quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O fundador do terrorismo

Artigo escrito pelo jornalista Jorge Pontual em resposta a uma carta aberta assinada por Noam Chomsky, José Saramago, John Berger e Harold Pinter

Haj Amin al-Husseini e Adolf Hitler (Dezembro 1941)


A carta assinada por Noam Chomsky, José Saramago, John Berger e Harold Pinter, citada no Montbläat 200, se refere às "terras dadas aos palestinos por acordos internacionais nos últimos setenta anos". O que nos leva a 1936, 12 anos antes da criação pela ONU do estado de Israel ao lado de um estado palestino - decisão aceita desde então por Israel, mas nunca pelos árabes. O que diabos teria acontecido em 1936?

Fui pesquisar e vi que foi o ano da grande insurreição árabe na Palestina, contra a presença dos judeus no território administrado então pelos britânicos. É o nascimento do "movimento palestino". Mas a que acordos internacionais os ilustres intelectuais se referem? Não achei referência a nenhum acordo internacional sobre a Palestina naquele ano. Talvez haja um engano de data, porque em 1941 houve um acordo, sim, entre o líder dos árabes da Palestina, o Grande Mufti de Jerusalém, e Adolf Hitler, o qual dava todas as terras da região aos árabes (a "libertação da Palestina") e previa o extermínio dos judeus.

A história do Grande Mufti é fascinante, e renderia nas mãos de alguém como Spielberg um grande filme. Uma história que explica o que hoje chamam de "jihad", um movimento fascista de extermínio étnico, que os incautos confundem com um movimento de libertação nacional dos árabes.

O que segue é um breve resumo da história do criador do terrorismo
islamo-nazista, o Grande Mufti de Jerusalém.

Em 1921, Mohammad Amin al-Husseini, então com 26 anos, herdou o título de Grande Mufti de Jerusalém, a maior autoridade muçulmana da cidade, em poder da família dele, a mais rica de Jerusalém. Ele colaborava com as autoridades britânicas, mas pregava a absorção da Palestina (então sob mandato britânico por decisão da Liga das Nações) pela Grande Síria (que então incluía o que é o hoje o Líbano e estava sob mandato da França).

Husseini fundou uma organização anti-sionista que lutava pela expulsão dos judeus da Palestina. Em 1929, ele foi acusado de instigar o massacre dos judeus que residiam há milênios em Hebron. Foram mortos 68 judeus e os sobreviventes fugiram de Hebron.

Em 1931, o Grande Mufti fundou o Congresso Islâmico Mundial, como parte de seu projeto de ser declarado Califa, ou seja, o líder mundial dos muçulmanos (posto hoje reivindicado por Osama Bin Laden). A primeira meta da organização era expulsar os judeus da Palestina.

Em abril de 1936, Husseini comandou a Grande Insurreição, que começou com uma greve geral. As exigências, apresentadas às autoridades britânicas, eram a proibição da imigração judaica e da venda de terras a judeus. Houve ataques aos kibbutzim e outras colônias judaicas, até que os britânicos derrotaram a rebelião. Husseini fugiu para o Líbano e depois para o Iraque.

A Grande Insurreição marcou o fim da integração de árabes e judeus na Palestina. Os judeus, tanto os que viviam ali há milênios quanto os que imigraram da Europa, estavam totalmente integrados na vida comercial, política e cultural da Palestina. Com a insurreição fomentada pelo Grande Mufti, as duas comunidades se separaram para sempre. Este é o verdadeiro começo da "tragédia do Oriente Médio", e não a criação do estado de Israel , como muitos erradamente apontam (ver o artigo de Leneide Duarte-Plon no Montbläat 200).

A partir da subida de Hitler ao poder, em 1933, Husseini tentou convencer os nazistas a apoiarem o movimento palestino contra os judeus.

O Grande Mufti propôs a criação do Partido Nazista na Palestina, mas Hitler não concordou, porque o partido era exclusivamente para arianos, árabes não podiam ser aceitos. E na época Hitler ainda favorecia a emigração dos judeus da Europa para a Palestina.

Em abril de 1941, já em plena guerra, o general pró-nazista Rashid Ali deu um golpe em Bagdá, derrubou o primeiro-ministro pró-britânico e declarou jihad contra a Grã- Bretanha. Tropas britânicas venceram as forças de Rashid Ali e o Grande Mufti, que era o contato dos iraquianos com os nazistas, fugiu para Berlim.

Na Alemanha, Husseini foi recebido por Hitler em 28 de novembro de 1941. O líder palestino propôs uma declaração a ser assinada pelos líderes do Eixo a qual afirmava que: "A Alemanha e a Itália reconhecem o direito dos países árabes de resolver a questão do elemento judeu, que existe na Palestina e outros países árabes, como é exigido pelos interesses nacionais e étnicos dos árabes, tal como a questão dos Judeus foi resolvida na Alemanha e na Itália".

Hitler prometeu a Husseini a "destruição do elemento judeu" nas terras árabes e a "libertação da Palestina". Documentos nazistas descobertos recentemente no arquivo militar de Freiburg por dois pesquisadores da Universidade de Stuttgart revelam que Hitler planejava ocupar a Palestina e exterminar os 500 mil judeus que ali viviam, contando com a aliança dos árabes comandados pelo Grande Mufti. Entre as atividades de Husseini durante a guerra estão:

- Uma fatwa proclamando jihad dos muçulmanos de todo o mundo contra a Grã-Bretanha

- Programas de rádio com propaganda nazista dirigidos aos árabes

- Organização de espionagem e terrorismo em áreas muçulmanas da Europa e do Oriente Médio

- A criação das unidades muçulmanas da SS nos Balcãs

- Treinamento de religiosos muçulmanos para acompanhar as unidades SS. As unidades SS muçulmanas chegaram a ter dezenas de milhares de
soldados, na maioria muçulmanos da Bósnia, que combateram os guerrilheiros comunistas nos Balcãs.

O Grande Mufti colaborou ativamente no extermínio dos judeus no Holocausto.

Segundo depoimento no julgamento de Nuremberg dado pelo lugar-tenente de Adolf Eichmann, Dieter Wisliceny, "o Mufti foi um dos iniciadores do extermínio sistemático dos Judeus da Europa e foi um colaborador e conselheiro de Eichmann e Himmler na execução desse plano. Ele era um dos melhores amigos de Eichmann e constantemente o incitava a acelerar as medidas de extermínio. Ouvi ele mesmo contar que, acompanhado por Eichmann, visitou incógnito as câmaras de gás de Auschwitz ".

Husseini interveio pessoalmente para conseguir que Himmler cancelasse a troca de 5 mil crianças judias polonesas por prisioneiros de guerra alemães, que estava sendo negociada com a Cruz Vermelha. As crianças estavam internadas no gueto de Theresienstadt e foram removidas para campos de extermínio e assassinadas.

Uma das operações terroristas organizadas por Husseini foi o envio de cinco pára-quedistas para jogar toxinas (arma bacteriológica) no reservatório de água de Tel Aviv, durante a guerra. Os cinco foram capturados com 10 recipientes que continham veneno suficiente para matar 250 mil pessoas.

Depois da guerra, o Grande Mufti conseguiu fugir de Berlim, mas foi capturado em Paris. Escapou da prisão e se refugiou no Cairo. Embora sua captura para ser julgado em Nuremberg tivesse sido pedida, os britânicos temiam a reação dos árabes na Palestina e no Egito, onde Husseini era muito popular, e permitiram que ele continuasse em liberdade. De seu refúgio no Cairo, o Grande Mufti foi um dos principais instigadores da guerra contra a independência de Israel em 1948, para a qual criou uma força palestina, o exército da Guerra Santa (Jaysh al-Jihad al-Muqaddas). Em 2002, Yasser Arafat disse numa entrevista ao jornal palestino Al Quds: "Nosso herói é Hajj Amin al-Husseini. Tentaram muitas vezes se livrar de Hajj Amin, que consideravam um aliado dos nazistas. Mas ele morou no Cairo , participou da guerra de 1948, e eu fui um dos soldados dele".

Em 2 de novembro de 1943, Himmler enviou um telegrama a Husseini: " Para o Grande Mufti: o Movimento Nacional Socialista da Grande Alemanha tem, desde sua criação, inscrita em sua bandeira a luta contra os Judeus do mundo. Por isso acompanha com especial simpatia a luta dos árabes que amam a liberdade, especialmente na Palestina, contra os invasores judeus. No reconhecimento deste inimigo e da luta comum contra ele repousa a firme fundação da aliança natural entre a Grande Alemanha Nacional Socialista e os muçulmanos que amam a liberdade em todo o mundo. Neste espírito lhe envio neste aniversário da infame declaração Balfour (NT: a promessa britânica de um lar nacional para os judeus na Palestina, em 1919) minhas saudações calorosas e o desejo de sucesso na sua luta até a vitória final. Reichsfuehrer SS Heinrich Himmler".



Heil Jihad!

Nenhum comentário: