Para exemplificar o que escrevi acima, vou deixar de lado a enumeração dos assassinos frios, dos terroristas impenitentes e de tantos outros ciminosos que deixaram o duro cárcere israelense em troca do pálido, frágil Shalit, que parece tudo — estudante de filosofia, professor de matemática –, menos soldado, para fixar o foco em duas histórias:
História número um: armadilha mortal do amor
Janeiro de 2001. Ophir Rachum, um garoto tímido de 16 anos de idade de Ashkelon, cidade litorânea 50 quilômetros ao sul de Tel Aviv, desses viciados em internet e que quase não saem de casa, encontra uma parceira num chat. É uma judia recém-emigrada do Marrocos. Trocam mensagens cada vez mais quentes, até que combinam um encontro em Jerusalém. A garota ainda lembra: que ele não se esqueça de trazer camisinhas.
Encontraram-se na principal estação de ônibus de Jerusalém. Pegaram um táxi em direção a Ramallah, a capital da Autoridade Palestina. Perto da cidade, a garota disse que uma amiga os esperava em seu carro. Ophir, feliz da vida, dirigiu-se ao veículo – e lá estavam dois terroristas da milícia Tanzim, que o mataram a tiros.
A “garota marroquina” era na verdade a jornalista palestina Amina Joudah Manssi, de 21 anos, ou Amina Mouna, Amina Mona, Amina Muna, Amana Gouad ou mais meia dúzia de diferentes pseudônimos de que lançava mão na clandestinidade.
Três dias depois, foi presa. Levada a um tribunal, foi condenada à prisão perpétua.
“Estou orgulhosa do que fiz”, dizia, sorrindo, diante do tribunal.
A última mensagem de Ophir encontrada em seu computador dizia:
– Eu te amo.
O pai de Ophir, Shalom, não se conforma até hoje:
– Massacracam meu menino! Foram 28 tiros à queima-roupa! Ela é uma assassina asquerosa. Quando esses animais estiverem de volta às ruas, o terrorismo vai voltar.
História número dois: a criminosa de rosto angelical
Agosto de 2001. Ahlam Tamimi, uma jovem palestina de 20 anos, sorriso claro e rosto angelical, estava assistindo a uma palestra em Jerusalém quando recebeu um telefonema. Era de um “chefe de comando” do Hamas que a conhecia e sabia de seu ódio a Israel. Convidou-a para um encontro, porque iria encarregá-la de uma “missão”.
Ahlam deixou a palestra pela metade e foi avistar-se com o homem, que estava acompanhado de um estudante de Jenin, na Cisjordânia – região sob controle da Autoridade Palestina . Chamava-se Izz al-Masri, era filho de um próspero dono de restaurante mas se candidatara a ser “mártir da revolução” e a “encontrar-se com Alá”.
A jovem prontificou-se a cumprir sua parte na “missão”: vestir-se com roupas características de uma israelense, esconder com ela 10 quilos de dinamite e levar al-Masri a um determinado ponto da cidade.
Pouco depois, a “missão” chegava a seu término: numa pizzaria do centro de Jerusalém, repleta de clientes, al-Masri explodiu o próprio corpo, matando 15 pessoas e ferindo 140. Entre os mortos, uma senhora brasileira: Giora Balash, 60 anos, de São Paulo.
Logo detida, julgada e condenada à prisão perpétua, Ahlam repetiu o refrão dos fanáticos palestinos: “Por que tenho que me arrepender? Não fiz nada errado. Não me arrependo”.
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