sexta-feira, 17 de agosto de 2007

17. Os Direitos Humanos em Israel e nos Territórios

MITO
"Israel discrimina seus cidadãos árabes".

FATO
Israel é uma das sociedades mais abertas do mundo. De uma população de
6,3 milhões de pessoas, 1,1 milhão – 18% da população – não são judeus
(945 mil muçulmanos, 130 mil cristãos e 100 mil drusos).1

Os árabes em Israel têm o mesmo direito de voto; na verdade esse é um dos
poucos lugares do Oriente Médio onde as mulheres árabes podem votar.

Atualmente, os árabes ocupam oito das 120 cadeiras do Parlamento israelense
(o Knesset) e vários postos no governo – um deles é o vice-prefeito de Tel-
Aviv, que já foi embaixador na Finlândia. Do gabinete original de Ariel Sharon
fez parte o druso Salah Tarif, que foi ministro sem pasta. Outro árabe é
ministro do Supremo Tribunal de Justiça.

Assim como o hebraico, o árabe é idioma oficial em Israel. Mais de 300 mil
crianças árabes estão matriculadas em escolas israelenses. Na época de
fundação de Israel havia somente um colégio secundário árabe no país. Hoje
existem centenas de escolas árabes.2

A única distinção legal entre os cidadãos judeus e os árabes de Israel é que os
últimos não são obrigados a servir ao exército israelense. Iss existe para
liberar os cidadãos árabes de empunhar armas contra seus irmãos. Apesar
disso, os beduínos têm servido em unidades de pára-quedistas e outros
árabes têm se alistado voluntariamente no serviço militar. O serviço militar
obrigatório se aplica às comunidades drusas e circassianas a pedido delas
próprias. A razão para algumas diferenças econômicas e sociais entre judeus
e árabes israelenses está em que os últimos não servem ao Exército. Os
veteranos têm direito a muitos benefícios inacessíveis a não-veteranos.

Além disso, o exército auxilia no processo de socialização.
Por outro lado, os árabes têm a vantagem de obter alguns empregos durante
os anos em que os israelenses estão no serviço militar. Ainda mais, algumas
indústrias, como as de construção e de transporte de carga rodoviária,
chegaram a ser dominadas por árabe-israelenses.

Ainda que os árabe-israelenses tenham se envolvido, ocasionalmente, em
atividades terroristas, em geral eles têm se conduzido como cidadãos leais.
Durante as guerras de 1967, 1973 e 1982, nenhum deles participou de atos
de sabotagem ou de deslealdade. Muitos se apresentaram como voluntários
para desempenhar funções civis no lugar dos reservistas. Durante a eclosão de
violência nos territórios, que começou em setembro de 2000, pela primeira
vez os árabes-israelenses participaram de protestos generalizados com alguma
violência.

Os Estados Unidos são uma nação independente desde 1776, mas ainda
assim não integraram todas as suas comunidades. Ainda hoje, quase 40
anos após a adoção da legislação de direitos civis, a discriminação racial
ainda não foi erradicada. Não deveria surpreender que Israel não tenha
resolvido todos os seus problemas sociais em apenas 55 anos.


MITO
"Israel discrimina os árabes ao
impedi-los de adquirir terras".


FATO
No início do século XX, o Congresso Sionista Mundial estabeleceu um Fundo
Nacional Judaico para comprar terras na Palestina, para assentamentos judaicos.

Essas terras e as que foram adquiridas logo após a guerra de independência de
Israel foram tomadas pelo governo. Da área total de Israel, 92% pertencem ao
Estado e são administrados pela Autoridade de Administração de Terras, que
não as vende a ninguém, sejam judeus ou árabes. Os 8% restantes são de
particulares. O WACF (a fundação muçulmana de caridade), por exemplo,
possui terras para uso de árabes muçulmanos. As terras do governo podem ser
arrendadas por qualquer um, independentemente de raça, religião ou sexo.

Todos os cidadãos árabes de Israel têm direito a arrendar terras do governo.


MITO
"Os árabes israelenses são discriminados no emprego".


FATO
A legislação israelense proíbe a discriminação no emprego. Segundo o Departamento
de Estado de Israel, todos os trabalhadores israelenses "podem se
reunir e estabelecer organizações trabalhistas livremente". A maioria dos
sindicatos é vinculada à central sindical Histradut ou à Histadrut Haovdim
Haleumit (Federação Nacional do Trabalho), ambas independentes do governo.


MITO
"Os árabes mantidos em prisões israelenses
são torturados, espancados e mortos"


FATO
A prisão não é um lugar agradável para ninguém e são muitas as queixas sobre
o tratamento aos presos nas instituições americanas. As prisões de Israel estão,
provavelmente, entre as mais supervisionadas do mundo. Uma razão para
isso é que o governo permite que representantes da Cruz Vermelha e de outros
grupos as inspecionem regularmente. A legislação israelense proíbe a prisão
arbitrária de cidadãos; os acusados são considerados inocentes até que se prove
sua culpa e têm direito à apresentação de habeas corpus e outras salvaguardas
processuais. Israel não tem presos políticos e mantém um Judiciário independente.

Alguns prisioneiros, particularmente árabes suspeitos de envolvimento com
o terrorismo, são interrogados com severidade e, nesses casos, os excessos
são criticados. A Suprema Corte de Israel publicou um parecer histórico em
1999 proibindo o uso de todo um conjunto de práticas abusivas.

A pena de morte foi aplicada somente uma vez, no caso do carrasco nazista
Adolf Eichmann. A nenhum árabe foi jamais imposta a pena de morte,
inclusive depois dos mais hediondos atos de terrorismo.

"Ninguém julga uma democracia pela forma como seus soldados
reagem de imediato, homens e mulheres jovens que vivem sob
uma provocação tremenda. Uma democracia é julgada pela
maneira como reagem seus tribunais, pela serenidade
desapaixonada de suas cortes judiciais. E a Suprema Corte
israelense, bem como outras cortes, tem reagido de modo
magnífico. Pela primeira vez na história do Oriente Médio, há um
Judiciário independente, disposto a ouvir as queixas dos árabes –
seu nome é Suprema Corte de Israel".
- Alan Desrshowitz3


MITO
"Israel faz uso da prisão administrativa para
prender árabes pacíficos sem julgamento".

FATO
Israel herdou e manteve certas leis adotadas pelos britânicos. Uma delas é o
uso da prisão administrativa, permitida sob certas circunstâncias em casos
de segurança. O detido tem direito a ser representado por um advogado e
pode apelar à Suprema Corte. O ônus de justificar a manutenção do processo
sob sigilo recai sobre quem o impetrou. Com freqüência, os funcionários
acreditam que apresentar provas em tribunal aberto poderia comprometer
seus métodos de obter informação e colocaria em perigo as vidas dos indivíduos
que fornecem informações sobre o planejamento de atividades terroristas.

A prisão administrativa é desnecessária em grande parte do mundo árabe
porque as autoridades freqüentemente mantêm pessoas presas sem o devido
processo. Advogados, organizações de direitos humanos e meios de
comunicação independentes não podem protestar. Mesmo nos Estados
Unidos, com sua política de fiança excepcionalmente liberal, as pessoas
podem ficar detidas por longos períodos de tempo à espera de um processo.
Leis especiais foram aplicadas para permitir o encarceramento prolongado
de membros do Talibã e da Al-Qaeda capturados no Afeganistão.


MITO
"Israel nega direitos políticos aos
residentes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza".


FATO
Ao defender sua existência contra forças árabes hostis, Israel assumiu o
controle da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Diante de uma violenta insurreição,
o governo se viu forçado a restringir algumas atividades dos palestinos.

Dadas as restrições impostas para a segurança de Israel, foram feitos esforços
desde o princípio para permitir aos palestinos a maior liberdade possível.

Após a Guerra dos Seis Dias, a liderança tradicional pró-jordaniana conservou
muitos postos públicos civis pagos pela Jordânia. Foram feitas eleições
municipais em 1972 e 1976. Pela primeira vez, mulheres e não-proprietários
puderam votar.

As eleições de 1976 levaram prefeitos árabes ao poder, representando várias
facções da OLP. Muhamad Milhem, de Halhoul; Fahd Kawashmeh, de Hebron;
e Bassam Shaka, de Nablus eram filiados à Fatah. Karim Khalaf, de Ramalá,
representava a Frente Popular pela Libertação da Palestina: e Ibrahim Tawil,
de El Bireh, era filiado à Frente Democrática pela Libertação da Palestina.4

Em 1978, esses prefeitos e outros radicais formaram o Comitê de Orientação
Nacional, que se opôs vigorosamente a qualquer acordo com Israel, tentando
promover uma ampla aliança com a OLP na Cisjordânia e incitando a rejeição
ao tratado de paz egípcio-israelense. Em 1981, Israel expulsou Milhem e
Kawashmeh. Eles puderam retornar para apelar da sua ordem de expulsão,
que, todavia, foi ratificada pela Suprema Corte israelense.

Duas semanas depois de sua expulsão, Milhem disse: "Não há lugar para a
existência dos sionistas sob uma situação de paz verdadeira. Eles só são
capazes de existir numa situação de tensão e guerra (...) e isso é válido para
todos os partidos (...) eles não são moderados nem radicais, são somente porcos".5
Kawasmeh foi indicado para o Comitê Executivo da OLP em 1984. Neste
mesmo ano foi assassinado por radicais palestinos em Amã.

Como parte das negociações de Camp David, Israel propôs um plano de
autonomia que outorgava aos palestinos maior controle sobre seus assuntos.

Os palestinos recusaram a opção da autonomia. No entanto, conservaram a
esperança da criação de um Estado palestino.

No restante da década, Israel procurou transferir paulatinamente responsabilidades
dos militares para administradores civis e aos palestinos. Esse empenho
em delegar aos palestinos uma maior responsabilidade por seus assuntos foi
solapado pela intifada. Durante o levante, os palestinos que desejavam
cooperar com Israel foram atacados e silenciados com intimidações e
assassinatos. Dirigentes do governo israelense procuraram manter o diálogo
com muitos palestinos, porém aqueles cujas identidades eram descobertas
se convertiam em alvos de agressão.

Durante negociações secretas em Oslo, na Noruega, em 1993, negociadores
israelenses e palestinos concordaram com um plano que daria a estes uma
autonomia limitada. Negociações posteriores resultaram na retirada
israelense de quase metade da Cisjordânia e da maior parte da Faixa de Gaza,
bem como num controle palestino progressivo sobre seus próprios assuntos.

A Autoridade Palestina agora governa virtualmente todos os assuntos civis
sobre 98% dos palestinos nos territórios. A expectativa é que um acordo
político definitivo resulte na criação de um Estado palestino na maioria das
áreas que foram, um dia, controladas por Israel.


MITO
"Israel está roubando água dos árabes nos
territórios, permitindo que judeus cavem poços,
mas impedindo que árabes façam o mesmo".

FATO
Nos anos que se seguiram imediatamente à guerra de 1967, os recursos
hídricos da Cisjordânia aumentaram consideravelmente. O sistema hídrico
ao sul da região de Hebron, por exemplo, foi expandido. Foram abertos poços
perto de Jenin, Nablus e Tulkarm. Mais de 60 cidades da Cisjordânia receberam
novos sistemas de fornecimento de água ou tiveram antigos poços ampliados
pela administração israelense nos territórios.

No fim da década de 1970 e princípio da de 1980, o Oriente Médio sofreu
uma das piores secas da história moderna. As águas do Rio Jordão e do Mar
da Galiléia desceram a níveis críticos. A situação se agravou ainda mais no
começo da década de 1990 e permanece sendo um problema no novo século.

O governo israelense restringiu, por isso, a abertura de poços na Cisjordânia.
Havia poucas opções, pois a Cisjordânia e Israel compartilham o mesmo
lençol freático e a drenagem de água potável poderia levar à infiltração de
água salgada.

Os camponeses árabes da Cisjordânia são servidos por aproximadamente
cem mananciais e 300 poços – muitos deles cavados há décadas e agora
usados em excesso. As restrições à exploração excessiva de poços rasos
tinham por objetivo evitar a infiltração ou o esgotamento total por água
salina. Alguns poços foram cavados para que os povoados judaicos pudessem
alcançar fontes novas e profundas jamais usadas antes. Essas reservas de
água, em geral, não drenam as fontes árabes, mais superficiais.

No fim de 1991, foi programada uma conferência na Turquia para discutir os
problemas regionais de água. A reunião foi torpedeada pela Síria. Os sírios,
jordanianos e palestinos boicotaram as conversações multilaterais em
Moscou, em janeiro de 1992, que incluíam um grupo de trabalho sobre
problemas hídricos.

Após os acordos de Oslo, os palestinos se mostraram mais interessados em
cooperar nos assuntos relacionados à água. Na reunião do grupo de trabalho
multilateral em Omã, em abril de 1994, foi aprovada uma proposta israelense
para reabilitar e tornar mais eficientes os sistemas hídricos em comunidades
de tamanho médio (na Cisjordânia e em Gaza, em Israel e em toda a região).

Na mesma época foi criada a Autoridade Palestina para a Água, tal como
previsto na Declaração de Princípios Israelense-Palestina.

Em novembro de 1994, o grupo de trabalho se reuniu na Grécia. Israelenses,
jordanianos e palestinos concordaram em iniciar uma discussão sobre
princípios e normas para cooperação sobre os problemas da água. Foram
feitos progressos posteriores numa variedade de assuntos nas reuniões de
Amã, em 1995, e da Tunísia, em 1996, mas desde então os grupos de trabalho
não se reuniram mais.

Israel não reduziu a quantidade de água destinada às terras sob a jurisdição
da Autoridade Palestina. Pelo contrário, examina a possibilidade de aumentá-la,
apesar da quantidade reduzida de água em localidades de Israel e do
compromisso, firmado no tratado de paz, de abastecer a Jordânia.

Ao contrário do que é reclamado pelos palestinos, Israel sequer determina a
quantidade de água a ser fornecida aos territórios. A quantidade ficou decidida
nas negociações entre as partes, com a participação dos americanos. Por
consenso, a quantidade de água foi aumentada, se comparada com a situação
de antes do Acordo Interino.

Da mesma maneira foi aprovada uma forma de aumentar gradativamente o
fornecimento enquanto não se chega ao acordo definitivo. As negociações
também conduziram a acordos que decidiram o número de poços que Israel, a
Autoridade Palestina e os organismos internacionais são obrigados a cavar.

Também foi decidida a cooperação nos assuntos sanitários e de meio ambiente.
Mais adiante foi decidido que a jurisdição sobre a água passaria aos palestinos
durante o processo de transferência dos poderes civis e que a situação
hídrica seria monitorada por equipes conjuntas. Israel tem cumprido todas
as suas obrigações em conformidade com o Acordo Interino. O fornecimento
de água está conforme o acordo ou superior ao que foi estabelecido. A
jurisdição sobre a água foi inteiramente transferida no prazo combinado e
Israel aprovou a abertura de poços adicionais. Israel e a Autoridade Palestina
fazem patrulhas conjuntas para localizar casos de roubo de água e outros
problemas hídricos afins.

Na verdade, o fornecimento de água aos palestinos pouco tem a ver com
Israel. Segundo a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional,
"a Cisjordânia e a Faixa de Gaza sofrem falta crônica de água que impede um
crescimento econômico sustentado, além de causar impacto negativo no
meio ambiente e na saúde dos palestinos. A pouca água disponível é usada
sem eficiência". A análise acrescenta que "as fontes palestinas de suprimento
de água foram sendo progressivamente poluídas como resultado do tratamento
inadequado do esgoto e do bombeamento excessivo dos poços. O esgoto não
tratado é despejado em vales e no Mar Mediterrâneo, piorando a qualidade
do já inadequado fornecimento de água e poluindo o solo, o mar e a costa".6


MITO
"As deportações determinadas por Israel
violam a Quarta Convenção de Genebra".


FATO
O propósito da Convenção de Genebra, aprovada em 1949, foi evitar uma
repetição da política nazista de deportações em massa de civis inocentes
para campos de concentração e trabalho escravo. É óbvio que Israel não faz
isso. O que se faz, ocasionalmente, é expulsar um grupo de indivíduos
identificados por instigar a violência contra judeus e árabes.

A própria Convenção de Genebra permite que uma potência que ocupa um
território "empreenda a evacuação total ou parcial de uma área se a segurança
de uma população ou razões militares imperativas assim o exigem". A
Suprema Corte israelense interpretou que isso significa que Israel pode
expulsar os instigadores da violência, caso necessário, para manter a ordem
pública ou proteger a população de futuros atos de terror. Todos os deportados
têm o direito de apelar diante dos tribunais israelenses, porém muitos
palestinos preferem não fazê-lo.

"O regime de Israel não é um apartheid. É um caso único de
democracia".
- Mangosuthu Buthelezi,
Ministro-Chefe do Interior sul-africano7

MITO
"O tratamento que Israel dá aos palestinos é semelhante ao
dispensado aos negros na África do Sul no tempo do apartheid".


FATO
Mesmo antes da existência oficial de Israel, os líderes judeus procuraram
evitar a situação que prevalecia na África do Sul. Como David Ben-Gurion
disse ao nacionalista palestino Musa Alami, em 1934:

"Não queremos criar uma situação semelhante à existente na
África do Sul, onde os brancos são os proprietários e governantes,
enquanto os negros são os trabalhadores. Se não fizermos todo o
tipo de trabalho, fácil e difícil, qualificado ou não, se nos convertermos
em meros proprietários, então esta não será a nossa pátria".8

Em Israel os judeus são a maioria, porém a minoria árabe desfruta de cidadania
plena e de direitos iguais. Os árabes estão representados no Knesset
(Parlamento) e participam do governo e da Suprema Corte. Sob o apartheid,
os negros sul-africanos não podiam votar e nem eram cidadãos do país onde
constituíam a esmagadora maioria da população. Leis ditavam onde podiam
viver, trabalhar e viajar. Na África do Sul, o governo matava os negros que
protestavam contra suas políticas. Em contrapartida, Israel permite liberdade
de movimento, reunião e expressão. Alguns dos mais duros críticos do governo
são os árabes membros do Knesset.

A situação dos palestinos nos territórios é diferente. A segurança da nação e
uma violenta insurreição nos territórios obrigaram Israel a impor restrições
aos residentes árabes na Cisjordânia e na Faixa de Gaza que eram
desnecessárias dentro das fronteiras de Israel pré-1967. Os palestinos dos
territórios questionam habitualmente o direito de Israel existir, enquanto os
negros não buscavam a destruição da África do Sul, mas do regime de apartheid.

Se Israel fosse dar cidadania plena aos palestinos, isso significaria que os
territórios teriam sido anexados. Nenhum governo israelense esteve disposto
a dar esse passo. Pelo contrário, por meio de negociações Israel concordou
em oferecer aos palestinos o controle progressivo sobre seus próprios assuntos.

É provável que um acordo definitivo permita que os palestinos venham a se
tornar cidadãos do seu próprio Estado.


MITO
"As nações negras africanas romperam com Israel
por causa da política racista em relação aos palestinos".


FATO
As nações negras africanas não romperam relações com Israel devido a
alguma preocupação com o racismo; a maioria rompeu em 1973 por causa
da pressão das nações árabes produtoras de petróleo. Apenas Malawi, Lesoto
e Suazilândia mantiveram laços diplomáticos plenos, enquanto alguns outros
países mantiveram relações por intermédio de escritórios israelenses de
representação em embaixadas estrangeiras. As relações comerciais também
não foram inteiramente rompidas; muitos estudantes de nações negras
africanas continuaram a estudar em Israel e especialistas israelenses
permaneceram trabalhando na África.

"Há ainda uma outra questão que surge do desastre das nações e
permanece sem solução até hoje, e cuja profunda tragédia só um
judeu pode compreender. É a questão africana. É só recordar
todos esses terríveis episódios do tráfico de escravos, de seres
humanos que, só porque eram negros, eram roubados como gado,
aprisionados, capturados e vendidos. Seus filhos cresceram em
terras estranhas, objetos do desprezo e da hostilidade, porque a
cor de sua pele era diferente. Não me envergonho de dizer, ainda
que possa me expor ao ridículo, que assim que testemunhar a
redenção dos judeus, meu povo, desejo ajudar também a redenção
dos africanos".
- Theodor Herzl Herzl9

Israel tem uma longa história de relações amistosas com países da África
negra. De 1957 a 1973, Israel ofereceu cursos a milhares de africanos em
todas as disciplinas, inclusive agricultura, saúde pública e economia.
Milhares de africanos foram para Israel completar sua formação acadêmica
enquanto um número equivalente de israelenses esteve na África com o
objetivo de ensinar.10

Golda Meir, a arquiteta da política israelense para a África, acreditava que as
lições aprendidas pelos israelenses poderiam ser transferidas para os africanos,
os quais, particularmente durante a década de 1950, estavam engajados no
mesmo processo de construção nacional. "Assim como eles", ela disse, "nós
nos livramos das leis estrangeiras; assim como eles, aprendemos por nós
mesmos como reclamar a terra, melhorar a produtividade de nossas colheitas,
irrigar, criar aves, viver juntos e nos defendermos". Golda Meir acreditava que

Israel poderia fornecer um modelo melhor aos novos países africanos independentes
porque os israelenses "foram forçados a encontrar soluções para vários
tipos de problemas que países grandes, ricos e poderosos jamais encontraram".11

Quando a força coercitiva dos árabes produtores de petróleo diminuiu, os
países da África restabeleceram relações com Israel e buscaram novos projetos
de cooperação. Essa tendência ganhou importância com a continuidade das
negociações de paz entre Israel e seus vizinhos árabes. Nos dias atuais, 40
países africanos mantêm laços diplomáticos com Israel e ocorrem com
freqüência visitas recíprocas entre chefes de Estado e ministros de governo.

Em maio de 1994, o presidente israelense Ezer Weizman compareceu à histórica
posse de Nelson Mandela como o primeiro presidente negro da África do Sul.


MITO
"Israel está exterminando os palestinos
como os nazistas fizeram com os judeus".


FATO
Esta é talvez a mais odiosa acusação feita pelos detratores de Israel. O objetivo
dos nazistas era o extermínio sistemático de todos os judeus da Europa. Israel
busca a paz com seus vizinhos palestinos. Mais de um milhão de árabes
vivem como cidadãos livres e iguais em Israel. Quanto aos palestinos nos
territórios, 98% vivem sob a administração civil da Autoridade Palestina.

Embora Israel empregue algumas vezes medidas drásticas contra os palestinos
dos territórios, a fim de proteger os cidadãos israelenses – judeus e não-judeus
– da incessante campanha de terror conduzida pela Autoridade
Palestina e radicais islâmicos, não há qualquer plano para perseguir,
exterminar ou expulsar o povo palestino.

Em resposta a uma comparação desse tipo por um poeta que se referiu à "SS
Sionista", o editor de literatura do New Republic, Leon Wieselter, fez a seguinte
observação:

"Visão de que o sionismo é nazismo – não há outra forma de
entender a expressão "SS Sionista" – não é diferente em espécie
da visão de que a lua é um queijo. Isso não está apenas
espetacularmente errado, mas também é espetacularmente
estúpido. Não me sentirei ofendido (o que poderia ser um discurso
de auto-ódio!) em explicar pacientemente por que o Estado de
Israel é diferente do Terceiro Reich, exceto para dizer que nada
do que aconteceu com os palestinos sob o controle de Israel
pode ser comparado responsavelmente com o que houve com
os judeus sob o domínio alemão; que um número considerável
de pessoas que trabalham diligentemente para encontrar paz e
justiça para os palestinos e uma solução para esse conflito
selvagem são israelenses, alguns deles até mesmo primeirosministros.
Não há base decente para a causa palestina que possa
justificar a expressão "SS Sionista".12

O absurdo da acusação também fica claro se for levada em conta a demografia
dos territórios em disputa. Enquanto os detratores fazem alegações ultrajantes
de que Israel comete genocídio ou limpeza étnica, a população palestina
continua a crescer de forma explosiva. Em Gaza, por exemplo, a população
aumentou de 731 mil em julho de 1994 para 1.225.911 em julho de 2002,
um aumento de 68%. A taxa média de crescimento foi de 3,95%, uma das
mais altas do mundo. De acordo com as Nações Unidas, a população total
palestina em todos os territórios em disputa (incluindo-se a Faixa de Gaza, a
Cisjordânia e Jerusalém Oriental) de 1.006.000 em 1950 passou para
1.094.000 em 1970 e atingiu 2.152.000 pessoas em 1990. Anthony
Cordesman observa que o crescimento "foi resultado de melhorias em receita
e serviços de saúde" feitos por Israel. Desde a intifada, a população palestina
tem continuado a crescer exponencialmente, aumentando em mais de 20%
de 1995 a 2000, quando alcançou 3.183.000 pessoas.13


MITO
"Israel é desumano com os palestinos nos territórios".


FATO
É importante lembrar que Israel propôs se retirar de 97% da Cisjordânia e de
100% da Faixa de Gaza e que foi a rejeição dessa proposta, associada ao
incessante terrorismo palestino, que forçou as tropas de Israel a fazer
operações nos territórios. Embora essas ações causem problemas para a
população palestina, o Exército israelense continua a assegurar que a
assistência humanitária seja providenciada aos palestinos necessitados. Por
exemplo, durante um único período de 48 horas (5 e 6 de janeiro de 2003),
o Exército coordenou as seguintes ações:

 Encaminhamento de 40 palestinos que necessitavam de cuidados
médicos para hospitais, entre eles quatro pacientes da Faixa de Gaza
que foram transferidos para centros de saúde em Israel. Outros 284
palestinos feridos na Cisjordânia foram igualmente transportados por
ambulâncias.

 Passagem de material de construção destinado a erguer um hospital
em Kalkilia. Da mesma forma, os soldados possibilitaram a passagem
de ajuda humanitária para Belém.

 Coordenação da entrega de cartões de racionamento enviados por
uma organização internacional para os residentes de Azoun e a
distribuição de mais cartões, pela Cruz Vermelha, em Salfit.

 Passagem de produtos agrícolas e alimentos entre Muassi e Khan Yunis.

 Passagem de uma equipe da UNWRA (Agência de Auxílio e Trabalho
das Nações Unidas) para ajudar na remoção de lixo.

 Permissão de entrada em Kalkilia de uma família árabe-israelense de
Jerusalém Oriental para assistir ao casamento de um filho.

Mesmo durante as operações militares – como na operação para eliminar os
refúgios de terroristas do acampamento de refugiados de Jenin – as forças
israelenses se desviaram da sua missão para assistir palestinos não-combatentes.

No caso da operação Jenin, por exemplo, o hospital continuou funcionando
com um gerador entregue, sob tiroteio, por um funcionário israelense.14

A melhor maneira de melhorar a situação dos palestinos nos territórios é a
Autoridade Palestina aceitar os passos propostos pelo governo Bush – acabar
com a violência, reformar suas instituições e eleger novos líderes. Só então
as conversações de paz podem ser retomadas e os assentamentos negociados.


MITO
"Israel assassina inocentes alegando
que são terroristas palestinos".


FATO
Israel nunca tem intencionalmente civis por alvo. Infelizmente os terroristas
palestinos tentam propositadamente se esconder entre a população civil
para abater o moral do Exército israelense. Os próprios terroristas não se
preocupam com as vidas dos palestinos inocentes e não hesitam em usá-los
como escudos humanos. Esse tipo de comportamento é uma violação das
leis internacionais – o Artigo 51 da emenda de 1977 da Convenção de
Genebra de 1949 proíbe especificamente o uso de escudos humanos:

"A presença ou movimentação de civis não deve ser usada para
tornar certos pontos ou áreas imunes a operações militares, em
particular tentativas de servir de escudo de objetivos militares
para proteger de ataques ou defender, favorecer e impedir
operações militares".15

Portanto, os terroristas palestinos são, em última instância, os verdadeiros
responsáveis pelas mortes e ferimentos de não-combatentes inadvertidamente
atingidos por soldados de Israel.


MITO
"Israel destruiu casas no acampamento de refugiados de
Rafah como parte de sua política de opressão dos palestinos".


FATO
Israel fez operações militares, incluindo a demolição de casas, no acampamento
de refugiados de Rafah, num um esforço para interromper as operações
palestinas de contrabando. Rafah é uma cidade na Faixa de Gaza dividida pela
fronteira com o Egito. Os palestinos passaram a cavar túneis nessa área em
1982 para fazer contrabando sob a cerca na fronteira entre Israel e Egito.

Desde 1994, quando Israel passou o controle da área à Autoridade Palestina,
esta tem sido responsável pela segurança na área. Enquanto a Autoridade
Palestina, inicialmente, trabalhou para interromper a construção de túneis,
agora ela apóia ativamente os contrabandistas. Para evitar a detecção dos
túneis, os palestinos os constroem em residências.

Em 2002, as forças militares israelenses descobriram 33 túneis e, em meados
de outubro de 2003, mais 36 foram encontrados. Os contrabandistas trazem
cigarros, autopeças, tecidos, drogas, eletrônicos e moedas estrangeiras
compradas ou roubadas no Egito para revenda na Faixa de Gaza. Uma das
maiores preocupações para Israel é o tráfico de terroristas e armas como
granadas impelidas por foguetes e lançadores, rifles, explosivos e munição,
que são freqüentemente transportados para a Cisjordânia.

As operações israelenses de larga escala contra os túneis coincidiram com
relatórios dos serviços de inteligência de que os palestinos estavam tentando
contrabandear armas mais sofisticadas como foguetes Katiusha, que poderiam
atingir cidades israelenses, e mísseis Stinger, que poderiam derrubar aviões
civis e militares. Essas armas estão sendo compradas para dar suporte a
operações terroristas de grupos como Hamas e Frente pela Libertação da
Palestina (com a ajuda do Irã), assim como para armar os serviços de
segurança da Autoridade Palestina.

As operações de contrabando vêm se intensificando nos últimos três anos,
enquanto Israel tem bloqueado outras rotas de contrabando e os palestinos
aumentam sua violenta campanha contra Israel. A razão da demolição de
casas palestinas por Israel é que estas são usadas para esconder os túneis
ligando Gaza e Egito. Muitos palestinos em Rafah estão empobrecidos e
encontram no envolvimento com as operações de contrabando uma
oportunidade para melhorar sua situação econômica, pois são bem pagos
para cavar os túneis, transferir mercadorias e permitir que suas casas sejam
usadas para esconder os túneis.

A Autoridade Palestina vem dando aos palestinos um incentivo ainda maior
para participar do contrabando ao oferecer moradias opcionais nos arredores
da cidade de Tel-Sultan para o caso de Israel demolir suas casas. Alguns
palestinos chegam até mesmo a mentir sobre a construção de túneis na
esperança de que o Exército coloque suas casas abaixo e eles possam receber
casas novas e melhores da Autoridade Palestina.


MITO
"Yasser Arafat aplica os recursos da Autoridade
Palestina na saúde e no bem-estar do seu povo".


FATO
Uma das principais razões para o sofrimento do povo palestino é o fracasso da
Autoridade Palestina em alocar os bilhões de dólares em ajuda internacional
que recebeu para a saúde e o bem-estar da população. A corrupção na
Autoridade Palestina tem sido extensivamente documentada pelos próprios
palestinos e pelo Fundo Monetário Internacional. Um exame dos gastos mostra
que grande parte do dinheiro vai mesmo para o presidente da Autoridade Palestina.

Houve meses em que o escritório de Yasser Arafat recebeu muito mais
dinheiro do que os departamentos de saúde e serviços sociais somados.15 Na
primeira metade de 2003 foram alocados para o escritório de Arafat 137
milhões de shekels (US$ 31,1 milhões), enquanto o orçamento total para
benefícios sociais foi de 95 milhões de shekels (US$ 20,2 milhões) e de 185
milhões de shekels (US$ 41,1 milhões) para a saúde.

Todas as partes reconhecem que a chave para a paz está em encorajar a prosperidade
dentro (dos territórios) da Autoridade Palestina e melhorar as condições
de vida da população palestina. Israel tem um importante papel a desempenhar
nas duas áreas, mas o bem-estar da maioria dos palestinos está nas mãos da
Autoridade Palestina. Suas condições de vida atuais, bem como seu futuro
num país independente, depende do comprometimento de seus líderes em
melhorar sua sociedade em vez de simplesmente enriquecer a si próprios.


Notas
1 Agência Central de Estatística de Israel.
2 Agência Central de Estatística de Israel.
3 Discurso na Conferência Política de AIPAC (23 de maio de 1989).
4 Newsview (23 de março de 1982).
5 El-Wahda (Abu Dhabi).
6 Desenvolvimento dos Recursos Hídricos – Usaid Cisjordânia e Gaza.
7 Shabtai Teveth. Ben Gurion and the Palestinian Arabs; From Peace to War. Londres:
Oxford University Press, 1985, pág. 140.
8 Haaretz (23 de setembro de 2003).
9 Golda Meir. My Life. New York: Dell Publishing Co., 1975, pág. 308-309.
10 Moshe Decter. To Serve, To Teach, To Leave, The Study of Israel’s Development Assistance
Program in Black Africa. New York: American Jewish Congress, 1977, pág. 7-8.
11 Meir, pág. 306.
12 The New Republic (30 de dezembro de 2002).
13 Anthony Cordesman. From Peace to War: Land for Peace or Settlements for War.
District of Columbia: Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, 15 de
agosto de 2003, pág. 12-13.
14 Jerusalem Report (20 de dezembro de 2002).
15 Washington Times (20 de fevereiro de 2003).
16 Veja, por exemplo, Ministério das Finanças da Autoridade Nacional Palestina
(www.mof.gov.ps), agosto de 2003.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

16. Os Direitos Humanos nos Países Árabes


MITO
"Os governos dos países árabes garantem
direitos humanos básicos a seus cidadãos".

FATO
Enquanto é dada tanta atenção a supostas violações israelenses aos direitos
humanos nas instáveis Cisjordânia e Faixa de Gaza, a imprensa decidiu
virtualmente ignorar as violações de direitos humanos fundamentais que
ocorrem diariamente em praticamente todos os países árabes.

De acordo com relatórios anuais compilados pelo Departamento de Estado
dos EUA, a maioria dos países árabes é governada por regimes opressivos e
ditatoriais, que negam a seus cidadãos as liberdades básicas de manifestação
política, expressão, imprensa e processos judiciais adequados. O Arab Human
Development Report (Relatório sobre o Desenvolvimento Humano Árabe),
publicado por um grupo de pesquisadores árabes do Programa de Desenvolvimento
das Nações Unidas, concluiu que, entre as sete regiões do mundo, os
países árabes são os que têm o mais baixo nível de liberdade, bem como a pior
classificação em "participação e responsabilidade" em diversos aspectos do
processo político, liberdades civis, direitos políticos e independência da mídia.1

MITO
"Os direitos das mulheres no mundo árabe agora são protegidos".

FATO
Na maioria dos países árabes, a Sharia, ou lei islâmica, define as regras do
comportamento social tradicional. Segundo essa lei, cabe às mulheres um
papel inferior ao do homem e são, portanto, discriminadas em seus direitos e
liberdades individuais.

Daniel Pipes, especialista em Oriente Médio, explica: "Na visão islâmica, a
sexualidade da mulher é vista como tão poderosa que constitui um perigo
real à sociedade". Portanto, mulheres livres constituem "o desafio mais perigoso
enfrentado pelos homens que buscam cumprir os mandamentos de Deus".

Combinados, "os desejos femininos e seus irresistíveis atrativos dão às
mulheres um poder sobre os homens que rivaliza com o de Deus".2

"Deixados à própria sorte", continua Pipes, "os homens bem poderiam ser
vítimas das mulheres e abandonarem Deus", o que resultaria em desordem
civil entre os crentes. No pensamento tradicional, destaca Pipes, as mulheres
representam uma ameaça interna à sociedade islâmica semelhante àquela
externa representada pelo infiel. Tradicionalmente, a mulher árabe casa-se
cedo com um homem escolhido por seu pai. Um marido tem o direito de se
divorciar a qualquer momento, mesmo contra a vontade da esposa, por meio
de uma simples declaração de que é a sua intenção.

Embora a imagem da mulher com direitos iguais venha se desenvolvendo,
ainda que lentamente, em alguns países árabes mais seculares, isso permanece
confinado aos centros urbanos e círculos da classe alta. A mutilação
sexual ainda é comum nas zonas rurais do Egito, da Líbia, de Omã e do Iêmen.

Além disso, leis que restringem os direitos das mulheres vigoram em praticamente
todos os países árabes. Na Síria, um marido pode impedir sua esposa de
deixar o país. No Egito, no Iraque, na Líbia, na Jordânia, em Marrocos, em Omã
e no Iêmen, as mulheres casadas precisam da permissão por escrito de seus
maridos para viajar ao exterior e podem ser impedidas por uma razão qualquer.
Na Arábia Saudita, as mulheres precisam obter uma permissão por escrito do
parente masculino mais próximo para sair do país ou viajar em transporte
público pelas diferentes partes do reino.

Segundo as Nações Unidas, "o uso da capacidade das mulheres árabes na
participação econômica e política continua sendo o mais baixo do mundo
em termos quantitativos (...) Em alguns países com assembléias nacionais
eleitas, ainda é negado às mulheres o direito a voto ou de ocupar cargos.
Uma em cada duas mulheres árabes não sabe ler nem escrever".3

Num tribunal da Sharia saudita, o testemunho de um homem equivale ao de
duas mulheres. No Kuwait, a população masculina pode votar, mas as
mulheres não. Egito, Marrocos, Jordânia e Arábia Saudita têm leis estabelecendo
que a herança de uma mulher deve ser menor do que a de seus irmãos
homens (em geral, por volta da metade do valor). As leis marroquinas perdoam
o assassinato ou a violência contra uma esposa surpreendida cometendo
adultério; entretanto, mulheres que agridem seus maridos pegos nas mesmas
circunstâncias são punidas.

Agredir a esposa é uma prática relativamente comum nos países árabes e as
mulheres maltratadas contam com poucos recursos. O Departamento de
Estado dos EUA vem destacando em relação à Jordânia (e na maior parte do
mundo árabe) que "agredir a esposa é, tecnicamente, motivo de divórcio,
porém o marido pode tentar demonstrar que tem o respaldo do Corão para
agredir com o intuito de corrigir (a conduta de) uma esposa desobediente ou
não-religiosa".4

Na Arábia Saudita, as restrições contra mulheres estão entre as mais extremas
do mundo árabe. As mulheres sauditas não podem se casar com não-sauditas
sem permissão do governo (raramente fornecida); são proibidas de dirigir
veículos motorizados ou bicicletas; não podem usar banheiros públicos
quando há homens por perto; e são obrigadas a se sentar na parte de trás dos
ônibus públicos, separadas dos homens. Na Universidade Rei Saud, de Riad,
os professores lecionam em salas para homens enquanto as mulheres
assistem às aulas por circuito fechado de TV, em salas distantes.5 As "colunas
de aconselhamento (islâmico)" na imprensa da Arábia Saudita recomendam
o rígido controle disciplinar das mulheres como parte de um casamento
adequado. Elas devem cobrir todo o corpo e o rosto em público e as que não
o fazem estão sujeitas a castigo físico por parte da polícia religiosa saudita,
conhecida como Mutaauín. Os sauditas estendem seu tratamento discriminatório
às mulheres até mesmo no exterior. Por exemplo, durante uma visita
do príncipe Abdula aos Estados Unidos, seus ajudantes exigiram que nenhuma
mulher fosse admitida na sala de controle de tráfego aéreo que monitorou
seu vôo ao Texas, para uma reunião com o presidente Bush. Eles também
exigiram que nenhuma mulher recebesse permissão para estar na pista do
aeroporto onde estivesse o avião.6

A ONU, organizações internacionais e ONGs de direitos humanos locais
pressionam constantemente os regimes dos países árabes a melhorar o estado
dos direitos humanos em geral e os das mulheres em particular. Segundo
dados da ONU, a proporção de representantes do sexo feminino nos parlamentos
árabes é de apenas 3,4% (em comparação com 11,4% no resto do
mundo). Além disso, 55% das mulheres árabes são analfabetas. Angela
King, assistente do vice-secretário-geral das Nações Unidas, convocou
publicamente os países árabes a garantir às mulheres os seus direitos.7

Os regimes árabes encontram diversas maneiras de lidar com a pressão
internacional por melhorias nos direitos das mulheres. Em geral, preferem
apresentar suaves mudanças a aplicar reformas radicais que poderiam
contradizer suas ideologias e se contrapor aos elementos conservadores
dentro do país.

MITO
"A liberdade dos palestinos sob a Autoridade
Palestina inclui o direito de vender terras a judeus".

FATO
Em 1996, o Mufti da Autoridade Palestina, Ikremá Sabri, promulgou um
fátua (decreto religioso) proibindo a venda de propriedades árabes e
muçulmanas a judeus. Qualquer um que violasse essa ordem seria morto.
Pelo menos sete vendedores de terras foram assassinados naquele ano. Seis
anos depois, o general Tawfik Tirawi, chefe do Serviço de Inteligência Geral
da Autoridade Palestina na Cisjordânia, admitiu que seus homens foram
responsáveis pelos assassinatos.8

Em 5 de maio de 1997, o ministro da Justiça palestino, Freí Abu Midein,
anunciou que seria imposta a pena de morte a qualquer um que fosse acusado
de ceder "uma polegada" a Israel. Naquele mesmo mês, dois vendedores de
terras foram mortos. Funcionários da Autoridade Palestina negaram qualquer
participação nas mortes. Um ano depois, outro palestino suspeito de vender
terra a um judeu foi assassinado. A Autoridade Palestina também tem
aprisionado vendedores de terras suspeitos de violar a lei jordaniana (em
vigor na Cisjordânia) que proíbe a venda de terra a estrangeiros.9

DIREITOS HUMANOS POR PAÍS
(As informações constam dos Relatórios sobre Direitos Humanos do Departamento de
Estado dos EUA para 2000-2001).

ARÁBIA SAUDITA
Embora a Comissão sobre Liberdade de Religião Internacional tenha declarado
que, com a destituição do (regime) Talibã, a Arábia Saudita seja provavelmente
o pior opressor dos direitos religiosos no mundo, o governo Bush decidiu, no
campo político, deixar o reino de fora da sua lista anual de "países de preocupação
particular", uma lista negra americana dos países envolvidos em violações
"sistemáticas, constantes e notáveis" dos direitos das minorias religiosas.10

A Arábia Saudita é uma monarquia dinástica governada pelo rei Fahd Bin
Abd Al-Aziz Al Saud. A constituição do país é o Corão e a Suna (tradição) do
profeta Maomé. Portanto, o país é governado segundo uma interpretação
estrita da lei islâmica. Como não há instituições democráticas, os cidadãos
não têm participação no governo. A segurança no país é garantida tanto por
uma força de segurança secular quanto pelos mutauaín, a polícia religiosa,
dividida em duas forças: o Comitê para a Promoção da Virtude e o Comitê
para a Prevenção do Vício. Pelo fato de a visão islâmica tradicional sobre
direitos humanos não coincidir com a visão moderna, o governo permite que
as forças de segurança seculares e religiosas cometam sérios abusos.

Direitos Legais
Torturas, castigos e outros abusos a prisioneiros são cometidos regularmente
tanto pelos mutauaín quanto pelos agentes do Ministério do Interior. Além
disso, pelo menos uma pessoa foi morta recentemente devido a uma violação
religiosa menor. Em 2000 houve outras execuções por crimes que iam desde
"comportamento sexual desviante" a bruxaria, e foram impostas por
apedrejamento, decapitação ou fuzilamento; além disso, alguns prisioneiros
foram punidos com amputações ou a extirpação de um olho. Algumas vezes,
prisioneiros são mantidos por um longo tempo sem processo ou julgamento.

A liberdade de expressão e de imprensa é rigidamente limitada na Arábia
Saudita – criticar o Islã ou a família real é ilegal e pode levar a longos períodos
de cárcere sem julgamento. Televisão, rádio, internet e literatura estão sujeitas a
censura rígida. A liberdade de reunião e associação também é limitada, sujeita
a regulamentos como a separação entre homens e mulheres nos encontros.

O Tratamento às Mulheres
As mulheres são vítimas de discriminação sistemática na Arábia Saudita.

Violência e estupro domésticos são problemas generalizados e elas não
recebem qualquer reparação por tais crimes. Mulheres não podem viajar,
entrar em um hospital ou dirigir um automóvel sem a permissão de seus
maridos. Os ônibus têm lugares separados e as mulheres devem se sentar na
parte de trás. Aquelas que não vestem uma abaia (vestimenta preta que
cobre todo o corpo) nem cobrem rosto e cabelo são castigadas pelos mutauaín.
As leis discriminatórias contra mulheres incluem as que regem o direito de
propriedade, o testemunho legal em processos de herança e a guarda dos
filhos em caso de divórcio. Ocupando apenas 5% do mercado de trabalho, é
praticamente impossível às mulheres empregar-se em algo além das
atividades mais elementares. A mutilação genital feminina também é legal
e praticada em algumas regiões da Arábia Saudita. As mulheres de países
estrangeiros também devem aderir às rígidas leis da Arábia Saudita e chegou-se
a exigir dos militares americanos até mesmo que os soldados do sexo
feminino usassem roupas "adequadas", viajassem no banco traseiro dos
automóveis e tivessem um homem como acompanhante ao saírem da base.

Em 2001 a mulher que era o mais bem graduado piloto de combate da Força
Aérea dos EUA exigiu que o governo americano revogasse essa política
alegando que discrimina a mulher, viola sua liberdade de religião e a obriga
a seguir costumes exigidos por uma religião que não é a sua. Em seguida, o
Pentágono desobrigou as americanas de usar abaias negras dos pés à cabeça
como as mulheres sauditas, mas as demais restrições ainda estão em vigor.11

Os Direitos dos Trabalhadores
Não há leis trabalhistas, uniões sindicais ou acordos coletivos na Arábia
Saudita. Embora o trabalho forçado seja tecnicamente ilegal, trabalhadores
estrangeiros e locais às vezes são obrigados a trabalhar até 16 horas por dia,
sete dias por semana. Em geral, o pagamento é retido por semanas ou meses.
Informações passíveis de confirmação indicam que mulheres são
contrabandeadas para trabalhar como prostitutas na Arábia Saudita, bem
como crianças para trabalhar em grupos organizados de mendicância.
Oficialmente, conforme a lei saudita, o tráfico de pessoas é ilegal.

O Tratamento às Minorias
Não existe liberdade de religião na Arábia Saudita. Todos os cidadãos devem
ser muçulmanos e só a corrente islâmica sunita pode ser praticada publicamente.

A discriminação aos muçulmanos xiitas é institucionalizada. Outras
religiões além do islã são toleradas se praticadas com discrição; um grupo de
cristãos foi deportado em 2000 por praticar a apostasia (renúncia ou negação
da religião) de maneira aberta demais. Trabalhadores asiáticos e africanos
que vivem na Arábia Saudita falam de discriminação generalizada e da
dificuldade de atendimento às suas queixas.

JORDÂNIA
O Reino Hashemita da Jordânia é uma monarquia constitucional governada
pelo rei Abdula bin Hussein. Há eleições diretas para nomear representantes
para o pouco influente Câmara Baixa do Parlamento. Entretanto, os 104
lugares da Câmara dos Deputados e os 40 lugares da Câmara Alta (o Senado)
são indicados pelo rei. Todo o poder está virtualmente concentrado nele, que
pode demitir qualquer representante ou dissolver o Parlamento como um
todo, como fez em junho de 2001. Portanto, os cidadãos jordanianos não
podem trocar seu governo. Na Jordânia ocorrem muitas violações graves aos
direitos humanos, relevadas pelo governo.

Direitos Legais
As forças de segurança jordanianas usam regularmente a tortura, o que
provocou muitas mortes recentemente. Em geral, os presidiários são mantidos
presos sem acusação, impedidos de se reunir com seus advogados e mantidos
em condições nada higiênicas. Isso também se aplica a jornalistas acusados
de "difamação", por terem criticado o governo ou o rei. Expulsões forçadas
são raras na Jordânia e são usadas geralmente contra suspeitos de terrorismo;
os grupos terroristas estão bem representados na Jordânia. Por exemplo, o
Movimento Islâmico da Jordânia ("o grupo de Ahmed Al Daganesh") e o
Nobres da Jordânia assumiram a responsabilidade pelo assassinato, em agosto
de 2001, de um empresário israelense em Amã. O governo negou que o
assassinato tenha sido político e não fez qualquer prisão no caso. As liberdades
de reunião, associação, imprensa e expressão são restringidas pelo governo;
autores de artigos com críticas ou sátiras ao governo em geral são presos. Em
agosto de 2002, a licença da rede de televisão Al-Jazira foi revogada por
tecer críticas ao governo.12

Os Direitos das Mulheres
As mulheres jordanianas sofrem uma clara desvantagem legal. O estupro
marital é legal, o abuso físico de mulheres é crescente e freqüentemente
autorizado por lei e os crimes de honra (violência doméstica contra mulheres,
cometida por homens que acreditam que elas estariam ferindo sua honra
por seu "comportamento imoral") recebem sentenças mínimas. Estes últimos
tornaram-se tão comuns que, segundo um estudo, constituem 25% de todos
os assassinatos cometidos na Jordânia em 2000. Economicamente, as mulheres
também estão em desvantagem legal. Todas as leis de segurança social,
herança, divórcio e testemunho favorecem os homens. A mulher ganha
menos do que o homem pelo mesmo trabalho e tem pouca participação no
mercado de trabalho. A mutilação genital feminina, que já foi muito difundida
na Jordânia, vem caindo fortemente em desuso. Contudo, algumas tribos
mantêm a prática. Muito mais comum é o abuso de meninas, especialmente
o abuso sexual. Embora a lei exija punição, são poucos os casos investigados.

Os Direitos dos Trabalhadores
Em geral, as leis trabalhistas são boas, mas há exceções. Apesar de o trabalho
forçado ser ilegal na Jordânia, muitos estrangeiros trabalham em condições
que podem ser consideradas de trabalho forçado. Além disso, o trabalho
infantil é comum, embora o governo tenha dado passos para restringi-lo.

O Tratamento às Minorias
A liberdade de religião é em boa parte respeitada na Jordânia. Embora somente
as três "principais religiões monoteístas" (islã, judaísmo e cristianismo) sejam
reconhecidas oficialmente pelo governo, todas as demais religiões podem
ser praticadas livremente e têm direitos iguais. A única exceção à regra é a
fé Bahái, cujos membros enfrentam uma discriminação oficial sistemática,
embora possam praticá-la abertamente. Após as guerras de 1948 e de 1967,
respectivamente, a Jordânia concedeu cidadania aos refugiados palestinos
que fugiram de Israel. Todavia, aqueles que chegaram desde então não
receberam cidadania e são fortemente discriminados.

LÍBANO
Desde o fim de 16 anos de guerra civil em 1991, o Líbano tem sido controlado
principalmente pela Síria, que mantém 25 mil soldados no país. Assim, embora
o Líbano seja tecnicamente uma república parlamentarista, os cidadãos e
funcionários do governo não têm participação nas mudanças de governo,
pois a Síria toma todas as decisões políticas e influi decisivamente nas eleições.

O governo e exército libaneses não respeitam os direitos humanos e as diversas
organizações terroristas com sede no Líbano também cometem abusos.

Direitos Legais
Têm havido muitos desaparecimentos e mortes de prisioneiros políticos à espera
de julgamento. Prisões arbitrárias são comuns e alguns presos são retidos por
longo tempo sem processo ou condenação. Há informações de que o uso da
tortura é generalizado. Nas regiões do país controladas pela milícia Hezbolá,
apoiada pelos sírios, aplica-se tão somente a lei islâmica; não há leis específicas
nos acampamentos de refugiados palestinos independentes no sul do país. As
violações dos direitos humanos são abundantes em ambas as regiões. A liberdade
de expressão e de imprensa é garantida por lei e em geral respeitada; contudo,
casos de censura são comuns. O direito de reunião garantido por lei é restringido
pelo governo. Em agosto de 2001, estudantes cristãos fizeram um protesto
pacífico contra o papel da Síria no Líbano e foram agredidos pelas forças de
segurança. Dias antes, outros ativistas anti-sírios foram presos.13

Em agosto de 2001, as forças de segurança libanesas prenderam um jornalista
cristão, num endurecimento da repressão contra dissidentes cristãos antisírios.
Uma semana antes foram presos 200 membros de grupos cristãos que
se opõem ao controle da Síria sobre o Líbano.14

Os habitantes libaneses têm sido vítimas de diversos grupos terroristas rivais
que atuam no Líbano. Estes ora atacam alvos dentro do país, ora Israel no sul;
neste último caso, a população do Líbano é obrigada a suportar o impacto das
represálias. Entretanto, os ataques do Hezbolá e de outros grupos terroristas
apoiados pela Síria contra Israel diminuíram significativamente desde a
retirada de Israel do sul do Líbano, em maio de 2000.

Os Direitos das Mulheres
Violência e estupro domésticos são problemas sociais significativos que
afetam um grande segmento da população. Os crimes de honra são ilegais,
mas as penas aplicadas nesses casos são reduzidas. Embora tecnicamente
as mulheres possam ter a profissão que queiram, há uma grande pressão
social para evitar que a maioria trabalhe. Muitas outras leis no Líbano,
baseadas na legislação islâmica, discriminam mulheres e crianças.

Os Direitos dos Trabalhadores
O trabalho forçado não é ilegal e muitos homens, mulheres e crianças
estrangeiros são compelidos a trabalhar contra a vontade. O trabalho infantil
em geral é crescente. Sob a lei libanesa, as crianças também sofrem de outras
maneiras: abuso infantil, seqüestros e até mesmo a venda de crianças para
agências de adoção é relativamente comum e ignorada pelo governo.

O Tratamento às Minorias
Em geral a liberdade de religião é respeitada, embora exista alguma discriminação
dentro no sistema legal: por exemplo, certos postos do governo só podem
ser ocupados por determinados tipos de muçulmanos. Os refugiados palestinos
que vivem no Líbano não têm direitos nem podem se tornar cidadãos libaneses.

SÍRIA
Tecnicamente, a Síria é uma democracia parlamentar cujos membros são
nomeados por eleições diretas; na prática, o presidente Bashar Assad detém
um poder absoluto. Depois que seu pai Hafez Assad morreu em 10 de junho
de 2000, após 30 anos no poder, Bashar concorreu sem oposição ao posto e,
conseqüentemente, a idade mínima exigida por lei para um presidente foi
reduzida de 40 para 34 anos, a sua idade. Em virtude de uma lei marcial de
emergência em vigor desde 1963, poderosos serviços de segurança e milícias
atuam independentemente uns dos outros e sem qualquer restrição
governamental. Os direitos humanos são significativamente restringidos
pelo governo e os serviços de segurança também cometem graves abusos.

Direitos Legais
Devido ao poder dos serviços de segurança, os direitos legais dos cidadãos
sírios não são respeitados. Prisões arbitrárias, tortura e desaparecimento de
presos ocorrem regularmente. Presos políticos sírios, libaneses e jordanianos
são mantidos incomunicáveis pelo governo por longos períodos de tempo.

Há também soldados israelenses desaparecidos capturados pela Síria e pelo
Hezbolá, a organização terrorista (apoiada pela Síria) sediada no Líbano.
Prisioneiros capturados há 20 anos permanecem desaparecidos. As liberdades
de expressão e imprensa são garantidas por lei, mas severamente restringidas.

A publicação de qualquer "informação falsa" que se oponha "às metas da
revolução" é punida com longas sentenças de prisão. Todos os jornais
pertencem ao governo ou são administrados por ele. Em 2001, dez ativistas
pró-democracia foram presos e acusados de incitar a rebelião, disseminar
mentiras e tentar modificar a constituição à força.15 A liberdade de associação
é rigidamente restringida pelo governo e não há liberdade de reunião.

Os Direitos das Mulheres
Há violência doméstica na Síria, embora não se conheça a sua extensão. O
estupro conjugal é legal e ocorrem crimes de honra. Legalmente, muitas
leis econômicas, como as de herança e segurança social, discriminam as
mulheres. A punição às mulheres por adultério é duas vezes mais severa
do que aos homens. A mulher não pode viajar ao exterior sem a permissão
do marido e, embora trabalhe em todas as áreas, sua participação no
mercado é muito pequena.

Os Direitos dos Trabalhadores
O trabalho infantil é comum, apesar das leis em contrário. Além disso, os
direitos de formar sindicatos e negociar coletivamente são limitados.

O tratamento às minorias
A liberdade de religião em geral é respeitada, com duas exceções: os judeus
são sistematicamente excluídos de participação no governo e carecem de
direitos básicos; e os grupos extremistas islâmicos que se opõem ao governo
são alvo de ataques constantes e discriminação, devido à grande quantidade.
Os curdos são sistematicamente oprimidos pela Síria: eles não podem se
tornar cidadãos, têm poucos direitos e o ensino do seu idioma e de sua
cultura é considerado ilegal pelo governo.

IRAQUE
A Constituição do Iraque assegurava o poder ao Partido Socialista Baath, que
era dominado por Saddam Hussein e seus parentes. Hussein buscava
legitimar seu regime remetendo-se a um "referendo" de outubro de 1995,
no qual recebeu 99,9% dos votos. Entretanto, essa eleição não tinha cédulas
secretas nem candidatos de oposição e cidadãos iraquianos declararam que
temiam represálias caso votassem contra (o governo). O histórico do Iraque
em matéria de direitos humanos indica que esse temor era justificado – o
governo do Iraque cometia sérias violações aos direitos humanos, fundamentalmente
por intermédio de milícias que atuavam (e ainda atuam) no
país como instrumento de manutenção da atmosfera de medo e opressão.

Direitos Legais
Os métodos da polícia iraquiana estavam entre os mais brutais do mundo. Os
cidadãos eram rotineiramente presos e executados por crimes como deserção,
críticas ao governo e prostituição. Além disso, delinqüentes acusados de
crimes menores eram comumente assassinados em massa como parte de
uma "limpeza" concebida para reduzir a população carcerária. Autoridades
políticas ou religiosas consideradas ameaças a Saddam ou a outros membros
do governo eram mortas sem qualquer escrúpulo nem acusação de um
crime específico, cujos acusados raramente tinham direito a julgamentos
justos, uma vez que qualquer decisão judicial poderia ser anulada pelo
presidente. Algumas vezes absolutamente não havia julgamento. A tortura
era uma prática sistemática nas prisões iraquianas. Apesar de o governo
oficialmente respeitar os direitos de liberdade de expressão, imprensa, reunião
e associação, na prática todos eram restringidos. O governo era proprietário
de todos os jornais do país, dirigidos como fontes de propaganda. Qualquer
declaração criticando o governo era severamente punida, cidadãos que se
reuniam pacificamente eram reprimidos e muitas vezes atacados pelas
milícias do governo. Havia alegações freqüentes de graves crimes de guerra
contra o Iraque. Atrocidades cometidas durante a Guerra Irã-Iraque entre
1980 e 1988, bem como durante a Guerra do Golfo em 1991, se repetiam
até recentemente, quando forças iraquianas em combate com o exército
curdo – que controla o norte do Iraque – regularmente atacavam civis e
instalavam minas em áreas civis. Os inspetores das Nações Unidas que
monitoravam os depósitos de armas químicas e militares foram sumariamente
expulsos em 1997.

Os Direitos das Mulheres
Existe violência doméstica no Iraque, mas não há estatísticas de sua
freqüência. Os crimes de honra são legítimos sob a lei iraquiana e a prostituição
em geral é punida com a decapitação. Há muitas leis em vigor que garantem
os direitos das mulheres no mercado de trabalho, mas é difícil determinar se
obtiveram êxito em produzir igualdade.

Os Direitos dos Trabalhadores
Os trabalhadores praticamente não têm direitos no Iraque. Os sindicatos são
ilegais e, embora o trabalho forçado seja tecnicamente ilegal, recusar um
emprego pode levar a uma sentença de prisão. O trabalho infantil é comum,
apesar das leis em contrário.

O Tratamento às Minorias
A liberdade de religião, embora tecnicamente em vigor, não era respeitada
pelo governo (de Saddam Hussein). Embora a maioria da população seja
constituída de muçulmanos xiitas, a minoria sunita controlava o Partido
Baath. Assim, os líderes religiosos e laicos xiitas eram freqüentemente assassinados
ou reprimidos. A pequena comunidade cristã era submetida a abusos.

Os curdos que controlam o norte do Iraque também eram duramente oprimidos.
Eles eram proibidos de viver no Iraque propriamente dito e os que viviam no
norte eram vítimas, da parte dos militares iraquianos, de atrocidades como
torturas, execuções sumárias e ataques aos centros civis com armas químicas.

EGITO
Conforme a sua Constituição, o Egito é uma social-democracia na qual o islã
é a religião oficial. Todavia, o presidente e seu Partido Democrático Nacional
controlam a cena política a tal ponto que os cidadãos não têm a menor
possibilidade de mudar o governo. Existe uma Lei de Emergência, em vigor
desde 1981, que permite ao governo deter pessoas arbitrariamente e sem
acusação, negando regularmente os direitos legais aos cidadãos egípcios

Direitos Legais
As liberdades de expressão e de imprensa são garantidas pela Constituição,
mas raramente são respeitadas na prática. O governo possui e controla os três
principais jornais e detém o monopólio de impressão e distribuição. Por isso,
raramente os jornais criticam o governo e a distribuição de jornais dos partidos
de oposição é limitada. Intelectuais e funcionários públicos que criticam o
governo em geral são acusados de crime de injúria, difamação ou de "disseminar
informação falsa sobre o Egito" e são presos. As liberdades de associação e
reunião são severamente restringidas. A tortura, física ou psicológica, apesar
de ser oficialmente ilegal, é comum. Em 2000 noticiou-se que pelo menos oito
presos morreram vítimas de tortura. As condições das prisões são péssimas. A
polícia egípcia pratica rotineiramente prisões arbitrárias e mantém os presos
por um longo tempo sem acusação, processo ou acesso a um advogado.


"O regime autocrático [do Egito], estabelecido há meio século sob
a bandeira do nacionalismo e socialismo árabes, está politicamente
exaurido e moralmente falido. O senhor Mubarak, que somente
conteve os extremistas islâmicos mediante torturas e massacres,
não tem um programa político moderno nem uma visão de
progresso para oferecer ao seu povo como alternativa à vitimologia
muçulmana de Osama bin Laden. Aqueles egípcios que tentam
promover um programa desta ordem... são encarcerados
injustamente. Por outro lado, o senhor Mubarak faz autopromoção
às custas de US$ 2 bilhões ao ano em ajuda norte-americana, ao
mesmo tempo em que permite e até mesmo estimula que líderes
religiosos e mídia controlados pelo Estado promovam a propaganda
anti-ocidental, anti-moderna e anti-judaica dos extremistas
islâmicos. A polícia serve aos seus interesses ao desviar a atenção
da frustração popular com a falta de liberdade política ou
desenvolvimento econômico no Egito. Isso também explica por
quê tantos recrutados de Osama bin Laden são egípcios".
- Editorial do Washington Post, 11 de outubro de 2001


Os Direitos das Mulheres
A violência doméstica é um problema sério no Egito; um relatório concluiu
que, a cada três mulheres casadas, uma é agredida por seu marido. Além
disso, o estupro conjugal é consentido. A mutilação genital feminina ainda
existe e a maior parte das mulheres é submetida a esse procedimento. No
mundo dos negócios há garantias de pagamento igualitário para homens
e mulheres, mas há fortes pressões sociais contra o emprego feminino.

Juridicamente, muitas leis, em particular as de herança, favorecem os
homens. Além disso, homens que matam mulheres em crimes de honra
recebem sentenças significativamente menores do que mulheres que
cometem crimes em circunstâncias semelhantes.

Os Direitos dos Trabalhadores
As leis trabalhistas no Egito não funcionam adequadamente para membros
dos sindicatos; a greve é ilegal e passível de pena de prisão. Muitas leis
trabalhistas impostas pelo governo não são aplicadas, como as de salário mínimo
e número máximo de horas trabalhadas. Embora o trabalho infantil tenha sido
um problema no Egito, recentemente tem se notado algum progresso.

O Tratamento às Minorias
O Egito garante liberdade de religião e, em geral, as comunidades judaicas e
cristãs são bem tratadas. Todavia, algumas vezes a minoria cristã é discriminada
e há denúncias de conversões forçadas ao islã. Membros da fé Bahái
são categoricamente proibidos de praticar sua religião ou de viver no Egito.

AUTORIDADE PALESTINA
O histórico lamentável da Autoridade Palestina em matéria de direitos
humanos piorou após o início da intifada de Al-Aksa. Em setembro de 2000,
membros dos serviços de segurança palestinos e os tanzim da Fatah
participaram de ataques violentos contra civis e soldados israelenses. Como
palestinos armados quase sempre lançavam seus ataques nas proximidades
dos lares de civis palestinos, quando Israel respondia ao fogo, seus residentes
muitas vezes eram feridos ou mortos. As forças de segurança palestinas não
puderam evitar que palestinos armados abrissem fogo contra israelenses em
lugares onde havia civis presentes.

Direitos Legais
Em 2 de dezembro de 2001, o presidente da Autoridade Palestina, Yasser
Arafat, declarou estado de emergência e assumiu amplos poderes legais. As
forças de segurança da Autoridade Palestina detêm e prendem pessoas
arbitrariamente; prevalecem detenções longas e carentes de um processo
adequado. Os tribunais não garantem processos justos e ativos. O Executivo
e os serviços de segurança da Autoridade Palestina geralmente ignoram ou
não aplicam as decisões judiciais. A Autoridade Palestina não proíbe por lei o
uso da tortura nem da força contra os detentos e há informações de que suas
forças de segurança são responsáveis por tortura e abuso generalizado de
detentos palestinos. Grupos internacionais de monitoramento dos direitos
humanos têm documentado a conduta absolutamente arbitrária e abusiva
da Autoridade Palestina. Essas organizações afirmam que o uso da tortura é
generalizado e não se limita às pessoas presas por razões de segurança. Pelo
menos cinco palestinos morreram sob custódia da Autoridade Palestina em
2001. As forças de segurança da Autoridade Palestina infringiram o direito
dos cidadãos à privacidade e limitaram as liberdades de expressão e de
imprensa ao fechar agências distribuidoras de notícias, proibir publicações
ou transmissões, ameaçar e deter periodicamente membros da mídia. Por
exemplo, após o brutal assassinato de dois soldados reservistas das Forças de
Defesa de Israel (FDI) numa delegacia de polícia de Ramala em 12 de outubro
de 2000, a polícia palestina confiscou os filmes de diversos jornalistas que
presenciaram a cena. Em 4 de outubro, um jornalista estrangeiro filmou três
membros das forças de segurança palestinas distribuindo coquetéis Molotov
para um grande número de crianças. As forças de segurança detiveram o
jornalista e sua equipe durante várias horas e destruíram o rolo de filme. As
ameaças da Autoridade Palestina contribuíram para a prática da autocensura
por parte de muitos comentaristas, repórteres e críticos palestinos.

A Violência Contra Israelenses
A violência palestina durante a intifada de Al-Aksa incluiu violentos comícios,
tiroteios e incidentes nos quais palestinos normalmente arremessavam
pedras e coquetéis Molotov nos postos de controle das FDI. Civis israelenses
e judeus dos territórios se converteram em alvos freqüentes de tiroteios
dirigidos e emboscadas, homens-bomba e outros tipos de bombardeio,
ataques com morteiros e ataques armados a assentamentos e bases militares.

Palestinos que atuavam individualmente ou em pequenos grupos não
organizados, com participação de alguns membros dos serviços de segurança
palestinos, mataram 87 israelenses nos territórios em 2001.

Membros das forças de segurança da Autoridade Palestina fora de serviço e da
facção Fatah do presidente Arafat participaram de alguns desses ataques. Diversos
grupos terroristas palestinos, entre eles Hamas, Jihad Islâmica, Frente Popular
pela Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática pela Libertação da
Palestina (FDLP) e grupos filiados à Fatah, como as Brigadas de Al-Aksa, também
assumiram a responsabilidade pelos ataques, especificamente os que visavam a
civis dentro de Israel propriamente dito. A Autoridade Palestina prendeu algumas
pessoas relacionadas a essas mortes no fim de 2001. Um número calculado em
340 colaboracionistas suspeitos (de Israel) e 180 a 200 presos políticos eram
mantidos nos cárceres da Autoridade Palestina no fim de 2001. Um certo número
de palestinos suspeitos de colaboração com o governo israelense foi preso,
julgado e executado. Outras dezenas deles foram simplesmente assassinadas.16

Os Direitos das Mulheres
Existem abusos conjugais, sexuais e assassinatos em nome da honra, mas
pressões sociais impedem que parte desses incidentes seja informado e boa
parte é tratada entre as famílias envolvidas, em geral pelos homens. As mulheres
palestinas suportam várias formas de dano e repressão social dentro de sua
sociedade. Por se casarem muito cedo, é freqüente que as meninas não
alcancem o nível de escolaridade obrigatório. As restrições culturais impedem
muitas vezes que as mulheres cursem faculdades e universidades. Embora
exista um movimento feminino ativo na Cisjordânia, só recentemente uma
atenção séria tem passado das aspirações nacionalistas para problemas que
afetam em muito as mulheres, como violência doméstica, acesso igualitário à
educação e emprego e leis que dizem respeito a matrimônio e herança. As
mulheres que se casam fora de sua religião, particularmente mulheres cristãs
que se casam com muçulmanos, em geral são renegadas por suas famílias e,
algumas vezes, maltratadas e ameaçadas de morte. Um número crescente de
palestinas trabalha fora de casa, onde tendem a ser discriminadas. Não há leis
específicas que amparem os seus direitos no mercado de trabalho. As mulheres
têm pouca participação em quase todos os aspectos da vida profissional.

Os Direitos dos Trabalhadores
Não há salário mínimo na Cisjordânia ou na Faixa de Gaza nem leis que
protejam os direitos dos trabalhadores em greve. Na prática, os trabalhadores
têm pouca ou nenhuma proteção quanto à retribuição do patrão. No início
de 2000, professores da Cisjordânia entraram em greve. Em 5 de maio do
mesmo ano, membros da Autoridade Palestina prenderam um dos líderes da
greve por criticarem a entidade durante uma entrevista na rádio. A estação
de rádio também foi fechada. Os professores suspenderam a greve em 17 de
maio, apesar de não terem qualquer das suas reivindicações atendida. O
trabalho infantil é um problema.

O Tratamento às Minorias
A liberdade de religião em geral é respeitada pela Autoridade Palestina, embora
não existam leis de proteção. Nos últimos anos, houve denúncias de que
muitos muçulmanos que se converteram ao cristianismo às vezes eram
submetidos a discriminação social e a constrangimento por parte de membros
da Autoridade Palestina. Não existe um padrão de discriminação ou de
constrangimento contra cristãos por parte da Autoridade Palestina.


"È difícil saber o que é mais alarmante – uma nociva declaração
de ódio aos judeus pelo primeiro-ministro da Malásia numa reunião
de cúpula islâmica, esta semana, ou os aplausos unânimes que
recebeu de reis, presidentes e emires presentes. As palavras
proferidas pelo primeiro-ministro Mahathir Mohamad em um
discurso para os 57 membros da Organização da Conferência
Islâmica na quinta-feira foram tristemente familiares: os judeus,
afirmou, podem ser numericamente poucos, mas buscam dominar
o mundo (...) A simpatia pela causa muçulmana não deve ser
confundida com a aceitação do racismo. A maioria dos
muçulmanos ainda é maltratada - por seus próprios líderes, que
se encontram em reuniões de cúpula sem sentido em vez de
oferecer a seus povos o que eles mais precisam: direitos humanos,
educação e democracia".
- Editorial do New York Times Times, 18 de outubro de 2003.


Notas
1 Arab Human Development Report 2002. New York: United Nations, 2002.
2 Daniel Pipes. In the Path of God: Islam and Political Power. New York: Basic Books,
1983, pág.177.
3 Arab Human Development Report 2002. New York: United Nations, 2002.
4 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
5 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
6 Martin Peretz. Remembering Saudi Arabia, The New Republic (28 de janeiro de 2002).
7 Al-Quds Al-Arabi (Londres) (4 de dezembro de 1999).
8 Jerusalem Post (19 de agosto de 2002).
9 Relatório do Departamento de Estado sobre os Direitos Humanos nos Territórios
Ocupados, 1997, 1998.
10 Newsweek (10 de março de 2003).
11 Washington Post (4 de dezembro de 2001).
12 Jewish Telegraphic Agency (9 de agosto de 2002).
13 Jerusalem Report (25 de março de 2002).
14 CNN (16 de agosto de 2001).
15 Jerusalem Post (1 de julho de 2002); BBC News (11 de agosto de 2002).
16 Isabel Kershner. Below of Law, Jerusalem Report (22 de abril de 2002), pág. 32-33.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

15.1 O Tratamento aos Judeus nos Países Árabes/Islâmicos

A SITUAÇÃO ATUAL

Os Judeus na Argélia
População em 1948: 140 mil
Em 2001: menos de 100

A presença de judeus na Argélia contemporânea remonta aos primeiros
séculos da Era Comum. No século XIV, com a deterioração das condições na
Espanha, muitos judeus espanhóis se mudaram para a Argélia. Entre eles
havia uma série de eruditos destacados como Rav Yitschac ben Sheshet
Perfet (o Ribash) e Rav Shimon ben Zemá Duran (o Rashbats). Após a ocupação
do país pela França, em 1830, os judeus adotaram gradualmente a cultura
francesa e lhes foi concedida a cidadania francesa.1

Em 1934, incitados pelos acontecimentos na Alemanha nazista, muçulmanos
de Constantinopla (atual Istambul) em fúria mataram 25 judeus e feriram
muitos outros. Após a independência, em 1962, o governo argelino passou a
atormentar a comunidade judaica e privou os judeus de seus direitos
econômicos. Como resultado disso, quase 130 mil judeus argelinos emigraram
para a França. Desde 1948, 26.681 judeus argelinos emigraram para Israel. A
maioria dos judeus remanescentes vive em Argel, mas também há pessoas em
Orã e Blida. Eles têm liberdade de religião e os líderes da comunidade judaica
fazem parte de funções estatais cerimoniais. Não há um rabino residente.2

Em 1994, a organização terrorista Grupo Islâmico Armado (GIA) declarou
sua intenção de eliminar os judeus da Argélia, mas até agora não há notícia
de ataques.3 Em seguida a esse anúncio, muitos judeus deixaram a Argélia e
a única sinagoga foi abandonada.4 Todas as demais sinagogas já haviam
virado mesquitas.


Os Judeus no Egito
População em 1948: 75 mil
Em 2001: 100

Entre junho e novembro de 1948, bombas lançadas contra o bairro judeu do
Cairo mataram mais de 70 moradores e feriram 200.2 Em 1956, o governo
egípcio usou a campanha do Sinai como pretexto para expulsar quase 25 mil
judeus e confiscar suas propriedades. Aproximadamente outros mil judeus
foram enviados para prisões e campos de detenção. Em 23 de novembro de
1956, uma declaração assinada pelo ministro de Assuntos Religiosos, e lida
em voz alta nas mesquitas por todo o Egito, dizia que “todos os judeus eram
sionistas e inimigos do Estado”, e prometeu que eles seriam expulsos em
breve. Milhares de judeus receberam ordens para deixar o país. Receberam
permissão para levar apenas uma mala e uma pequena soma em dinheiro e
foram obrigados a assinar declarações "doando" suas propriedades ao governo
egípcio. Observadores estrangeiros relataram que membros de famílias
judaicas foram feitos reféns, aparentemente para assegurar que os que
estavam sendo forçados a partir não criticariam o governo egípcio.3

Quando estourou a guerra em 1967, as casas e as propriedades dos judeus
foram confiscadas. A atitude do Egito com relação aos judeus refletia, naquela
época, a de centenas de veteranos nazistas que receberam permissão para
se estabelecer no Egito e ganharam postos no governo. O chefe da Gestapo
polonesa, Leopold Gleim (que havia sido condenado à morte à revelia),
controlava a polícia secreta egípcia.

Em 1979, a comunidade judaica do Egito foi a primeira do mundo árabe a
estabelecer contato oficial com Israel, que agora tem uma embaixada no
Cairo e um consulado geral em Alexandria. Atualmente, os poucos judeus
remanescentes têm liberdade para praticar o judaísmo sem restrições ou
atribulações. A sinagoga Shaar Hashamaim é a única em funcionamento no
Cairo. Das muitas sinagogas de Alexandria, somente a Eliahu Hanavi está
aberta para serviços religiosos.4

O anti-semitismo na imprensa egípcia é encontrado principalmente, mas
não exclusivamente, nos jornais de oposição. O governo tem condenado o
anti-semitismo e aconselhando jornalistas e caricaturistas a evitar o antisemitismo.
Não têm ocorrido incidentes anti-semitas nos últimos anos contra
a minúscula comunidade judaica.5

Em setembro de 2000, iniciou-se a construção de uma ponte rodoviária
sobre o antigo cemitério judaico de Basatin, no Cairo. O ministério da Habitação
do Egito e o grupo de judeus ultra-ortodoxos americanos Atra Cadisha
forneceram cooperação e recursos. As obras não afetarão qualquer túmulo e
respeitarão a lei judaica que diz respeito a cemitérios.

O anti-semitismo é crescente na imprensa controlada pelo governo e aumentou
em 2000 e 2001, após o reinício da violência em Israel e nos territórios. Em
abril de 2001, o colunista Ahmed Ragheb lamentou o fracasso de Hitler em
aniquilar os judeus. Em maio de 2001, um artigo no jornal Al-Akhbar atacou
europeus e americanos por acreditarem num falso Holocausto.6

Os Judeus no Irã
População em 1948: 100 mil
Em 2001: 11.500

A comunidade judaica da Pérsia, atual Irã, é uma das mais antigas da diáspora
e suas raízes históricas remontam ao século VI AEC, à época do primeiro
templo. Sua história no período pré-islâmico está entrelaçada com a dos
judeus da vizinha Babilônia. Ciro, o primeiro da dinastia Aquemênida,
conquistou a Babilônia em 539 AEC e permitiu aos exilados judeus que
retornassem à terra de Israel, encerrando o primeiro exílio. As colônias judaicas
estavam dispersas nas regiões centrais da Babilônia e até as províncias
persas e cidades como Hamadã e Susã.

Os livros de Ester, Esdras, Neemias e Daniel dão uma descrição favorável do
relacionamento entre os judeus e a corte dos aquemênidas em Susã. Sob a
dinastia Sassânida (226-642 EC), a comunidade judaica da Pérsia cresceu
consideravelmente e se espalhou pela região; todavia, os judeus foram
sistematicamente oprimidos e perseguidos. A invasão dos árabes
muçulmanos em 642 EC acabou com a independência da Pérsia, instalou o
Islã como religião oficial e causou um profundo impacto sobre os judeus, por
modificar o seu status sócio-político. Durante o século XIX, os judeus foram
perseguidos e discriminados. Houve ocasiões em que comunidades inteiras
foram forçadas à conversão. Ocorreu uma considerável emigração para a
Terra de Israel e o movimento sionista espalhou-se por toda a comunidade.

Sob a dinastia Pahlevi, estabelecida em 1925, o país foi secularizado e
ocidentalizado. Isso foi muito benéfico para os judeus, que foram emancipados
e desempenharam um importante papel na economia e na vida cultural. Às
vésperas da revolução islâmica de 1979, 80 mil judeus viviam no Irã. Com o
início da revolta, dezenas de milhares, especialmente os mais ricos,
abandonaram o país, deixando para trás valioso patrimônio.

O Conselho da Comunidade Judaica, estabelecido após a Segunda Guerra
Mundial, é o órgão representativo da comunidade. Os judeus também têm
um representante no Parlamento que é obrigado, por lei, a apoiar a política
exterior iraniana e sua posição anti-sionista. Apesar da distinção oficial
entre judeus, sionistas e Israel, a acusação mais comum enfrentada pelos
judeus é a de manter contatos com sionistas.

A comunidade judaica desfruta de uma certa liberdade religiosa, mas enfrenta
a suspeita constante de cooperar com o Estado sionista e a "América
imperialista" – ambas atividades puníveis com a morte. Judeus que pedem
um passaporte para viajar ao exterior só podem fazê-lo num escritório especial
e são imediatamente colocados sob vigilância. Em geral, o governo não
permite que todos os membros de uma mesma família viajem ao mesmo
tempo, a fim de impedir a emigração judaica. Devido às restrições impostas
a minorias religiosas, os judeus vivem mais uma vez sob a condição de
dhimi. Seus líderes temem represálias do governo e chamam a atenção para
os maus tratos sofridos por suas comunidades.

A mídia oficial divulga propaganda anti-semita regularmente. Um exemplo
claro é a publicação estatal dos Protocolos dos Sábios de Sion, uma notória
fraude czarista, em 1994 e 1999.2 Os judeus também sofrem diversos graus
de discriminação sancionada oficialmente, em particular nos campos do
emprego, educação e habitação pública.3

A islamização do país impõe controle rígido sobre as instituições educacionais
judaicas. Antes da revolução havia 20 escolas judaicas funcionando em
todo o país, mas nos últimos anos a maioria delas foi fechada. Nas
remanescentes, os diretores judeus foram substituídos por muçulmanos.

Ainda há, em Teerã, três escolas nas quais os alunos judeus são maioria. O
currículo é islâmico e o uso da língua persa para os estudos judaicos é
proibido. Aulas especiais em hebraico são dadas às sextas-feiras pela
organização ortodoxa Otsár Hatorá, responsável pela educação judaica
religiosa. O sábado não é reconhecido oficialmente como o shabát judaico e
os alunos judeus são obrigados a ir à escola nesse dia. Existem três sinagogas
em Teerã, mas desde 1994 não há rabinos no Irã e o bêt din não funciona.4

O Irã rompeu relações com Israel após a derrubada do xá Reza Pahlevi e a
declaração de um Estado islâmico em 1979. Depois disso, o país passou a
apoiar muitas das organizações terroristas islâmicas que têm por alvo judeus e
israelenses, em particular o Hezbolá, com sede no Líbano. Não obstante, a
comunidade judaica do Irã é a maior do Oriente Médio fora de Israel. Em 1999, na
véspera de Pêssach (a Páscoa judaica). 13 judeus de Shirã e Isfahã, no sudeste
do Irã, foram presos e acusados de espionagem para Israel e para os Estados
Unidos. Entre os presos havia um rabino, um shochêt (açougueiro que sacrifica
segundo o ritual judaico) e professores. Em setembro de 2000, uma corte de
apelação iraniana ratificou o veredicto de manter os 13 judeus acusados de
espionagem para Israel aprisionados. Dez deles foram considerados culpados de
cooperar com Israel e condenados de dois a nove anos de prisão e três foram
considerados inocentes em primeira instância.5 Em março de 2001, um dos
judeus presos foi posto em liberdade e outro libertado em janeiro de 2002. Os
últimos cinco aparentemente receberam liberdade condicional por período
indeterminado, deixando-os vulneráveis a um encarceramento futuro. Outros
três foram publicamente perdoados pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Camenei.6

Pelo menos 13 judeus foram executados no Irã desde a revolução islâmica
de 1979, em sua maioria por motivos religiosos ou por sua ligação com Israel.
Por exemplo, em maio de 1998, o empresário judeu Ruholá Cakhodá-Zadê
foi enforcado na prisão, sem qualquer condenação pública ou procedimento
legal, aparentemente por ajudar na emigração de judeus.7


Judeus presos no Irã como espiões
Israel e EUA estão exigindo a libertação imediata de 13 judeus presos no Irã
sob acusação de espionagem, afirmando que são moedas de troca e podem
estar motivados por anti-semitismo.

Os 13 judeus de Shirã e Isfahã, no sul do Irã, foram presos na véspera da
Páscoa judaica e acusados de espionar para o "regime sionista" e em favor da
"arrogância do mundo" – referências a Israel e Estados Unidos, respectivamente.
No entanto, as prisões só vieram a conhecimento público em 7 de
junho. Entre os presos estavam um rabino, um shochêt e professores. Em
1997, o Irã capturou duas pessoas acusadas de espionar para Israel e para os
EUA. Um dia antes, em Nova York, o então ministro das Relações Exteriores,
Ariel Sharon, negou veementemente que qualquer dos homens presos
estivesse envolvido com espionagem e afirmou que nenhum deles tinha ou
jamais teve qualquer ligação com os serviços secretos israelenses.
Um dia antes, Washington denunciou as prisões e pediu que o governo
iraniano libertasse os prisioneiros. Fontes governamentais do primeiro escalão
do governo disseram que a administração também estava trabalhando para
pressionar o Irã.

Os judeus de Nova York, que mantêm um contato próximo com ativistas
judeus no Irã, disseram ao jornal israelense Haaretz que as prisões em Shiraz
– que, pelos padrões iranianos, é uma comunidade judaica atuante – podem
ser uma tentativa de impedir que tal atuação se espalhe para outras
localidades do Irã.

Como exemplo da dinâmica de Shiraz, uma fonte cujos interesses comerciais
exigem que se mantenha atenta ao Irã observou que a comunidade tem se
recusado a acatar uma exigência governamental, qual seja, manter seus
negócios abertos no shabát e, por sua vez, fechá-los na sexta-feira. Isso,
segundo ele, enfureceu o governo e aparentemente foi o motivo das prisões.

Entretanto, outros dirigentes judeus de Nova York afirmaram que
compartilham da posição diplomática de que as prisões são resultado de uma
luta pelo poder entre o governo iraniano e as forças contrárias às reformas.
A organização israelense de assistência aos judeus iranianos afirmou que a
França é a melhor esperança para a libertação dos prisioneiros devido às
suas boas relações com o Irã. Os judeus americanos em particular afirmaram
que também depositam suas esperanças na França pela mesma razão.

Nomes dos prisioneiros:
1, 2. David, 25 anos, e Doni Tefilin, 28 (irmãos), presos em Shiraz.
3. Javid Beth Jacob, 40 anos, preso em Shiraz.
4. Farhad Seleh, líder comunitário preso em Isfahã e transferido para Shiraz.
5. Nasser Levi Haim, 45 anos, líder comunitário preso em Isfahã e transferido
para Shiraz.
6. Asher Zadmehror, 48 anos, líder comunitário preso em Isfahã e transferido
para Shiraz.
7. Navid Bala Zadeh, 16 anos, preso em Isfahã e transferido para Shiraz.
8. Nejat Beroukkhim (tio), 35 anos, líder religioso preso em Isfahã e
transferido para Shiraz.
9. Arash Beroukhim (sobrinho), líder religioso preso em Isfahã e transferido
para Shiraz.
10. Farhad, 30 anos, e Faramaz Kashi, 34 anos (irmãos), presos em Shiraz.
11. Shahrokh Pak Nahad, 29 anos, preso em Isfahã e transferido para Shiraz.
12. Ramin Farzam, 35 anos.


Os Judeus no Iraque
População em 1948: 150 mil
Em 2001: aproximadamente 100

No Iraque ainda subsiste uma das mais antigas comunidades judaicas. No
ano 722 AEC, as tribos do norte de Israel foram derrotadas pela Assíria e
alguns judeus foram levados para o que hoje é conhecido como Iraque. Em
586 AEC, estabeleceu-se uma comunidade que cresceu quando os babilônios
conquistaram as tribos do sul de Israel e fizeram os judeus cativos. Nos
séculos seguintes, a região tornou-se mais hospitaleira para os judeus e
converteu-se no lar de alguns dos mais proeminentes eruditos do mundo,
que produziram o Talmud da Babilônia entre 500 e 700 EC.

O Iraque converteu-se num Estado independente em 1932. A comunidade
judaica iraquiana, com 2.700 anos de existência, tem sofrido uma
perseguição horrível desde então, particularmente desde que o movimento
sionista por um Estado se intensificou. Em junho de 1941, o golpe de Rashi
Ali, pró-nazista e inspirado pelo Mufti, provocou revoltas e um pogrom em
Bagdá. Com a cumplicidade da polícia e do Exército, multidões de iraquianos
armados assassinaram 180 judeus e feriram mil. Outras rebeliões antijudaicas
ocorreram entre 1946 e 1949. Após a fundação do Estado de Israel, o sionismo
foi considerado crime capital.

Em 1950, os judeus iraquianos receberam permissão para deixar o país no
prazo de um ano, com a garantia de preservação da sua cidadania. Entretanto,
congelaram-se as propriedades dos judeus que emigraram e foram impostas
restrições econômicas àqueles que optaram pela permanência no país. Entre
1949 e 1951, 104 mil judeus foram retirados do Iraque nas operações
Esdras e Neemias; outros 20 mil saíram clandestinamente através do Irã.2

Em 1952, o governo do Iraque proibiu os judeus de emigrar e enforcou dois
deles em praça pública, após acusá-los falsamente de colocar uma bomba
no escritório da Agência de Informação dos EUA em Bagdá. Junto ao
crescimento das disputas entre facções Baath rivais em 1963, foram impostas
restrições adicionais aos judeus iraquianos remanescentes. A venda de
propriedades foi proibida e todos os judeus foram obrigados a portar carteiras
de identidade amarelas. Após a Guerra dos Seis Dias foram impostas novas
medidas de repressão: os judeus tiveram suas propriedades confiscadas e
contas bancárias congeladas; foram despedidos de cargos públicos, seus
negócios foram fechados, licenças comerciais canceladas e telefones
desconectados. Os judeus foram postos em prisão domiciliar por longos
períodos ou restritos às suas cidades.

A perseguição teve o seu pior momento no fim de 1968. Numerosas pessoas
foram encarceradas após o descobrimento de uma suposta rede de espionagem
constituída de empresários judeus. Quatorze homens – 11 deles judeus –
foram condenados à morte em julgamentos teatrais e enforcados nas praças
públicas em Bagdá; outros morreram vítimas de tortura. Em 27 de janeiro de
1969, a Rádio Bagdá convocou os iraquianos a "comparecerem e desfrutarem
da festa". Cerca de 500 mil homens, mulheres e crianças desfilaram e dançaram
junto aos patíbulos dos quais pendiam os corpos dos judeus enforcados, ainda
balançando. A multidão cantava ritmicamente "morte a Israel" e "morte a
todos os traidores", cuja exposição provocou uma repulsa mundial a que a
Rádio Bagdá reagiu com a seguinte declaração: "Nós enforcamos espiões, mas
os judeus crucificaram Cristo".3 Os judeus permaneceram sob vigilância
constante do governo do Iraque. Um judeu iraquiano (que mais tarde escapou)
escreveu em fevereiro de 1970 no seu diário:

"Úlceras, ataques cardíacos e colapsos nervosos são cada vez
mais freqüentes entre os judeus (...) A desumanização da
personalidade do judeu, resultante de humilhações e tormentos
contínuos (...) tem nos degradado até o mais baixo nível das
nossas faculdades físicas e mentais, e tem nos tirado a capacidade
de recuperação".4

Em resposta à pressão internacional, o governo de Bagdá permitiu,
discretamente, que a maioria dos judeus restantes emigrasse no início da
década de 1970, ao mesmo tempo em que mantinha outras restrições em
vigor. A maior parte dos judeus remanescentes no Iraque está velha demais
para partir. Eles têm sido pressionados pelo governo a entregar, sem
compensação, propriedades avaliadas em mais de US$ 200 milhões.5

O governo também assume retórica anti-semita. Uma declaração feita em
2000 se refere aos judeus como "descendentes de macacos e porcos, e
adoradores do tirano infiel".6

Em 1991, antes da Guerra do Golfo, o Departamento de Estado dos EUA
afirmou que "não há qualquer evidência recente de perseguição aberta a
judeus, mas o regime restringe viagens (particularmente a Israel) e contatos
com grupos judaicos no exterior".

Uma reportagem do Jerusalem Post destacou que 75 judeus haviam fugido
do Iraque nos últimos cinco anos, a maioria dos quais para a Holanda ou para
a Inglaterra. Por volta de 20 emigraram para Israel.7

Apenas uma sinagoga continua a funcionar no Iraque, "uma construção em
ruínas, de pintura gasta, situada numa viela" em Batawin, que já foi o
principal bairro judeu de Bagdá. Segundo o administrador da sinagoga, "há
poucas crianças para fazer bar-mitsvá ou casais para contrair o matrimônio.

Os judeus podem praticar sua religião, mas não lhes é permitido ter emprego
em empresas estatais nem entrar para o exército".8 O rabino morreu em 1996.

Nenhum dos judeus remanescentes é capaz de celebrar a liturgia e só dois
deles sabem o hebraico. O último casamento foi celebrado em 1980.9 O
governo iraquiano restaurou as tumbas do profeta Ezequiel e do escriba Esdras,
também considerados sagrados pelos muçulmanos. A tumba do profeta Jonas
está sendo restaurada. Saddam Hussein, na época, destacou guardas para
proteger os lugares sagrados. Bagdá já teve, um dia, um quinto da sua população
constituída de judeus; outras comunidades surgiram pela primeira vez há
2.500 anos. Hoje, aproximadamente 38 judeus vivem em Bagdá e outro
punhado nas regiões do norte do país controladas pelos curdos.10


Os Judeus no Líbano
População em 1948: 20 mil
Em 2001: menos de 100

Quando os árabes cristãos governavam o Líbano, os judeus eram tratados
com relativa tolerância. Em meados dos anos 1950, aproximadamente sete
mil viviam em Beirute. Entretanto, como judeus num país árabe, sua posição
nunca foi segura e a maioria partiu em 1967.

A guerra civil muçulmano-cristã de 1975-76 foi travada ao redor do bairro
judeu de Beirute, danificando muitas casas, lojas e sinagogas. A maior parte
dos 1.800 judeus libaneses remanescentes saiu do país em 1976, temendo
que a presença síria crescente no Líbano restringisse sua liberdade de emigração.

Em meados da década de 1980, o Hezbolá seqüestrou judeus proeminentes de
Beirute – líderes da minúscula comunidade que permaneceram no país. Quatro
deles foram assassinados. Quase todos os remanescentes estão em Beirute,
onde há um comitê que representa a comunidade.1 Devido à situação política
atual, os judeus não podem praticar sua religião abertamente.

Os Judeus na Líbia
População em 1948: 38 mil
Em 2002: Provavelmente nenhum

Em 5 de novembro de 1945, um selvagem pogrom em Trípoli matou mais de 140
judeus e deixou centenas de feridos. Quase todas as sinagogas foram saqueadas.
Em junho de 1948, rebeldes assassinaram mais 12 pessoas e destruíram
280 casas de judeus.1 Milhares fugiram do país depois que a Líbia tornou-se
independente e membro da Liga Árabe, em 1951. Após a Guerra dos Seis
Dias, a população judaica de sete mil pessoas foi novamente submetida a
pogroms nos quais 18 indivíduos foram mortos e muitos outros feridos, o que
provocou um êxodo que deixou menos de cem judeus na Líbia.

Quando o coronel Kadafi assumiu o poder em 1969, confiscou todas as
propriedades de judeus e cancelou as dívidas com eles. Em 1999, a sinagoga
de Trípoli foi reformada, mas não reaberta.2

A última mulher judia que vivia na Líbia, Esmeralda Meghnagi, morreu em
fevereiro de 2002. Isso marcou o fim de uma das mais antigas comunidades
judaicas do mundo, cujas origens remontavam ao século III AEC.3


Os Judeus no Marrocos
População em 1948: 265 mil
Em 2001: 5.700

Em junho de 1948, rebeliões sangrentas em Oujda e Djerada mataram 44
judeus e deixaram muitos feridos. Naquele mesmo ano teve início um boicote
econômico extra-oficial contra os judeus marroquinos. Em 1956, Marrocos
declarou sua independência e a imigração judaica para Israel foi suspensa
para ser retomada em 1963, quando mais de cem mil partiram para Tel-Aviv.2

Em 1965, o escritor marroquino Said Ghalab descreveu a atitude de seus
compatriotas muçulmanos com relação aos vizinhos judeus:

"O pior insulto possível que um marroquino poderia proferir era
tratar alguém como judeu (... ) Meus amigos de infância
continuam anti-semitas. Eles ocultam seu anti-semitismo
virulento ao argumentar que o Estado de Israel é uma cria do
imperialismo ocidental (...) Todo um mito hitlerista é cultivado
entre a população. Os massacres de judeus por Hitler são
exaltados com entusiasmo. Acredita-se até mesmo que Hitler
não morreu, mas está vivo e bem, esperando-se o seu retorno a
fim de livrar os árabes de Israel".3

Antes de sua morte, em 1999, o rei Hassan tentou proteger a população
judaica, e por isso Marrocos é um dos lugares mais tolerantes em relação aos
judeus no mundo árabe. Os judeus marroquinos, inclusive os que têm
cidadania israelense, visitam livremente amigos e parentes no exterior. Eles
ocupam posições importantes na comunidade empresarial e no governo. A
mais importante organização judaica que representa a comunidade é o Conseil
des Communautes Israelites (Conselho de Comunidades Israelitas), em
Casablanca. Suas funções incluem relações externas, assuntos comunitários
em geral, gerência comunitária, finanças, manutenção dos locais sagrados,
atividades para jovens e vida cultural e religiosa.4

"Os judeus já não moram nos tradicionais melás (bairros) judaicos, mas o casamento inter-religioso é praticamente inexistente.
A comunidade sempre foi religiosa e tolerante (...) A geração
mais jovem prefere continuar sua formação superior no exterior
e tende a não retornar ao Marrocos. Em conseqüência disso, a
comunidade está em processo de envelhecimento".5

Há sinagogas, micvaót (locais para banhos rituais), asilos de velhos e
restaurantes judeus em Casablanca, Fez, Marrakesh, Mogador, Rabat, Tetuã
e Tangier. Todavia, em 1992, a maioria das escolas judaicas estava fechada.
Apenas algumas escolas de Casablanca permanecem ativas e recebem fundos
do governo.

"A comunidade judaica desenvolveu uma fascinante tradição de
rituais e peregrinações às tumbas dos sábios santos. Há 13 desses
locais famosos, com séculos de existência e bem conservados
pelos muçulmanos. A cada ano, multidões de judeus marroquinos
de todo o mundo, inclusive de Israel, aglomeram-se nessas tumbas
em datas especiais. Um festival exclusivamente marroquino, a
Mimuná, é celebrado no Marrocos e em Israel".6

O Marrocos é talvez o melhor amigo de Israel no mundo árabe. O rei Hassan
sempre buscou ser, nos bastidores, uma espécie de mediador do processo de
paz árabe-israelense. Em julho de 1986, recebeu o primeiro-ministro Shimon
Peres6a em nova tentativa de estimular a concórdia. Dois meses depois,
reuniu-se com uma delegação de judeus de origem marroquina que incluiu
um membro do Parlamento israelense. Em 1993, após assinar acordo com a
OLP, o primeiro-ministro Yitzhak Rabin fez uma visita formal ao Marrocos.

Em maio de 1999, o rei Hassan organizou a primeira reunião da União
Mundial de Judeus Marroquinos, em Marrakesh.

Em abril e maio de 2000, o governo marroquino patrocinou uma série de
eventos e conferências com o objetivo de promover o respeito entre as
religiões.7 André Azoulay, conselheiro real e um importante cidadão judeu,
falou da necessidade de respeito e diálogo inter-religioso. Em outubro de
2000, dois jovens marroquinos tentaram atacar uma sinagoga em Tangier. O
rei Mohamed VI declarou publicamente, em discurso televisionado em 6 de
novembro de 2000, que o governo não toleraria que os judeus fossem
maltratados. Os jovens foram condenados a um ano de prisão.


Os Judeus na Síria
População em 1948: 30 mil
Em 2001: menos de 100

Em 1944, depois que a Síria ganhou a independência da França, o novo
governo proibiu a imigração judaica para a Palestina e restringiu severamente
o ensino de hebraico nas escolas da cominidade. Os judeus passaram a
sofrer mais ataques e tiveram suas lojas e produtos boicotados.

Quando foi declarada a partilha da Palestina, em 1947, uma multidão de
árabes em Alepo devastou a comunidade judaica, que existia há 2.500 anos.
Uma grande quantidade de judeus morreu e mais de 200 casas, lojas e
sinagogas foram destruídas. Milhares fugiram para Israel.1

Pouco depois, o governo sírio intensificou a perseguição. A liberdade de ir e
vir foi restringida. Os judeus que tentaram romper esse estado de coisas
acabaram mortos ou condenados a trabalhos forçados.

Era proibido trabalhar para o governo ou em bancos, adquirir imóveis, comprar
telefones ou tirar carta de motorista. Contas bancárias foram congeladas.
Uma pista de aeroporto foi pavimentada sobre o cemitério judaico de Damasco;
as escolas judaicas foram fechadas e entregues aos muçulmanos.

A atitude da Síria com relação aos judeus coincidiu com a chegada ao país de
Alois Brunner, um dos mais notórios criminosos de guerra nazistas. Brunner,
auxiliar de Adolf Eichmann, atuou como assessor do regime de Assad.2

Em 1987 e 1988, a polícia secreta síria deteve dez judeus – que planejavam
escapar ou que haviam feito viagens não autorizadas ao exterior – por suspeita
de violar as leis de viagens e imigração. Vários dos que foram liberados
disseram ter sido torturados enquanto estavam sob custódia.3

Em novembro de 1989, o governo sírio prometeu facilitar a emigração de
mais de 500 mulheres judias solteiras, que ultrapassavam em muito o número
de homens solteiros da comunidade judaica e não tinham como encontrar
maridos disponíveis. Vinte e quatro delas receberam permissão para emigrar
no outono de 1989 e outras 20 em 1991.4

Os judeus da Síria viveram aterrorizados durante anos. O bairro judeu em
Damasco estava sob vigilância constante da polícia secreta, que também
acompanhava serviços religiosos das sinagogas, casamentos, bar-mitsvás e
outras reuniões judaicas. O contato com estrangeiros era rigidamente
monitorado. Era permitido viajar para o exterior em casos excepcionais,
desde que fossem deixados como garantia de US$ 300 a US$ 1.000,
juntamente com familiares que serviam como reféns. No início da década de
1990, a pressão aplicada pelos EUA durante as negociações de paz ajudou a
convencer o presidente Hafez Assad a suspender essas restrições, bem como
aquelas que proibiam os judeus de comprar e vender propriedades.

Numa operação descoberta no fim de 1994, 1.262 judeus sírios foram levados
para Israel. O rabino Abraham Hamra, líder espiritual da comunidade judaica
síria por 25 anos, estava entre os que deixaram a Síria e foram para Nova
York (depois ele se fixou em Israel). A Síria concedeu vistos de saída sob a
condição de que os judeus não fossem para Israel.5 A decisão de finalmente
liberar os judeus veio em grande medida como resultado da pressão dos EUA
após a conferência de paz de Madrid, em 1991.

No fim de 1994, a sinagoga Ioav ben Zeruiá, de Alepo, em contínua atividade
por mais de 1.600 anos, estava deserta. Um ano depois, 250 judeus ainda
viviam em Damasco, por decisão própria.6 Em meados de 2001, o rabino Huder
Shahada Kabariti calculou 150 judeus vivendo em Damasco, 30 em Haleb e 20
em Kamashili. A cada dois ou três meses, um rabino chegava da Turquia para
supervisionar a preparação de carne, que os residentes congelavam e consumiam
até sua próxima visita. Duas sinagogas permanecem abertas em Damasco.7

Embora os judeus ainda sejam ocasionalmente submetidos a violência por manifestantes
palestinos na Síria, o governo tem tomado rígidas medidas de proteção,
o que inclui a prisão de assaltantes e a proteção às sinagogas que restam.8

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, os judeus ainda contam com
uma escola primária em separado para o ensino religioso do judaísmo e é
permitido ensinar hebraico em algumas escolas. Por volta de uma dúzia de
alunos ainda freqüenta a escola judaica, que recentemente, em 1992, teve
500 estudantes. Judeus e curdos são as únicas minorias proibidas de participar
do sistema político. Além disso, "os poucos judeus remanescentes em geral
são impedidos de ter empregos públicos e estão isentos do serviço militar
obrigatório. Fazem parte da única minoria cujos passaportes e documentos
de identidade destacam sua religião".9

Os Judeus na Tunísia
População em 1948: 105 mil
Em 2001: 1.5001

Depois que a Tunísia ganhou a independência em 1956, foram promulgados
diversos decretos governamentais antijudaicos. Em 1958, o Conselho da
Comunidade Judaica da Tunísia foi fechado e antigas sinagogas, cemitérios
e bairros judeus destruídos para dar lugar à "renovação urbana".2

A situação cada vez mais instável fez com que mais de 40 mil judeus tunisianos
imigrassem para Israel. Em 1967, a população judaica havia sido reduzida a
20 mil pessoas.

Durante a Guerra dos Seis Dias, os judeus foram atacados por uma multidão
revoltada que incendiou sinagogas e lojas. O governo condenou a violência
e o presidente Habib Bourguiba se desculpou com o rabino-chefe. O governo
pediu à comunidade judaica que ficasse, mas não impediu quem quisesse
partir. Sete mil pessoas emigraram para a França.

Em 1982, houve ataques a judeus nos povoados de Zarzis e Ben Guardane.
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o governo "atuou decisivamente
para oferecer proteção à comunidade judaica".3

Em 1985, um guarda tunisiano abriu fogo contra fiéis de uma sinagoga em
Djerba e matou cinco pessoas, quatro delas judias. Desde então, o governo
tem buscado impedir outras tragédias e dá proteção especial aos judeus
tunisianos quando necessário. Depois que Israel bombardeou os escritórios
da OLP nos arredores de Túnis, em 1o de outubro de 1985, "o governo adotou
medidas extraordinárias para proteger a comunidade judaica".4 Após a tragédia
no Monte do Templo, em outubro de 1990, "o governo criou uma forte
segurança ao redor da principal sinagoga de Túnis".5

Djerba tem um jardim de infância judaico. Há também seis escolas primárias
(três em Túnis, duas em Djerba e uma na cidade costeira de Zarzis) e quatro
secundárias (duas em Túnis e duas em Djerba), bem como ieshivot em Túnis e
Djerba. A comunidade tem dois asilos para idosos. O país tem diversos restaurantes
casher e seis rabinos oficiantes: o rabino-chefe e outros quatro em Túnis e um
em Djerba. A maior parte da comunidade judaica cumpre as leis de cashrut.

"Muitos turistas visitam a sinagoga El Ghirba, de Djerba, no
povoado de Hara Sghira. Embora a construção existente seja de
1929, acredita-se que sempre houve uma sinagoga ativa neste
local nos últimos 1.900 anos. Os judeus tunisianos têm muitos
rituais e celebrações singulares e coloridas, incluindo a
peregrinação anual a Djerba, que ocorre durante o Lag Baómer.
O Museu Bardo em Túnis tem uma ala que expõe exclusivamente
objetos judaicos rituais".6

Hoje, os 1.300 judeus constituem a maior minoria religiosa nativa do país.
"O governo garante à comunidade judaica liberdade de culto e paga o salário
do grão-rabino" da comunidade.7

Em outubro de 1999, a comunidade elegeu pela primeira vez, desde a
independência da Tunísia em 1956, o Comitê Judaico da Tunísia.8

Em 11 de abril de 2002, um caminhão de gás natural explodiu junto ao muro
externo da sinagoga de Griba, na ilha de estação de férias em Djerba.

Funcionários tunisianos afirmaram que o caminhão havia se chocado
acidentalmente contra o muro da sinagoga, mas um grupo vinculado à rede
Al-Qaeda, de Osama bin Laden, assumiu a responsabilidade pelo ataque
terrorista à mais antiga sinagoga da África. A explosão matou 17 pessoas,
entre elas 11 turistas alemães.9

Os Judeus no Iêmen
População em 1948: 55 mil (em Aden: outros 8 mil)
Em 2001: menos de 2001

Em 1922, o governo do Iêmen reintroduziu uma antiga lei islâmica que exigia
a conversão obrigatória ao Islã de órfãos judeus menores de 12 anos. Em
1947, após a aprovação da partilha da Palestina, muçulmanos rebelados,
juntamente com a força policial local, empreenderam um sangrento pogrom
em Aden que levou à morte de 82 judeus e destruiu centenas de lares judeus.

A comunidade judaica de Aden ficou economicamente paralisada, pois a maior
parte das lojas e negócios dos judeus foi destruída. No início de 1948, a falsa
acusação do assassinato ritual de duas meninas provocou uma onda de saques.2

Essa situação cada vez mais perigosa levou à emigração de quase toda a
comunidade judaica iemenita – quase 50 mil pessoas – entre junho de
1949 e setembro de 1950, na Operação Tapete Mágico. Permitiu-se que
uma migração menor continuasse até 1962, quando uma guerra civil
interrompeu abruptamente qualquer êxodo judeu posterior.

Até 1976, quando um diplomata americano se encontrou com uma pequena
comunidade judaica numa região remota no norte do Iêmen, acreditava-se
que a comunidade judaica iemenita estava extinta. Em conseqüência disso,
a situação dos judeus iemenitas passara desapercebida para o mundo exterior.
Soube-se, então, algumas pessoas ficaram para trás durante a Operação
Tapete Mágico porque parentes não quiseram abandonar parentes doentes
ou idosos. Esses judeus foram proibidos de emigrar e manter contato com
parentes no exterior. Eles foram isolados e confinados, dispersos por regiões
montanhosas no norte do Iêmen e carentes de alimentos, roupas, assistência
médica e artigos religiosos. Em conseqüência disto, alguns judeus iemenitas
abandonaram sua crença e se converteram ao Islã.

Por um curto período de tempo, organizações judaicas receberam permissão
para viajar livremente pelo Iêmen, distribuindo livros em hebraico e materiais
à comunidade judaica.3

Hoje, os judeus são a única minoria religiosa nativa ao lado de um pequeno
número de cristãos, indianos e baháis. A pequena comunidade remanescente
na região norte do Iêmen é tolerada e tem permissão para praticar o judaísmo.
Todavia, seus membros ainda são tratados como cidadãos de segunda classe
e não podem servir no Exército ou ser eleitos para cargos políticos.

Tradicionalmente, os judeus são confinados em determinada região de uma
cidade ou povoado e só podem trabalhar num número limitado de empregos,
em geral agrícolas e artesanais. A posse de propriedades é permitida.4

Os judeus estão dispersos e já não existe uma estrutura comunitária. Há
pouco intercâmbio social com seus vizinhos muçulmanos e são rigidamente
impedidos de se comunicar com o mundo judaico. Acredita-se que existam
duas sinagogas ainda em funcionamento em Saicaya e Amlá. Quanto às leis
dietéticas judaicas, a vida religiosa pouco mudou no Iêmen. Os judeus não
têm permissão para fazer refeições junto aos muçulmanos. O matrimônio
fora da religião é proibido. Apesar da proibição oficial de emigrar, por volta de
400 judeus fugiram para Israel nos últimos anos.5

O Departamento de Estado americano publicou que, em meados de 2000, "o
governo iemenita suspendeu sua prática de permitir que titulares de passaportes israelenses de origem iemenita viajassem para o Iêmen com salvoconduto.

Contudo, iemenitas, israelenses e outros judeus podem viajar livremente
para o Iêmen e dentro do seu território com passaportes não israelenses".6

Em janeiro de 2001, o Partido Popular Geral, governista, permitiu pela primeira
vez que um cidadão judeu iemenita concorresse às eleições parlamentares.

O candidato Ibrahim Ezer foi recomendado publicamente pelo presidente Ali
Abdala Salá como um gesto para o governo americano de Bush, recém empossado,
num esforço para receber ajuda econômica. Mas, logo em seguida,
o Comitê Eleitoral Geral rejeitou a inscrição de Ezer, justificando que um
candidato deve ser filho de pais muçulmanos. Os analistas políticos especularam
que a verdadeira razão foi o desejo de não estabelecer um precedente
que concedesse permissão para um judeu competir por um cargo público.7

Notas
1 Vamberto Morais. A Short History of Anti-Semitism. New York: W.W Norton and Co.,
1976, pág. 11; Bernard Lewis. Semites & Anti-Semites. New York: WW Norton &
Co., 1986, pág. 81.
2 Oxford English Dictionary; Webster’s Third International Dictionary.
3 Documento oficial britânico, Foreign Office, File 371/20822 e 7201/22/31; Elie Kedourie.
Islam in the Modern World. Londres: Mansell, 1980, pág. 69-72.
4 Howard Sachar. A History of Israel: From the Rise of Zionism to Our Time. New York:
A. Knopf, 1979, pág. 196.
5 Lei Jordaniana de Nacionalidade, artigo 3, Official Gazette n° 1.171, 16 de fevereiro
de 1954, pág. 105.
6 De uma carta enviada a M. Rene Mheu, diretor-geral da Organização das Nações
Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), reproduzida no Al-Thawra (3
de maio de 1968).
7 The Religious Ordinances Reader. Ministério da Educação da Síria, 1963-1964, pág. 138.
8 Basic Syntax and Spelling. Ministério da Educação da Síria, 1963.
9 Religious Teaching. Ministério da Educação do Egito, 1966.
10 Modern World History. Ministério da Educação da Jordânia, 1966, pág. 150.
11 David K. Shipler. Arab and Jew. New York: Times Books, 1986, pág. 167, 170, 203.
12 Meyrav Wumser. The Schools of Ba’athism; A Study of Syrian Schoolbooks. District
of Columbia: Middle East Media and Research Institute (MEMRI), 2000, pág. 13.
13 Wurmser, pág. 51.
14 Middle East Media and Research Institute (MEMRI); Parade (23 de junho de 2002),
pág. 13.
15 Jewish Telegraphic Agency (4 de março de 1991).
16 Al-Mussawar (4 de agosto de 1972).
17 Middle East Media and Research Institute (MEMRI).
18 Al-Ahram (28 de outubro de 2002).
19 Jerusalem Post (19 de novembro de 2001).
20 Palestinian Authority Television (14 de outubro de 2000).
21 Palestinian Media Watch, http://www.pmv.org (15 de março de 2000).
22 Bernard Lewis. The Pro-Islamic Jews, Judaism (outono de 1968), pág. 401.
23 Bat Yeor. The Dhimmi. New Jersey: Fairleigh Dickinson University Press, 1985, pág. 43-44.
24 Bat Yeor, pág. 185-86, 191, 194.
25 Norman Stillman. The Jews of Arab Lands. Pensilvannia: The Jewish Publication
Society of America, 1979, pág. 84; Maurice Roumani. The Case of The Jews from
Arab Countries: A Neglected Issue. Tel-Aviv: World Organization of Jews from Arab
Countries, 1977, pág. 26-27; Bat Ye’or, pág. 72; Bernard Lewis, The Jews of Islam.
New Jersey: Princeton University Press, 1984, pág. 158.
26 Stillman, pág. 59, 284.
27 Roumani, pág. 26-27.
28 G.E. Von Grunebaum. Eastern Jewry Under Islam. Viator (1971), pág. 369.
29 New York Times (19 de fevereiro de 1947).
30 Roumani, pág. 30-31; Norman Stillman. The Jews of Arab Lands in Modern Times.
New York: Jewish Publication Society, 1991, pág. 119-122.
31 Bat Yeor, pág. 61.
32 Bat Yeor, pág. 30.
33 Louis Gardet. La Cite Musulmane: Vie Sociale et Politique. Paris: Etudes Musulmanes,
1954, pág.348.
34 Bat Yeor, pág. 56-57.
35 Middle Eastern Studies (1971), pág. 232.
36 Washington Post (25 de fevereiro de 2002).
37 Esquire (fevereiro de 2003).


A SITUAÇÃO ATUAL
Os Judeus na Argélia
1 Congresso Judaico Mundial, Comunidades Judaicas do Mundo (http://
www.virtual.co.il/communi-ties/wjcbook/index.htm).
2 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1991. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1992, pág. 1.339.
3 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
4 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia:
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000.
Os Judeus no Egito
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Howard Sachar. A History of Israel. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pág. 401.
3 Associated Press (26 de novembro de 1956); New York World Telegram (29 de
novembro de 1956).
4 Comunidades Judaicas do Mundo.
5 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia:
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000.
6 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2001. District of Columbia:
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 26 de outubro de 2001.
Os Judeus no Irã
1 Há uma grande divergência entre os números fornecidos para a população judaica.
Segundo o American Jewish Committee (David Singer, ed. American Jewish Year Book.
New York: American Jewish Committee, 2001), são 12.500, enquanto de acordo com
o Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000 (District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado dos
EUA, 5 de setembro de 2000) deve haver algo como 40 mil judeus vivendo no Irã.
2 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
3 Many Jews Choose to Stay in Iran, Associated Press (18 de janeiro de 1998).
4 Comunidades Judaicas do Mundo. Reimpresso sob permissão do Congresso Judaico
Mundial (CJM). Copyright 1997; Instituto do Congresso Judaico Mundial. Relatório
sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of Columbia:
Departamento de Estado, 1997.
5 Schneider, Howard. Iran Court Reduces Penalties for Jews. Washington Post (22 de
setembro de 2000).
6 Jerusalem Post (16 de janeiro de 2002); Washington Jewish Week (31 de outubro
de 2002).
7 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2001. District of Columbia:
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 26 de outubro de 2001.
Os Judeus no Iraque
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Jerusalem Post (13 de dezembro de 1997); Arieh Avneri. The Claim of Dispossession.
Tel-Aviv: Hidekel Press, 1984, pág. 274; Maurice Roumani. The Case of The Jews
from Arab Countries: A Neglected Issue. Tel-Aviv: World Organization of Jews
from Arab Countries, 1977, pág. 29-30; Norman Stillman. The Jews of Arab Lands
in Modern Times. New York: Jewish Publication Society, 1991, pág. 117-119;
Howard Sachar. A History of Israel. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pág. 399.
3 Judith Miller e Laurie Mylroie. Saddam Hussein and the Crisis in the Gulf. New York:
Random House, 1990), pág.34.
4 Max Sawadayee. All Waiting to be Hanged. Tel-Aviv: Levanda Press, 1974, pág. 115.
5 New York Times (18 de fevereiro de 1973).
6 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
7 Jerusalem Post (13 de dezembro de 1997).
8 New York Times Magazine (3 de fevereiro de 1985).
9 Associated Press (28 de março de 1998).
10 Jerusalem Post (28 de setembro de 2002).
Os Judeus no Líbano
1 Maariv, (21 de junho de 1991), Jewish Telegraphic Agency, (22 de julho de 1993)
Os Judeus na Líbia
1 Howard Sachar. A History of Israel. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pág. 400;
Norman Stillman. The Jews of Arab lands in Modern Times. New York: Jewish
Publication Society, 1991, pág. 145.
2 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000 (District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000).
3 Jerusalem Report (11 de março de 2002).
Os Judeus no Marrocos
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Maurice Roumani. The Case of the Jews from Arab Countries: A Neglected Issue . Tel-
Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries, 1977, pág. 32-33.
3 Said Ghallab. Les Juifs Sont en Enfer, Les Temps Modernes (abril de 1965), pág.
2.247-2.251.
4 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1996. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1996; Comunidades Judaicas no Mundo;
Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
5 Comunidades Judaicas no Mundo.
6 Comunidades Judaicas no Mundo.
6a Shimon Peres (1923). Nascido em Wolozyn, na Polônia, em 1934 muda-se para a
Palestina. Une-se, em 1947, ao Haganah, organização militar sionista dirigida por
David Ben-Gurion, que prega a criação de um Estado judeu na Palestina. Em 1948,
quando é proclamado o Estado de Israel, Ben-Gurion torna-se primeiro-ministro e
indica Peres, com 25 anos, para chefiar a Marinha. De 1952 a 1965, trabalha no
Ministério da Defesa. Em 1968 participa da fundação do Partido Trabalhista, que
lidera entre 1977 e 1992. Torna-se primeiro-ministro de 1984 a 1986. Em 1993,
como chanceler, ajuda na negociação do acordo de paz assinado pelo primeiroministro
Yitzhak Rabin com Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da
Palestina (OLP), e ganha o Prêmio Nobel da Paz em 1994. Quando Rabin é assassinado,
em 1995, Peres assume como primeiro-ministro. Perde as eleições de 1996
para o líder do Likud, Benjamin Netanyahu. Em 1999, o trabalhista Ehud Barak vence
as eleições para primeiro-ministro e convida Peres para trabalhar em seu gabinete.
7 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000).
8 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2001. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 26 de outubro de 2001.
Os Judeus na Síria
1 Sachar. A History of Israel: From the Rise of Sionism to Our Time. New York: Alfred A.
Knopf, 1979, pág. 400; Maurice Roumani. The Case of the Jews from Arab Countries:
A Neglected Issue. Tel-Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries,
1977, pág. 31; Norman Stillman. The Jews of Arab Lands in Modern Times. New
York: Jewish Publication Society, 1991, pág. 146.
2 Newsday (1 de novembro de 1987); informação fornecida por Michael McNulty.
3 Direitos Humanos na Síria. New York: Middle East Watch, 1990, pág. 94.
4 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1991. District of
Columbia: Departamento de Estado dos EUA, 1992, pág. 1.610.
5 Jerusalem Post (18 de outubro de 1984).
6 Jerusalem Post (27 de maio de 1995).
7 Associated Press (27 de janeiro de 2000).
8 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000.
9 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 2001. District of
Columbia: Departamento de Estado dos EUA, 2001.
Os Judeus na Tunísia
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Maurice Roumani. The Case of the Jews from Arab Countries: A Neglected Issue. Tel-
Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries, 1977, pág. 33; Norman
Stillman. The Jews of Arab Lands in Modern Times. New York: Jewish Publication
Society, 1991, pág. 127.
3 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1982. District of
Columbia: Departaasmento de Estado dos EUA, 1983, pág. 1.290-1.291.
4 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1985. District of
Columbia: Departamento de Estado dos EUA, 1986, pág.1.321.
5 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1990. District of
Columbia: Departamento de Estado dos EUA, 1991, pág.1.664-1.665.
6 Comunidades Judaicas no Mundo.
7 Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos por Países para 1997. District of
Columbia: Departamento de Estado, 1997.
8 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2000. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 5 de setembro de 2000.
9 Washington Post (17 e 23 de abril de 2002).
Os Judeus no Iêmen
1 David Singer, ed. American Jewish Year Book 2001. New York: American Jewish
Committee, 2001.
2 Howard Sachar. A History of Israel. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pás. 397-98;
Maurice Roumani. The Case of the Jews from Arab Countries: A Neglected Issue. Tel-
Aviv: World Organization of Jews from Arab Countries, 1977, pág. 32-33; Norman
Stillman. The Jews of Arab Lands in Modern Times. New York: Jewish Publication
Society, 1991), pág. 498.
3 Jerusalem Post (15 de fevereiro de 2002); Jewish Telegraphic Agency (26 de fevereiro
de 1992).
4 Comunidades Judaicas no Mundo; Relatório sobre as Práticas em Direitos Humanos
por Países para 1997. District of Columbia: Departamento de Estado, 1997.
5 Comunidades Judaicas no Mundo.
6 Relatório Anual sobre Liberdade Religiosa Internacional 2001. District of Columbia;
Agência por Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Departamento de Estado
dos EUA, 26 de outubro de 2001.
7 Jerusalem Post (30 de janeiro de 2001).