terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Eleição em Israel

por Barry Rubin
artigo na íntegra

Como já era de se esperar, Israel, mais uma vez, elegeu Benjamin Netanyahu como seu primeiro-ministro. Os resultados não foram tão positivos como esperado, mas foram bons o suficiente para reelegê-lo.

Enquanto alguns podem achar isso paradoxal, os resultados mostram que os israelenses têm um consenso básico e ainda têm maneiras muito diferentes de expressar suas posições políticas. Isso não é surpreendente, dado o fato de que 32 partidos diferentes estavam na disputa.

Primeiro, porém, devo expor um mito que se tornou propaganda de campanha. Houve inúmeros relatos na mídia ocidental afirmando que o eleitorado israelense estava indo muito para a direita, que "não quer a paz" (assim como o correspondente da Globo, Carlos de Lannoy, afirmou no JN de 22/1 ao falar sobre os partidos de direita), e que a democracia israelense estava em perigo. Nada disso tinha qualquer base na realidade e, de fato, os resultados eleitorais mostram a falsidade dessas alegações.

A história principal dessa eleição deveria ter sido a ascensão do partido de extrema-direita HaBayit HaYehudi (partido esse que nunca afirmou ser "contra a paz". Não que o Delanoy se importe...). Na verdade, porém, ele recebeu apenas cerca de 10 por cento dos votos, que é o normal para esse setor. Em comparação, cerca de um terço foi para partidos liberais e/ou de esquerda e cerca de um quarto para partidos centristas.
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A política em Israel não pode ser entendida por analogia com a de outros países. Conflitos de classe/problemas sociais, problemas do processo econômico e nem mesmo a paz são fundamentais na política israelense. No momento, a questão crítica é quem será ou não capaz de formar uma coalizão com o partido de Netanyahu. Muitos votaram no partido de Lapid (a maior surpresa da eleição, de inclinação centrista e "neoliberal") com a idéia de que ele iria entrar em um governo com Netanyahu e ser uma influência moderada pressionando por mais atenção e por melhorias na infra-estrutura nacional.

A idéia de Netanyahu como um direitista está longe da realidade. Ele ter levado o Likud para o centro - embora com uma facção de direita significativa (e que ganhou muito mais espaço nessa eleição) - foi o segredo de seu sucesso na obtenção de duas vitórias eleitorais consecutivas. O fracasso do processo de paz, a segunda intifada, a ascensão do islamismo e o abandono das negociações com Israel por parte dos palestinos fizeram sua análise da situação aceitável para a maioria dos israelenses, enquanto seus adversários se concentravam em mostrar suas credenciais pacifistas, em vez de oferecer alternativas específicas e viáveis.
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Caso você esteja realmente interessado, aqui estão alguns detalhes:

A. decisão de Netanyahu em se unir ao partido de Avigdor Lieberman provavelmente foi um erro, que fez com que muitos de seus eleitores moderados e/ou liberais migrassem para o partido de Lapid.


B. Na ala mais a direita do partido de Netanyahu, que ele perdeu para o partido de Bennett, estão aqueles que queriam expressar seus pontos de vista mais linha-dura ou que acreditavam que poderiam puxar Netanyahu mais para a direita em uma coalizão com Bennett. Isso pode ter custado 3-5 lugares ao Likud de Netanyahu. Ainda assim, o aumento muito exagerado da direita não se materializou, especialmente quando nos lembramos que o partido de Bennett é o único que pode dizer que representa diretamente o setor 'Dati' (Ortodoxo Moderno). Nas eleições de 2000, os dois pequenos partidos de extrema direita tinham 9 lugares, o de Bennett hoje tem 12.

E. Partidos centristas de curta duração, como os de Lapid e Livni, têm sido uma característica da política israelense desde 1977. Todos os partidos do tipo acabaram fracassando após um início promissor, com o Kadima de Livni e Olmert como o mais recente exemplo -- passou de um partido do governo para o esquecimento em menos de uma década. O próprio pai Lapid também dirigiu um desses partidos, que desmoronou sem nunca ter conseguido nada.


F. O voto árabe diminuiu. Isso pode expressar alguma insatisfação com a existência de Israel, mas também significa que os árabes têm pouca margem de manobra para influenciar as políticas do país. Esta é uma das principais razões para explicar o fato de que, apesar de formarem aprox. 20 por cento da população, os arábes não são capazes de ganhar mais do que 7 por cento dos assentos no parlamento. Outra razao é que muitos árabes votam em partidos sionistas (como os druzos e beduinos, que costumam votar no Likud de Netanyahu e no Israel Beiteinu de Lieberman, tendo inclusive parlamentares eleitos nesses partidos).
A desunião árabe também os impediu de se tornar mais um fator político relevante. Em 2000, com uma proporção menor da população, os partidos árabes elegeram 12 parlamentares contra apenas 8 hoje.


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