Palestina Livre
O jornal O Globo traz em sua edição do dia 3 de abril de 2015 uma chamada de capa sobre o programa nuclear iraniano. O jornal, repetindo as afirmações de Obama e da Casa Branca, classifica o acordo como uma "vitória da diplomacia" e como o "primeiro passo para a paz".
O tom é o oposto do que se vê na imprensa árabe, que afirma que o acordo é apenas um apaziguamento e que permitirá que o Irã obtenha armamento nuclear. E tudo isso por causa da busca de Obama por glória e por um legado.
Salah al-Mukhtar, Agência de Notícias Amnon / صلاح المختار، وكالة عمون الاخبارية
"Este é um acordo perigoso ... [ele] fornece ao Irã o que ele mais necessita para prosseguir com suas guerras e expansionismo contra os árabes: dinheiro"
(أيها العرب عدوتكم اسرائيل الشرقية "ايران")
Hassan al-Barari, jornal al-Sharq / حسن البراري، صحيفة الشرق
"O Irã tem tentado intervir no Iraque, Líbano e Síria, e está vendo que não está pagando por isso ... Há também em Teerã um sentimento de que os EUA estão evitando um confronto militar com os iranianos."
(لدرء الخطر الأكبر)
Os árabes, especialmente os que vivem no Golfo, consideram o acordo como um sinal de "fraqueza" do EUA e como uma luz verde para que o Irã prossiga com o seu regime "expansionista" no mundo árabe.
"Alguns países árabes se opõem ao acordo nuclear porque ele representa uma ameaça aos seus interesses", disse o jornal egípcio Al-Wafd, em um artigo intitulado "Acordo de Obama com o Irã ameaça mundo árabe." (سياسيون: اتفاق أوباما مع إيران يهدد العالم العربي)
O jornal citou Hani al-Jamal, um pesquisador político egípcio, dizendo que o acordo significa que a comunidade internacional aceitou o Irã como uma potência nuclear. Ele previu que o acordo irá colocar o Irã e alguns países árabes, como Arábia Saudita e o Egito, em rota de colisão.
Jihad Odeh, um professor egípcio de ciência política, disse que as "realizações de Obama são projetadas para desmantelar o mundo árabe. Obama quer conquistar realizações históricas antes do fim de seu mandato, destruindo a al-Qaeda, buscando uma aproximação com Cuba e conseguindo um acordo nuclear com o Irã."
أن أوباما يريد أن يحقق إنجازات يسردها له التاريخ قبل انتهاء مدة ولايته الرئاسية عام 2016 عن طريق القضاء على القاعدة والتقارب مع كوبا والوصول الى اتفاق بخصوص النووى الإيرانى, مؤكداً أن إنجازات أوباما تهدف إلى تفكيك العالم العربى .
Ecoando o medo generalizado entre os árabes quanto as ambições territoriais do Irã no Oriente Médio, o analista político Hassan al-Barari escreveu no jornal al-Sharq, do Qatar, contra a política de apaziguamento e de busca de glória pessoal conduzida por Barack Obama:
"O Irã tem tentado intervir no Iraque, Líbano e Síria e está vendo que não está pagando qualquer preço -- pelo contrário, há tentativas por parte das grandes potências de alcançar entendimentos com o Irã. Há também um sentimento em Teerã de que os EUA estão tentando evitar um confronto militar com os iranianos e seus aliados. Os países do Golfo aprenderam com as lições do passado em diversas áreas. A política de apaziguamento só trouxe mais guerras. Qualquer tipo de apaziguamento com o Irã só vai levá-lo a pedir mais e, provavelmente, se intrometer nos assuntos internos dos países árabes e aumentar a sua arrogância."
إيران بدورها جربت التدخل في العراق ولبنان وسوريا وهي ترى أنها لا تدفع ثمنا لذلك، بل على العكس هناك محاولات من قبل القوى الكبرى في العالم للتفاهم مع إيران.. كما أن هناك انطباعا لدى إيران يفيد بأن الولايات المتحدة تتجنب مواجهة عسكرية مع قواتها أو حتى الفصائل التي تحظى بالدعم الإيراني، وإذا كان الأمر هكذا فالأمر – وفقا للإيرانيين – سينطبق على اليمن!
ويبدو أن دول الخليج تعلمت من دروس التاريخ في مناطق مختلفة، فسياسة الاسترضاء لم تجلب يوما من الأيام إلا الحروب، وثبت للقاصي والداني أن أي نوع من الاسترضاء مع إيران سيقود الأخيرة لطلب المزيد وربما حتى التدخل في شؤون الدول العربية وممارسة الغطرسة
Salah al-Mukhtar, um colunista jordaniano, escreveu um artigo intitulado "Oh árabes, acordem! Seu inimigo é o Irã", no qual ele acusa os EUA de facilitar as guerras de Teerã contra os países árabes.
Descrevendo o Irã como "Israel oriental", al-Mukhtar diz que o aspecto mais perigoso do acordo é que ele permite que o Irã continue com suas "guerras destrutivas" contra os árabes. "Este é um acordo perigoso, principalmente para Arábia Saudita e para as forças de oposição no Iraque e na Síria", o colunista jordaniano advertiu.
"Este acordo oferece ao Irã o que ele necessita para prosseguir com suas guerras e expansionismo contra os árabes: dinheiro. Acabar com as sanções é a maneira que a América tem para apoiar as guerras perigosas e diretas contra os árabes, o término das sanções também fornece aos iranianos os fundos necessários para alavancar seu avanço persa. Os EUA querem drenar a Arábia Saudita e os Estados Árabes do Golfo, em uma preparação para dividi-los."
O jornal libanês Daily Star, em um editorial intitulado "Um acordo ou legado?", tambémexpressou ceticismo em relação ao acordo nuclear:
"Como toda essa conversa de que este acordo vai contribuir para tornar o mundo mais seguro... se Obama está realmente preocupado com seu legado, especialmente no Oriente Médio, ele deve agora trabalhar com o Irã e incentivá-lo a se tornar, mais uma vez, um membro normal da comunidade internacional, e não um país que patrocina conflitos, seja diretamente ou através de seus aliados, em toda a região. Caso contrário, este acordo só deixaria o Irã maisencorajado em seu projeto expansionista".
Já Maryam Rajavi, a presidente do Conselho Nacional da Resistência iraniano, foi ainda mais clara, e afirmou que:
A declaração de generalidades, sem a assinatura e aprovação oficial do líder espiritual [aiatolá] Khamenei, não bloqueia o caminho de Teerã rumo a uma bomba nuclear, nem impede as suas fraudes.
Continuar as conversações com o fascismo religioso no Irã - como parte de uma política de apaziguamento - não vai proteger a região e mundo da ameaça da proliferação nuclear.
Obedecer as resoluções do Conselho de Segurança da ONU é a única maneira de bloquear os mulás [líderes religiosos] de obter armas nucleares.
Leniência e concessões injustificadas por parte do P5 + 1 para o regime menos confiável do mundo só concede mais tempo e agrava ainda mais os perigos que ele representa para o povo iraniano, para a região e para o resto do mundo.