inverno de 1986), pág. 82-83.
25 Terence Prittie. Middle East Refugees, em Michael Curtis et al. The Palestinians.
New Jersey: Transaction Books, 1975, pág. 52.
26 Myron Kaufman. The Coming Destruction of Israel. New York: The American Library
Inc., 1970, pág. 26-27.
27 Edward Atiyah. The Arabs. Londres: Penguin Books, 1955, pág. 183.
28 The Memoirs of Haled al Azm. Beirute, 1973, Parte 1, pág. 386-387.
29 Samuel Katz. Battleground-Fact and Fantasy in Palestine. New York: Bantam Books,
1985, pág. 15.
30 King Abdallah. My Memoirs Completed. Londres, Longman Group, Ltd., 1978), pág.
16 (geralmente se escreve Abdula, mas está Abdala em suas memórias).
31 Schechman, pág. 186.
32 Yehoshofat Harkabi. Arab Attitudes to Israel. Jerusalém: Israel Universities Press,
1972, pág. 364.
33 Falastin a-Thaura (março de 1976).
34 Dayr Yasin, Universidade Bir Zeit.
35 Dan Kurzman. Genesis 1948. Ohio: New American Library, Inc., 1970, pág. 141.
36 Menahem Begin. The Revolt. New York: Nash Publishing, 1977, pág. 20-26, 162-163.
37 Veja, por exemplo, Amos Perlmutter. The Life and Times of Menahem Begin. New
York: Doubleday, 1987, pág. 214; J. Bowyer Bell. Terror Out of Zion. New York: St.
Martin’s Press, 1977, pág. 292-296; Kurzman, pág. 142.
38 Uri Milstein. History of Israel’s War of Independence, Vol. IV. Lanham: University
Press of America, 1999, pág. 262.
39 Milstein, pág. 262.
40 Kurzman, pág. 148.
41 Sharif Kanaana e Nihad Zitawi. Deir Iassin, Monografia 4, Projeto de Documentação
de Povoados Palestinos Destruídos. Bir Zeit: Centro de Documentação da
Universidade Bir Zeit, 1987, pág. 55.
42 Sharif Kanaana. Reinterpreting Deir Iassin. Universidade Bir Zeit (abril de 1998).
43 Milstein, pág. 267.
44 Rami Nashashibi. Deir Yasin. Universidade Bir Zeit (junho de 1996).
45 Testemunho de Yehoshua Gorodenchik em Jabotinsky Archives.
46 Milstein, pág. 276.
47 Israel and the Arabs: the 50 Year Conflict, BBC.
48 Sachar, pág. 335.
49 Schechtman, pág.268.
50 Prittie em Curtis, pág. 66-67.
51 New York Times (17 de julho de 1949).
52 Telegraph (Beirute) (6 de agosto de 1948), citado em Schechtman, pág. 210-211.
53 Jerusalem Post (26 de janeiro de 1989).
54 Suplemento 18 do Relatório da Comissão de Conciliação Palestina para os Registros
Oficiais da Sexta Sessão da Assembléia (A/1985), citado em Pablo Azcarate. Mission
in Palestine, 1948-1952. District of Columbia: Middle East Institute, 1996, pág. 177.
55 Moshe Sharett. Israel Positions and Problems. Middle Eastern Affairs (maio de 1952),
pág. 136.
56 Jornal libanês Al Said (16 de abril de 1950), citado em Prittie em Curtis, pág. 69.
57 The Writings of Benjamin Franklin. New York: The Macmillan Company, 1905, pág. 626.
58 Relatório do Comissário-Geral da Agência de Auxílio e Trabalho das Nações
Unidas (UNRWA) para os Refugiados Palestinos no Oriente Próximo, 1 de julho de
2000 a 30 junho de 2001.
59 Discurso no Parlamento, 24 de abril de 1950, Abdallah Memoirs, pág. 13; Aaron Miller.
The Arab States and the Palestine Question. District of Columbia: Center for
Strategic and International Studies, 1986, pág. 29.
60 Leibler, pág. 48.
61 Prittie em Curtis, pág. 55.
62 UNRWA.
63 Musa Alami. The Lesson of Palestine. Middle East Journal (outubro de 1949), pág. 386.
64 UNRWA.
65 Schechtman, pág. 220.
66 Des Moines Register, editorial (16 de janeiro de 1952).
67 Jerusalem Report (26 de março de 2001).
68 New York Times, editorial (14 de maio de 1967).
69 Leibler, pág. 45.
70 UNRWA Annual Reports (1 de julho de 1966 a 30 de junho de 1967), pág. 11-19;
(1 de julho de 1967 a 30 de junho de 1968), pág. 4-10; (1 de julho de 1968 a 30
de junho de 1969), pág. 6; (1 de julho de 1971 a 30 de junho de 1972), pág. 3.
71 Maurice Romani. The Case of The Jews from the Arab Countries: A Neglected Issue.
Tel-Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries, 1977, pág. 34.
72 Paul McCann, carta ao editor do The Weekly Standard (28 de maio de 2002).
73 Isabel Kershner, "The Refugees Choice?, Jerusalem Report (12 de agosto de 2002), pág. 24.
74 David Tell, resposta a McCann, The Weekly Standard (28 de maio de 2002).
14. Os Refugiados
"Um milhão de palestinos foram
expulsos por Israel entre 1947 e 1949".
FATO
Os palestinos deixaram seus lares entre 1947 e 1949 por uma série de
razões. Prevendo uma guerra, milhares de árabes ricos se foram, outros
milhares foram convencidos por seus líderes a saírem do caminho dos
exércitos invasores e alguns foram expulsos de casa. A maioria simplesmente
fugiu para não ficar no fogo cruzado de uma batalha.
Muitos árabes afirmam que entre 800 mil e um milhão de palestinos
tornaram-se refugiados entre 1947 e 1949. O último censo feito pelos
britânicos, em 1945, encontrou 1,2 milhão de árabes residentes permanentes
na Palestina. Um censo do governo de Israel de 1949 contou 160 mil árabes
vivendo no país após a guerra. Em 1947, 809.100 árabes viviam na mesma
área.1 Isso significa que não mais que 650 mil árabes palestinos poderiam ter
se tornado refugiados. Um relatório do mediador das Nações Unidas para a
Palestina chegou a um número ainda menor (472 mil) e calculou que apenas
360 mil refugiados árabes necessitavam de auxílio.2
Embora tenha se ouvido falar muita coisa sobre a situação dos refugiados
palestinos, pouco se diz sobre os judeus que fugiram dos países árabes. Durante
os debates das Nações Unidas em 1947, os líderes árabes os ameaçaram. Por
exemplo, o delegado do Egito afirmou na Assembléia Geral: "A vida de um milhão
de judeus nos países muçulmanos seria posta em perigo com a partilha".3
O número de judeus que fugiram dos países árabes nos anos que se seguiram
à independência de Israel foi quase o dobro do de árabes que deixaram a
Palestina. Muitos judeus só tiveram permissão para levar pouco mais do que
a roupa do corpo. Esses refugiados não desejavam ser repatriados. Pouco se
sabe deles porque não permaneceram como refugiados por muito tempo.
Dos 820 mil refugiados judeus entre 1948 e 1972, 586 mil foram reassentados
em Israel a um custo muito alto e sem qualquer compensação dos
governos árabes que confiscaram seus patrimônios.4 Em conseqüência disso,
Israel sustenta que qualquer acordo para compensar os refugiados palestinos
também deve incluir a compensação árabe pelos refugiados judeus. Até
agora os países árabes têm se recusado a pagar qualquer quantia às centenas
de milhares de judeus que foram obrigados a abandonar suas propriedades
naqueles países. Até novembro de 2003, 101 das 681 resoluções da ONU
sobre o conflito do Oriente Médio referiram-se diretamente aos refugiados
palestinos. Nenhuma mencionou os refugiados judeus dos países árabes.5
O contraste entre a recepção a refugiados judeus e palestinos é ainda maior
quando se leva em conta a diferença no deslocamento cultural e geográfico
experimentado pelos dois grupos. A maioria dos refugiados judeus viajou
centenas – alguns viajaram milhares – de quilômetros até um pequeno país
cujos habitantes falavam um língua diferente. A maioria dos refugiados
árabes jamais saiu de fato da Palestina; eles viajaram uns poucos quilômetros
até o outro lado da linha de armistício, permanecendo dentro da vasta nação
árabe da qual são parte lingüística, cultural e étnica.
MITO
"Os judeus deixaram claro, desde o início, que não
tinham intenção de viver em paz com seus vizinhos árabes".
FATO
Em numerosas ocasiões, os líderes judeus aconselharam os árabes a
permanecer na Palestina e a se tornarem cidadãos de Israel. A Assembléia
dos Judeus Palestinos apresentou esse apelo em 2 de outubro de 1947:
"Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para manter a paz
e estabelecer uma cooperação benéfica a ambos (judeus e árabes).
É agora, aqui e agora, a partir de Jerusalém, que deve partir um
chamado às nações árabes para unir forças com os judeus e o
futuro Estado judeu e trabalhar lado a lado por nosso bem comum,
pela paz e pelo progresso de soberanias equivalentes."6
Em dia 30 de novembro, dia seguinte à aprovação da partilha na ONU, a
Agência Judaica anunciou: "Por trás das celebrações espontâneas que
estamos testemunhando hoje está o desejo de nossa comunidade de buscar
a paz e sua determinação de alcançar uma cooperação frutífera com os
árabes..." 7
A proclamação da independência de Israel, em 14 de maio de 1948, também
convidou os palestinos a permanecer em seus lares e a se tornar cidadãos
em igualdade de condições no novo país:
"Em meio a uma agressão gratuita, não obstante, clamamos aos
habitantes árabes do Estado de Israel a preservar os caminhos
para a paz e fazer a sua parte no desenvolvimento do país, com
base numa cidadania plena e igualitária e por intermédio de
representatividade em todos os organismos e instituições...
Estendemos nossas mãos num gesto de paz e boa vizinhança a
todos os países vizinhos e a seus povos e os convidamos a cooperar
com a nação judaica independente pelo bem comum de todos".
MITO
"Os judeus criaram o problema dos
refugiados ao expulsar os palestinos".
FATO
Se os árabes tivessem aceitado a resolução da ONU de 1947, nenhum
palestino teria se tornado refugiado e existiria agora um país árabe
independente ao lado de Israel. A responsabilidade pelo problema dos
refugiados é dos árabes. O êxodo árabe começou nas semanas seguintes ao
anúncio da partilha do território pelas ONU. Os primeiros a deixar o país
foram 30 mil árabes ricos que previram a guerra iminente e fugiram para os
países vizinhos para esperar o fim das batalhas. Os menos abastados de
cidades mistas da Palestina se mudaram para outras totalmente árabes e
foram morar com parentes e amigos. (8) No fim de janeiro de 1948, o êxodo
era tão alarmante que o Supremo Comitê da Palestina Árabe pediu aos países
árabes vizinhos que se recusassem a fornecer vistos de entrada a esses
refugiados e lhes fechassem suas fronteiras.9
Em 30 de janeiro de 1948, o jornal Ash Sha’ab, da cidade de Iafo, publicou:
"Os desertores abandonam suas casas e seus negócios e vão viver em outro
lugar qualquer... Ao primeiro sinal de problemas, colocam o pé na estrada
para não compartilhar o fardo da luta".10
Outro jornal de Iafo, As Sarih (30 de março de 1948), criticou os habitantes
dos povoados árabes próximos a Tel-Aviv por "trazerem desgraça a todos nós
ao abandonar os povoados".11
Enquanto isso, um líder do Comitê Nacional Árabe em Haifa, Hajj Nimer el-
Khatib, afirmou que soldados árabes em Iafo estavam maltratando os
residentes. "Eles roubavam pessoas e lares. A vida tinha pouco valor e a
honra das mulheres era manchada. Esse estado de coisas levou muitos
residentes (árabes) a deixarem a cidade sob proteção de tanques britânicos".12
John Bagot Glubb, comandante da Legião Árabe da Jordânia, afirmou: "Com
freqüência, os povoados eram abandonados ainda antes de serem ameaçados
pelo avanço da guerra".13
As reportagens da época não mencionaram qualquer caso de expulsão de
árabes pelas forças judaicas. Referem-se aos árabes sempre como pessoas
que estavam fugindo. Enquanto os sionistas são acusados de "expulsar e
desapropriar" os habitantes árabes de cidades como Tiberíades e Haifa, a
verdade é bem diferente. De acordo com o plano de partilha das Nações
Unidas, as duas cidades estavam dentro das fronteiras do Estado judeu e
tanto judeus como árabes lutaram por elas. As forças judaicas tomaram
Tiberíades em 19 de abril de 1948 e toda a população de seis mil árabes foi
retirada sob supervisão militar britânica. Posteriormente, o Conselho da
Comunidade Judaica publicou a seguinte declaração: "Não os desapropriamos;
eles mesmos optaram por isso (...) Que nenhum cidadão toque em suas
propriedades".14
No início de abril, 25 mil árabes deixaram a região de Haifa após uma ofensiva
das forças irregulares lideradas por Fawzi al-Cawukji, ao ouvirem rumores de
que aviões árabes estavam prestes a bombardear as áreas judaicas ao redor
do Monte Carmelo.15 Em 23 de abril, a Haganá (força de defesa de Israel)
tomou Haifa. Um relatório da polícia britânica de Haifa, datado de 26 de abril,
explicava que "todo esforço está sendo feito pelos judeus para persuadir a
população árabe a permanecer e a seguir seu ritmo de vida normal, manter
suas lojas e seus negócios abertos com a garantia de que suas vidas e
interesses estarão a salvo".16
De fato, David Ben-Gurion enviou Golda Meir16a a Haifa para tentar persuadir
os árabes a ficar, mas ela foi incapaz de convencê-los porque estavam com
medo de serem considerados traidores da causa árabe.17 No fim da batalha,
mais de 50 mil palestinos haviam partido.
Em Tiberíades e Haifa, a Haganá ordenou que não se poderia tocar em qualquer
patrimônio dos árabes e advertiu que quem quer que violasse as ordens seria
severamente punido. Apesar desses esforços, entre cinco mil e seis mil árabes
deixaram Haifa, muitos deles transportados por veículos militares britânicos.
O delegado da Síria nas Nações Unidas, Faris el-Khouri, interrompeu o debate
sobre a Palestina para descrever a tomada de Haifa como um massacre e
afirmou que essa ação era "ainda mais uma evidência de que, no caso de se
efetuar a partilha, o ‘programa sionista’ consistia em aniquilar os árabes que
estão dentro do Estado judeu".18
Entretanto, no dia seguinte, o representante britânico nas Nações Unidas,
sir Alexander Cadogan, afirmou aos delegados que o combate em Haifa
havia sido provocado pelos ataques intermitentes de árabes contra judeus
alguns dias antes e que os relatos de massacres e deportações não condiziam
com a verdade.19
"Dezenas de milhares de árabes, homens, mulheres e crianças,
fugiram para os subúrbios orientais da cidade em automóveis,
caminhões, carretas e a pé, em uma tentativa desesperada de
alcançar um território árabe antes que os judeus tomassem a
Ponte de Rushmiya e os impedissem de chegar a Samaria e ao
norte da Palestina. Milhares se apressaram a tomar toda
embarcação disponível – inclusive barcos a remo a fim de escapar
para a cidade de Acre".
- New York Times Times, (23 de abril de 1948).
Neste mesmo dia (23/4), Jamal Husseini, presidente do Supremo Comitê
Palestino, disse no Conselho de Segurança das Nações Unidas que, em vez
de aceitar a oferta de trégua da Haganá, os árabes "preferiram abandonar
suas casas, pertences e tudo o que possuíam no mundo e deixar a cidade".20
O cônsul-geral dos EUA em Haifa, Aubrey Lippincott, escreveu em 22 de
abril de 1948 que "os líderes árabes locais dominados pelo Mufti" estavam
exortando "todos os árabes a abandonarem a cidade, e um grande contingente
deles assim o fez".21
Uma ordem do exército emitida em 6 de julho de 1948 deixava claro que as
cidades e povoados árabes não seriam demolidos ou queimados, tampouco
os habitantes árabes seriam expulsos de seus lares.22 De fato, a Haganá
empreendeu uma guerra psicológica para estimular os árabes a abandonarem
alguns povoados. Igal Alon, comandante da Palmach (a tropa de choque da
Haganá), admitiu que os árabes de povoados vizinhos foram convencidos a
sair porque um grande exército judeu estava na Galiléia com a intenção de
atear fogo nos povoados árabes, na região do Lago Hula. Eles disseram aos
árabes para que partissem enquanto era tempo e, segundo Alon, foi isso
exatamente o que fizeram.23
No exemplo mais dramático, na área de Ramle-Lod, soldados israelenses que
tentavam proteger seus flancos e aliviar a pressão sobre Jerusalém sitiada
forçaram parte da população árabe a se deslocar para uma área a alguns
quilômetros de distância, que estava ocupada pela Legião Árabe. "As duas
cidades serviram como bases para unidades árabes irregulares que atacavam
freqüentemente comboios e assentamentos judeus nas proximidades,
barrando efetivamente a passagem de judeus pela rodovia principal para
Jerusalém".24
Como ficou claro nas reportagens sobre o que ocorrera nas cidades que
concentravam as maiores populações árabes, esses casos foram excepcionais
e resultaram numa pequena fração dos refugiados palestinos.
MITO
"A invasão árabe teve pouco impacto sobre os palestinos".
FATO
Assim que começou a invasão, em maio de 1948, a maioria dos árabes
remanescentes na Palestina partiu para países vizinhos. Surpreendentemente,
em vez de agir como uma "quinta-coluna" estrategicamente valiosa
para combater os judeus desde Israel, os palestinos optaram por buscar a
segurança em países árabes, confiantes de poder retornar em breve. Um
líder nacionalista palestino da época, Musa Alami, revelou a atitude dos
árabes que fugiam:
perderam tudo. Todavia, permaneceu uma sólida esperança: os
exércitos árabes estariam prestes a entrar na Palestina para salvar
o país, fazendo com que as coisas retomassem o seu curso normal;
iriam punir o agressor e lançar o sionismo opressivo, com seus
sonhos e perigos, ao mar. Em 14 de maio de 1948, uma multidão
de árabes estava nas estradas que conduziam às fronteiras da
Palestina, saudando com entusiasmo os exércitos que avançavam.
Passaram-se dias e semanas suficientes para o cumprimento da
sagrada missão, mas os exércitos árabes não salvaram o país.
Pelo contrário, perderam as cidades de Acre, Sarafand, Lyda,
Ramle e Nazaré, a maior parte do sul e o restante do norte. Então,
a esperança se foi." (Middle East Journal, outubro de 1949)
Assim que as batalhas chegaram às áreas antes tranqüilas, os árabes passaram
a vislumbrar a possibilidade da derrota. Quando isso se converteu em realidade,
o êxodo aumentou – mais de 300 mil partiram depois de 15 de maio – e 160
mil árabes ficaram no Estado de Israel.25
Embora a maior parte dos árabes tivesse partido em novembro de 1948,
houve aqueles que optaram por ir embora mesmo após o fim das hostilidades.
Um caso interessante foi a retirada de três mil árabes de Faluja, um povoado
situado entre Tel-Aviv e Beer Sheva:
"Observadores acreditam que, com uma orientação adequada
após o armistício israelense-egípcio, a população árabe poderia
ter permanecido numa situação privilegiada. Eles declaram que o
governo israelense lhes deu garantias de segurança pessoal e de
propriedade. Entretanto, nenhum esforço foi feito pelo Egito, pela
Transjordânia e nem mesmo pela Comissão de Conciliação para
a Palestina, das Nações Unidas, para orientar os árabes de Faluja em
uma direção ou outra". (New York Times, 4 de março de 1949)
MITO
"Os líderes árabes jamais estimularam os palestinos a fugir".
FATO
Há uma enormidade de provas demonstrando que os palestinos foram estimulados
a deixar seus lares para abrir caminho aos exércitos árabes invasores.
"O problema (dos refugiados) é conseqüência direta da guerra
que os palestinos – e os países árabes ao redor – têm lançado".
- Benny Morris, historiador israelense
A revista The Economist, crítica freqüente dos sionistas, publicou em 2 de
outubro de 1948: "De 62 mil árabes que antes viviam em Haifa, não há mais
do que cinco mil ou seis mil. Diversos fatores influenciaram sua decisão de
buscar segurança na fuga. Há poucas dúvidas de que os fatores mais fortes
foram os anúncios feitos via rádio pelo Supremo Executivo Árabe, exortando
os árabes a partir... Era dito claramente que os árabes que permanecessem
em Haifa e aceitassem a proteção dos judeus seriam considerados renegados".
A reportagem da batalha por Haifa pela revista Time (3 de maio de 1948) foi
semelhante: "A retirada em massa, provocada em parte por medo, em parte
por ordens dos líderes árabes, converteu o bairro árabe de Haifa numa cidade
fantasma... Com a retirada dos trabalhadores árabes, seus líderes esperavam
paralisar Haifa".
Benny Morris, o historiador que documentou esses acontecimentos, descobriu
que os líderes árabes estimulavam seus correligionários a partir. O Comitê
Nacional Árabe de Jerusalém, seguindo instruções do Supremo Comitê Árabe
de 8 de março de 1948, ordenou que mulheres, crianças e idosos de diversas
partes de Jerusalém abandonassem suas casas: "Qualquer oposição a esta
ordem (...) é um obstáculo à guerra santa (...) e impedirá as operações dos
combatentes nesses distritos" (Middle Eastern Studies, janeiro de 1986).
Morris contou também que, no início de maio, unidades da Legião Árabe
haviam ordenado a saída de todas as mulheres e crianças da cidade de
Beisan. O Exército de Libertação Árabe também informou que ordenara a
evacuação de outro povoado ao sul de Haifa. Segundo Morris, a saída de
mulheres e crianças tinha o objetivo de "causar desânimo nos homens que
haviam sido deixados para trás, a fim de guardar os lares e campos,
contribuindo, em última instância, para a evacuação final dos povoados.
Esse tipo de retirada em duas fases – mulheres e crianças primeiro; os
homens em seguida, semanas depois – ocorreu em Cumía, no Vale de Izreêl,
entre os beduínos de Awarna, na Baía de Haifa e em diversos outros lugares".
Quem deu essas ordens? Líderes como o primeiro-ministro iraquiano Nuri
Said, que declarou: "Esmagaremos o país com nossas armas e arrasaremos
qualquer lugar onde os judeus procurem refúgio. Os árabes devem levar
suas mulheres e filhos para locais seguros até que o combate tenha terminado".26
Edward Atiyah, secretário do Escritório da Liga Árabe em Londres, escreveu
em seu livro Os árabes: "Esse êxodo em massa ocorreu em parte incentivado
pela imprensa árabe, em parte por declarações irresponsáveis de alguns
líderes árabes, garantindo que seria apenas uma questão de semanas para
que os judeus fossem derrotados pelos exércitos dos países árabes e os
palestinos pudessem retornar e recobrar a posse do seu país".27
Em suas memórias, Haled al Azm, o primeiro-ministro sírio em
1948-49, também admitiu o papel dos árabes na tarefa de
persuadir os refugiados a partir:
"Desde 1948 estamos exigindoo retorno dos refugiados a seus lares. No entanto,
somos os primeiros a estimulá-los a partir. Apenas uns poucos meses
separaram a convocação que lhes fizemos para partir e o nosso
apelo às Nações Unidas para deliberar sobre o seu retorno".28
"Os refugiados acreditavam que sua ausência não duraria muito e que
estariam de volta em uma ou duas semanas", declarou o monsenhor George
Hakim, um bispo da Igreja Católica Ortodoxa Grega da Galiléia, ao jornal de
Beirute Sada al-Janub (16 de agosto de 1948). "Seus líderes lhes prometeram
que os exércitos árabes esmagariam as ‘gangues sionistas’ rapidamente e
que não havia qualquer motivo para pânico ou temor de um longo exílio".
Em 3 de abril de 1949, a Estação de Transmissão do Oriente Próximo (Chipre)
afirmou: "Não se deve esquecer que o Supremo Comitê Árabe estimulou a
fuga dos refugiados de seus lares em Iafo, Haifa e Jerusalém".29
"Os países árabes estimularam os palestinos a abandonar seus lares
temporariamente a fim de abrir caminho para os exércitos árabes invasores",
conforme o jornal jordaniano Filastin (19 de fevereiro de 1949).
Um refugiado citado no jornal jordaniano Ad Difaa (6 de setembro de 1954)
afirmou: "O governo árabe nos disse: ‘Saiam para que possamos entrar’. Por
isso saímos, mas eles não entraram".
"O secretário-geral da Liga Árabe, Azam Pasha, garantiu aos povos árabes
que a ocupação da Palestina e de Tel-Aviv seria tão simples quanto um
desfile militar", afirmou Habib Issa ao jornal libanês nova-iorquino Al Hoda
(8 de junho de 1951). "Ele salientou que eles já estavam nas fronteiras e
todos os milhões que os judeus haviam investido nas terras e no
desenvolvimento econômico seriam facilmente espoliados, pois seria uma
simples questão de lançá-los judeus no Mediterrâneo (...) Os árabes da
Palestina foram aconselhados fraternalmente a deixar sua terra, lares e
propriedades e se estabelecer temporariamente nos países-irmãos vizinhos,
para não deixar que as armas dos exércitos árabes invasores os arrasassem".
O temor dos árabes foi naturalmente exacerbado por relatos fabricados de atrocidades
judaicas após o ataque a Deir Iassin. A população nativa carecia de líderes
que pudessem acalmá-los; seus porta-vozes, como o Supremo Comitê Árabe,
operavam em segurança desde países vizinhos e preferiam mais elevar seus
temores que aplacá-los. Os líderes militares locais ofereciam pouco ou nenhum
conforto. Numa dada situação, o comandante das tropas árabes em Safed foi
a Damasco. No dia seguinte, seus soldados se retiraram da cidade. Quando os
residentes se deram conta de que estavam indefesos, fugiram em pânico.30
Segundo o doutor Walid al-Camhawi, ex-membro do Comitê Executivo da OLP,
"foi o medo coletivo, a desintegração moral e o caos generalizado que levaram
os árabes de Tiberíades, Haifa e de dezenas de cidades e povoados ao exílio".31
Enquanto o pânico se espalhava pela Palestina, a gota inicial de refugiados se
converteu numa inundação cujos números alcançaram mais de 200 mil na
época em que o governo provisório declarou a independência do Estado de
Israel. Até mesmo o rei Abdula da Jordânia, ao escrever suas memórias, culpou
os líderes palestinos pelo problema dos refugiados: "A tragédia dos palestinos
foi que a maioria dos seus líderes os deixou paralisados com promessas, falsas
e infundadas, de que não estavam sós; que 80 milhões de árabes e 400
milhões de muçulmanos viriam instantânea e milagrosamente resgatá-los".32
"Os exércitos árabes entraram na Palestina para proteger os
palestinos da tirania sionista; todavia, ao invés disso, eles os
abandonaram, forçando-os a emigrar e deixar sua terra natal, e
os lançaram em prisões semelhantes aos guetos nos quais os
judeus costumavam viver".
- Mahmud Abbas ("Abu Mazen"),
ex-primeiro-ministro da Autoridade Palestina33
MITO
"Os palestinos tiveram que fugir para não ser
massacrados como os habitantes do povoado de Deir Iassin".
FATO
As Nações Unidas decidiram que Jerusalém seria uma cidade internacional
à parte dos países, árabe e judeu, demarcados na resolução da partilha. Os
150 mil habitantes judeus estavam sob constante pressão militar; os 2.500
judeus que viviam na Cidade Velha eram vítimas de um bloqueio árabe que
durou cinco meses antes de ser obrigado a se render em 29 de maio de 1948.
Antes da rendição e ao longo do período em que Jerusalém esteve sitiada,
comboios judeus tentavam chegar à cidade para aliviar a escassez de alimentos
que, em abril, havia se tornado crítica.
Enquanto isso, as forças árabes, que haviam se empenhado em emboscadas
esporádicas e desorganizadas desde dezembro de 1947, passaram a fazer
um esforço organizado para interromper a passagem pela rodovia que liga
Tel-Aviv a Jerusalém – a única rota de suprimentos da cidade. Os árabes
controlavam vários pontos estratégicos, o que lhes permitia ter uma ampla
visão da rodovia e atirar sobre os comboios que tentavam chegar à cidade
sitiada com suprimentos. Deir Iassin, situada numa colina de 800 metros de
altura, onde havia uma visão panorâmica dos arredores, localizava-se a
menos de 1,6 km dos subúrbios de Jerusalém e tinha 750 habitantes.34
Em 6 de abril foi lançada a Operação Nachshón, cujo objetivo era abrir a rodovia
para Jerusalém. Deir Iassin foi incluído na lista de aldeias árabes a serem
ocupadas como parte da operação. No dia seguinte, o comandante David
Shaltiel, da Haganá, escreveu aos líderes do Lechi e Irgun:
"Soube que vocês planejam um ataque a Deir Iassin. Gostaria de
destacar que a captura desse povoado e das adjacências é um
estágio do nosso plano geral. Não me oponho que levem a
operação adiante, desde que estejam aptos a manter o povoado.
Caso não sejam capazes disso, advirto: não explodam a aldeia,
senão os moradores irão abandoná-la e, depois, as ruínas e as
casas desertas serão ocupadas por forças estrangeiras..." Além
do mais, se essas tomarem posse do povoado, isso frustrará nosso
plano de construir uma pista de aviação".35
O Irgun (Irgun Tsevai Leumi – Organização Militar Nacional) decidiu atacar
Deir Iassin em 9 de abril, enquanto a Haganá ainda estava envolvida na
batalha por Castel. Esse foi o primeiro grande ataque do Irgun contra os
árabes. Antes, o Irgun e o Lechi (Lochamê Cherut Israel – Combatentes
pela Liberdade de Israel) haviam concentrado seus ataques contra os
britânicos.
Segundo o líder do Irgun, Menahem Begin, o ataque foi feito por cem
integrantes da organização; outros autores dizem que havia algo como 132
homens de ambos os grupos. Begin declarou que um pequeno caminhão
aberto, equipado com um alto-falante, foi conduzido até a entrada do povoado
antes do ataque e transmitiu uma advertência aos civis para que evacuassem
a área, o que muitos fizeram.36 A maioria dos autores afirma que essa
advertência nunca foi feita, pois o caminhão com o alto-falante caiu numa
vala antes que pudesse transmitir o aviso.37 Um dos combatentes afirmou
que a vala estava tampada e que o caminhão seguiu caminho até o povoado.
"Um de nós falou em árabe pelo alto-falante, dizendo aos habitantes para
que depusessem suas armas e fugissem. Não sei se eles ouviram, e sei que
esses apelos não surtiram efeito".38
Ao contrário de relatos posteriores, segundo os quais o povoado estava repleto
de pessoas inocentes e pacíficas, residentes e soldados estrangeiros abriram
fogo contra os atacantes. Um dos combatentes descreveu sua experiência:
"Minha unidade invadiu e alcançou a primeira fileira de casas.
Estava entre os primeiros a entrar no povoado. Havia uns poucos
rapazes comigo, cada um incentivando os demais a avançar. No
alto da rua vi um homem com roupas cáqui correndo adiante.
Pensei que fosse um dos nossos. Corri atrás e lhe disse: "Avance
até aquela casa". De repente ele se virou, apontou-me o seu rifle
e disparou. Era um soldado iraquiano. Fui ferido no pé".39
A batalha foi feroz e durou várias horas. O Irgun sofreu 41 baixas, incluindo
quatro mortos. Surpreendentemente, após o "massacre", o Irgun acompanhou
um representante da Cruz Vermelha pelo povoado e concedeu uma entrevista
coletiva. A descrição posterior da batalha, feita pelo New York Times, foi
essencialmente a mesma de Begin. O Times disse que mais de 200 árabes
foram mortos, 40 capturados e 70 mulheres e crianças libertadas. Nenhuma
indicação de massacre apareceu na reportagem.
"De maneira paradoxal, os judeus dizem que aproximadamente 250 dos 400
habitantes do povoado foram mortos, enquanto os árabes sobreviventes
dizem que foram somente 110 de mil".40 Um estudo da Universidade Bir Zeit,
baseado em conversas com cada família do povoado, apontou 107 árabes
civis mortos e 12 feridos, além de 13 "combatentes", provando que o número
de mortos foi menor do que se dizia e que o povoado tinha de fato tropas
estacionadas ali.41 Posteriormente, outras fontes árabes sugeriram que o
número pode ter sido ainda menor".42
Na realidade, os atacantes deixaram aberto, a partir da aldeia, um corredor
de fuga e mais de 200 residentes saíram ilesos. Por exemplo, às 9h30, por
volta de cinco horas após o início do combate, o Lechi evacuou 40 idosos,
mulheres e crianças em caminhões e os levou para uma base em Sheik
Bader. Mais tarde, os árabes foram levados a Jerusalém Oriental. Vê-los em
poder dos judeus também ajudou a levantar o moral dos habitantes de
Jerusalém, que estavam desanimados com os reveses nos combates até
aquele momento.43 Outra fonte afirma que 70 mulheres e crianças foram
retiradas e entregues aos britânicos.44 Caso a intenção tivesse sido massacrar
os habitantes, ninguém teria sido retirado de casa.
Depois que os árabes remanescentes fingiram se render e, então, passaram
a atirar contra os soldados judeus, alguns destes mataram soldados e civis
árabes indiscriminadamente. Nenhuma das fontes especifica quantas
mulheres e crianças foram mortas (a reportagem do Times fala em
aproximadamente metade das vítimas; o número inicial de baixas foi obtido
a partir de fontes do Irgun).
Pelo menos uma parte das mulheres mortas se converteu em alvo porque
alguns homens tentaram se passar por mulheres. Por exemplo, o comandante
do Irgun relatou que os atacantes "encontraram homens vestidos como
mulheres e, por isso, passaram a atirar nas mulheres que não se apressavam
em descer para o local designado a reunir os prisioneiros".45 Outro membro da
Haganá contou o que ouviu de um grupo de árabes de Deir Iassin que diziam:
"Os judeus descobriram que alguns combatentes árabes haviam se disfarçado
de mulher. Eles então passaram a examinar também as mulheres. Um dos
homens que estava sendo examinado, ao perceber que fora descoberto, sacou
um revólver e disparou contra o comandante judeu, cujos amigos, enfurecidos,
dispararam em todas as direções e mataram os árabes que estavam na área".46
Ao contrário do que alegavam os propagandistas árabes da época, e desde
então, jamais foram apresentadas provas de que alguma mulher tenha sido
violentada. Pelo contrário, todo aldeão entrevistado negou tais alegações.
Assim como muitas das denúncias, isso era deliberadamente um golpe baixo
de propaganda, mas o tiro saiu pela culatra. Hazam Nusseibi, que em 1948
trabalhava para o Serviço de Transmissão Palestino, admitiu ter recebido um
pedido de Hussein Khalidi, um líder árabe palestino, para fabricar denúncias
de atrocidades. Abu Mahmud, então residente de Deir Iassin, disse a Khalidi
que "não houve estupro", mas este respondeu: "Temos que dizer isso para
que os exércitos árabes venham libertar a Palestina dos judeus".
Cinquenta anos depois, Nusseibe contou à BBC: "Esse foi o nosso maior erro. Não
sabíamos como nosso povo reagiria. Assim que ouviram dizer que as mulheres
haviam sido violentadas em Deir Iassin, os palestinos fugiram aterrorizados".47
Ao tomar ciência do ataque, a Agência Judaica expressou imediatamente o
seu "horror e repulsa" e enviou uma carta ao rei Abdula, da Transjordânia,
expressando sua comoção e sua reprovação.
O Supremo Comitê Árabe esperava que relatos exagerados de um "massacre"
em Deir Iassin fossem induzir a população dos países árabes a pressionar
seus governos para intervir na Palestina. Em vez disso, o impacto imediato
foi estimular um novo êxodo palestino.
Apenas quatro dias depois da publicação dos relatos de Deir Iassin, uma força
militar árabe emboscou um comboio que ia para o Hospital Hadassa, matando
77 judeus, entre eles médicos, enfermeiras, pacientes e o diretor do hospital.
Ficaram feridas 23 pessoas. Esse massacre atraiu pouca atenção e nunca é
mencionado pelos que são sempre rápidos em trazer Deir Iassin à tona. Além
disso, apesar de ataques como esse contra a comunidade judaica da Palestina,
onde mais de 500 judeus foram mortos nos primeiros quatro meses após a
decisão sobre a partilha, os judeus não fugiram.
Os palestinos sabiam, apesar da sua retórica em contrário, que os judeus não
tinham a intenção de aniquilá-los; se assim fosse, não teriam lhes permitido
sair de Tiberíades, Haifa ou de qualquer outra cidade. Além disso, os palestinos
podiam encontrar refúgio nos países vizinhos. Os judeus, entretanto, mesmo
que quisessem, não tinham para onde correr. Eles estavam decididos a lutar
até a morte por seu país e isso se tornou uma convicção para muitos, pois os
árabes estavam interessados em aniquilar os judeus, tal como o secretáriogeral
da Liga Árabe, Azam Pasha, deixou claro numa entrevista à BBC na
véspera da guerra (15 de maio de 1948). "Os árabes pretendem conduzir
uma guerra de extermínio e um massacre instantâneo do qual se falará da
mesma maneira como se fala dos massacres mongóis e das Cruzadas".
As referências a Deir Iassin permanecem sendo um elemento de propaganda
anti-Israel por décadas porque foi uma exceção à regra.