quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Aborígene canadense diz aos árabes "palestinos": parem de se comparar ao meu povo



Por Ryan Bellerose



Eu sou um Métis do norte de Alberta. Meu pai, Mervin Bellerose, foi co-autor do 'Métis Settlements Act' de 1989, que foi aprovado pelo Legislativo de Alberta em 1990 e que consolidou os direitos de nossa terra.
Eu fundei o "Canadians For Accountability", um grupo de defesa dos direitos dos nativos e sou um organizador e participante do movimento "Idle No More" em Calgary. E eu sou um sionista.

... Meu povo, os Métis, veio a Alberta após a Revolução Americana, a pedido do nosso governo, para evitar o assentamento dos americanos no oeste do Canadá.

Nós nos estabelecemos na terra e seguimos as regras do homem branco. Mas acabamos sendo expulsos, nossas casas foram dadas aos pioneiros brancos. Ninguém nos queria.
Fomos forçados a viver na clandestinidade, nas estradas, no meio do mato. Nós não tinhamos direitos e fomos mortos a torto e a direito, como se fossemos meros "inconvenientes".


O exílio quebrou a nossa nação. Nosso povo vagava sem esperança e sem casa. Então, em meados de 1900, os nossos líderes asseguraram nosso direito a terra. Não a terra que queriamos, mas a terra que nos permitiria construir um futuro melhor. 
Nós a aceitamos.  Construímos nossos assentamentos e formamos um governo para melhorar a vida do nosso povo.  Nós ainda temos muitos problemas para resolver, é claro!, mas também temos pessoas mais educadas do que nunca e estamos, lentamente, nos tornando auto-suficientes, assim como nossos líderes imaginaram.  Neste ponto, o povo judeu e os Métis trilharam o mesmo caminho.

Os judeus também sofreram com um genocídio e foram expulsos de sua terra natal. Eles também foram rejeitados por todos e forçados a vagar. Como nós, eles se rebelaram contra a injustiça imperial quando necessário e, apesar de seus ressentimentos, esforçaram-se pela paz sempre que possível. 
Como nós, eles receberam apenas uma pequena porção de suas terras de volta depois de séculos de sofrimento e perseguição, uma terra que ninguém mais queria chamar de "casa" até então. Como nós, eles aceitaram essa terra, apesar de seus receios e forjaram uma nação a partir de um povo despedaçado e ferido. E como nós, eles mostram uma vontade consistente de buscar um compromisso para o bem de seu povo. 

...Muitos afirmam que nós, os nativos, temos mais em comum com os palestinos, que sua luta é a nossa luta.  Além dessas semelhanças superficiais, nada poderia estar mais longe da verdade. Além da fácil cooptação da nossa causa, a comparação com os palestinos é absolutamente insustentável. Ela banaliza o nosso sofrimento.

...Por 65 anos, os palestinos têm convencido o mundo de que eles estão em uma situação pior do que muitas outras nações sem Estado, apesar de todas as evidências em contrário.  Os palestinos afirmam ter sido colonizados, mas foram seus próprios líderes os que se recusaram a negociar e que perderam a terra que eles agora querem, por travar uma guerra desnecessária contra Israel.  Eles afirmam ter sofrido um genocídio, mas eles nunca foram vitimas de tal coisa: sua população explodiu de algumas centenas de milhares em 1948 para mais de 4 milhões hoje.  Eles alegam privação, mas suas elites vivem no luxo, enquanto o povo vive na pobreza e em ruínas.


mansão em Gaza (mais fotos em http://www.therealgaza.com/



Além do mais, os líderes palestinos nunca estiveram interessados em uma solução pacífica para o seu povo. A eles foram dadas várias oportunidades para ter seu próprio estado - pela primeira vez na história - e, em todos as vezes eles recusaram, escolhendo a guerra em vez da paz, porque as ofertas nunca foram consideradas suficientes. 
Eles têm, persistentemente, usado o terrorismo para chamar a atenção para sua causa, e seus líderes têm celebrado a morte de civis batizando parques e escolas com os nomes de assassinos (ver aqui, aqui e aqui). E qualquer palestino que questione a retórica maximalista ou que sugira um comprometimento real é imediatamente banido, com a fama de traidor, ou assassinado.



Os palestinos não são como nós. Sua luta não é a nossa luta. Nós, os nativos, acreditamos em trazer a mudança de forma pacífica, e nos recusamos a ser ligados a qualquer um que se envolva em violência contra alvos civis. 

Eu não posso ficar em silêncio e permitir que os palestinos, para ganhar credibilidade às nossas custas, aleguem que têm muito em comum conosco.
Eu não posso me calar enquanto eles banalizam nossa situação, igualando-a a deles, que é em grande parte auto-infligida. Nossa população de mais de 65 milhões foi violentamente reduzida a uns meros 10 milhões, um massacre sem precedentes na história humana.
Comparar nossa historia, de qualquer forma que seja, com a dos palestinos é profundamente ofensivo para mim. Os palestinos perderam a terra que eles reivindicam, mas a eles foram dadas, repetidamente, todas as oportunidades para construir seu estado e fazer uma parceria com os judeus - e eles, persistentemente, recusaram as propostas de paz e escolheram a guerra. Nós nunca recebemos essa chance. Nós nunca fizemos essa escolha.

Texto na integra 

Nenhum comentário: