segunda-feira, 9 de abril de 2012
Ben-Gurion aprovava ataques à população árabe?
Uma tática comum na guerra contra Israel é citar sionistas e líderes israelenses célebres fora de contexto, distorcendo suas palavras, ou deliberadamente inventando e atribuindo algo. A frase abaixo é atribuída ao primeiro-ministro David Ben-Gurion:
"Devemos usar o terror, o assassinato, a intimidação, a confiscação de terras, e o corte de todos os serviços sociais para libertar a Galiléia da sua população árabe."
Quando citada, a frase é atribuída à biografia "Ben-Gurion: A Biography", de Michael Bar-Zohar, livro já publicado em 14 idiomas. Apesar de citarem a obra, jamais citam a página e edição do livro de que a frase foi retirada, pelo simples fato de que ela não encontra-se nele. Na Amazon é possível fazer uma busca no conteúdo do livro e confirmar que a atribuição é falsa.
Sabendo que a fonte é falsa, resta saber se a frase é uma fabricação pura e simples ou se é alguma distorção. Em uma busca pela frase, é possível também encontrá-la atribuída a Israel Koenig no seu polêmico relatório de 1976. O Relatório Koenig, como é conhecido, é um memorando confidencial escrito pelo autor em abril de 1976, quando então comissário do Ministério do Interior para o distrito norte, contendo uma série de recomendações para lidar com o crescimento demográfico da população árabe no distrito. O relatório foi rejeitado pelo então primeiro ministro Yitak Rabin, denunciado como racista pelo então ministro de relações exteriores Yigal Alon e pelo gabinete.
Não houve mais reação ao documento no governo, até que em novembro do mesmo ano ele foi publicado por um jornal e despertou reações virulentas dentro e fora de Israel, sendo considerado racista, mesmo considerando que representa apenas a opinião do autor. Porém,
mesmo com toda a polêmica envolvida, em uma busca pela frase no relatório, ela também não é encontrada.
A citação de Israel Koenig é atribuída ao livro "Arabs in the Jewish State" de Ian Lustick, que é sua dissertação de doutorado de 1976 publicada em livro em 1980. Igualmente não mencionam página e edição, e de qualquer maneira não tenho acesso ao livro para verificar, mas sabendo-se que a frase não existe no relatório original, e o livro foi publicado originalmente como dissertação acadêmica há mais de 30 anos, é bem óbvio presumir que Ian Lustick, bem conhecido como opositor de Israel, não teria sobrevivido tanto tempo no meio acadêmico se seu primeiro artigo publicado tivesse texto fabricado.
Concluindo então, a frase é simplesmente fabricada e atribuída a vários israelenses de acordo com a conveniência do momento e com a necessidade de autoridade। Atribuí-la David Ben-Gurion confere autoridade, atribuí-la a Israel Koenig facilita a fraude pelo teor já polêmico do seu relatório.
A "Declaração de Beirute" é um plano de paz viável?
Ela consiste basicamente na interpretação árabe da resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, ou seja, o retorno de Israel para as fronteiras de 4 de junho de 1967, a criação de um estado palestino com capital em Jerusalém, e uma solução para o problema dos refugiados baseado na resolução 194 da Assembléia Geral da ONU. Em troca disso Israel teria o reconhecimento de todos os países da Liga Árabe.
A proposta teve apoio dos EUA e UE e repercutiu bastante ao redor do mundo, mas teve pouca ou nenhuma reação séria do governo israelense. Em 2007 ela foi repetida sem alterações e desta vez com o apoio de todos os países da Liga Árabe com exceção da Líbia. Vale notar que o Hamas absteve-se da votação, apesar da Autoridade Palestina ter se manifestado a favor.
"The Council of the League of Arab States at the summit level, at its 14th ordinary session:
Beirut Declaration
REAFFIRMING the resolution taken in June 1996 at the Cairo extraordinary Arab summit that a just and comprehensive peace in the Middle East is the strategic option of the Arab countries, to be achieved in accordance with international legality, and which would require a comparable commitment on the part of the Israeli government.
HAVING LISTENED to the statement made by His Royal Highness Prince Abdullah bin Abdul Aziz, the crown prince of the Kingdom of Saudi Arabia, in which his highness presented his initiative, calling for full Israeli withdrawal from all the Arab territories occupied since June 1967, in implementation of Security Council Resolutions 242 and 338, reaffirmed by the Madrid Conference of 1991 and the land-for-peace principle, and Israel's acceptance of an independent Palestinian state, with East Jerusalem as its capital, in return for the establishment of normal relations in the context of a comprehensive peace with Israel.
EMANATING FROM the conviction of the Arab countries that a military solution to the conflict will not achieve peace or provide security for the parties, the council:
1. Requests Israel to reconsider its policies and declare that a just peace is its strategic option as well.
2. Further calls upon Israel to affirm:
a. Full Israeli withdrawal from all the territories occupied since 1967, including the Syrian Golan Heights to the lines of June 4, 1967, as well as the remaining occupied Lebanese territories in the south of Lebanon.
b. Achievement of a just solution to the Palestinian refugee problem to be agreed upon in accordance with United Nations General Assembly Resolution 194.
c. The acceptance of the establishment of a sovereign, independent Palestinian state on the Palestinian territories occupied since the 4th of June, 1967, in the West Bank and Gaza Strip, with East Jerusalem as its capital.
3. Consequently, the Arab countries affirm the following:
a. Consider the Arab-Israeli conflict ended, and enter into a peace agreement with Israel, and provide security for all the states of the region.
b. Establish normal relations with Israel in the context of this comprehensive peace.
4. Assures the rejection of all forms of Palestinian patriation which conflict with the special circumstances of the Arab host countries.
5. Calls upon the government of Israel and all Israelis to accept this initiative in order to safeguard the prospects for peace and stop the further shedding of blood, enabling the Arab countries and Israel to live in peace and good neighborliness and provide future generations with security, stability and prosperity.
6. Invites the international community and all countries and organizations to support this initiative.
7. Requests the chairman of the summit to form a special committee composed of some of its concerned member states and the secretary general of the League of Arab States to pursue the necessary contacts to gain support for this initiative at all levels, particularly from the United Nations, the Security Council, the United States of America, the Russian Federation, the Muslim states and the European Union."Texto completo
É importante notar como ela apenas reafirma planos e propostas bem antigos, onde o posicionamento israelense à questão é bem conhecido. Velhas negociações são fraseadas de forma diferente e no fundo ela não tem nada de revolucionário. Exigir uma solução para a questão dos refugiados baseando-se na resolução 194 sem reconhecer Israel como estado judaico é um eufemismo para o direito de retorno dos refugiados palestinos, algo inaceitável para Israel. Exigir a volta às fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias. é algo já claramente consolidado na política israelense como impraticável, considerado um suicídio por muitos, e mesmo que possível na prática seria um suicídio político para o responsável. Considerando ainda como a proposta foi apresentada como uma forma de ultimato, cabe fazer a pergunta: por que fazer uma proposta que sabiam claramente ser inaceitável e que seria recusada?
A questão é muito mais complicada do que parece e na verdade a proposta diz muito mais a respeito da situação do próprio mundo árabe do que de uma preocupação legítima com os refugiados palestinos. Segundo artigo de Akiva Eldar, do Haaretz, a iniciativa da proposta não veio da Arábia Saudita. Os primeiros esboços na verdade vieram da Jordânia, tendo sido inicialmente idealizada pelo Dr. Marwan Muashar, que foi o primeiro embaixador jordaniano em Israel e atualmente vice-presidente do Banco Mundial. A Jordânia tem uma preocupação legítima em estabelecer um estado palestino na Cisjordânia e Faixa de Gaza, já que acredita que a única alternativa que restará aos palestinos caso fiquem em terras divididas será buscar cidadana israelense ou jordaniana, e o país não está disposto a fazê-lo, segundo o próprio Dr. Muashar.
A intenção era conseguir que a proposta chegasse a Israel através dos EUA, mas sabendo da pouca influência do pequeno país, o Rei Abdullah da Jordânia propôs que tentasse fazê-lo através do Rei Abdullah da Arábia Saudita. Em agosto de 2001 os sauditas estavam mais ocupados em tentar convencer os EUA a condenar Israel, com o então príncipe Abdullah enviando um documento de 25 páginas ao presidente Bush protestando contra ações israelenses nos territórios palestinos e propondo que os EUA se abstivessem do seu poder de veto contra uma proposta de resolução do Conselho de Segurança condenando Israel. A situação foi resolvida "em família", com o ex-presidente George H.W. Bush, o pai, que é bem próximo à família real saudita, tentando controlar os ânimos.
Menos de um mês depois, a Arábia Saudita ficou em uma posição complicada quando 15 sauditas estavam entre aqueles que realizaram o atentado de 11 de setembro. Subitamente o país perdeu um pouco do chão em que se apoiava para criticar ações israelenses contra o terrorismo e passou a depender de estabelecer novas alianças. Em fevereiro de 2002 o então príncipe Abdullah convidou para um jantar o jornalista Thomas Friedman do "The New York Times", que propôs que na próxima cúpula os 22 membros da Liga Árabe deviam apresentar a Israel uma proposta de paz, envolvendo uma retirada total para as linhas de 4 de junho de 1967 em troca de uma normalização de relações com todos os países. O príncipe concordou dizendo que já tinha um discurso pronto, obviamente baseado na proposta jordaniana do Dr. Muashar que havia sido engavetada.
Nesse ponto surge o evento mais importante dessa novela. Thomas Friedman sugeriu que a idéia deveria ficar registrada oficialmente. No dia seguinte ele recebeu autorização para citar as palavras do príncipe no jornal, que foram bem recebidas nos EUA pelo presidente Bush e pelo primeiro-ministro Ariel Sharon em Israel. Este entrou em contato com o chefe de política exterior da União Européia, Javier Solana, e com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, propondo uma reunião com os sauditas para discussão da proposta. Ariel Sharon propôs fazer um discurso perante a Liga Árabe estabelecendo as condições israelenses para um plano de paz, uma proposta que foi estranhamente recusada pelos outros membros.
Chegamos então à pergunta óbvia que esclarece o mito por trás da proposta: por que rejeitar a presença do primeiro ministro israelense, que ajudaria a estabelecer um plano de paz viável e não mais um monte de exigências extremas, para depois apresentar um plano que saberiam que Israel jamais aceitaria? Porque em 2002 a intenção do plano em momento algum foi buscar uma solução para o problema dos refugiados palestinos. Desde o início o objetivo da proposta foi buscar melhorar a imagem dos árabes em um mundo ainda em choque pelo 11 de setembro, e recriminar Israel por não aceitar uma proposta de paz onde não teve influência direta em uma palavra sequer do texto.
Ao ser apresentada ao mundo como algo revolucionário ela coloca os governos árabes como os pacifistas na questão. Para completar o quadro, ela chegou quase simultaneamente com o ataque terrorista ao Park Hotel em Netanya, que deixou 30 mortos e provocou uma violenta reação israelense, a Operação Escudo Defensivo. Isso fez com que acabasse ainda mais esquecida por Israel e reforçou as segundas intenções.
Em 2007 a proposta foi novamente aprovada, desta vez por todos os membros da Liga Árabe, exceto pela Líbia e com uma abstenção do representante do Hamas, o então primeiro-ministro Ismail Haniye, que considera a organização ainda atada aos "três nãos" da Conferência de Cartum, o não reconhecimento de Israel, a guerra perpétua contra o país, e a não aceitação de quaisquer propostas de negociação. Cabe mencionar que o representante da Autoridade Palestina mostrou-se intransigente em aceitar qualquer alteração no texto da proposta, deixando claro que não negociará com Israel, ou seja, insiste em que ela continue inaceitável para o país. Tanto esforço em manter uma proposta inaceitável perpetuamente inalterada e apresentada sob forma de um ultimato só se justifica se a real intenção por trás dela não é o que está escrito, mas o papel secundário que ela realiza.
Com a indisposição em negociar, nenhum progresso foi feito até hoje. Talvez o único benefício da proposta foi ter levado Israel a dialogar brevemente com alguns países membros que jamais tiveram qualquer razão para manter hostilidades contra o país a não ser o próprio fato de pertencerem à Liga Árabe.
domingo, 8 de abril de 2012
Israel viola a resolução 242 da ONU?
A resolução 242 do Conselho de Segurança é o acordo de armísticio intermediado pela ONU para a Guerra dos Seis Dias em 1967, servindo de base para muitas das negociações posteriores. É certamente o documento mais discutido e mal-interpretado da questão e praticamente todas as exigências feitas a Israel estão ligadas a uma distorção dela devido à ambiguidade do texto, desde o reconhecimento dos refugiados palestinos como nação independente até a retirada israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Há vários trechos críticos na interpretação da resolução. O mais controverso é a frase:
"Withdrawal of Israeli armed forces from territories occupied in the recent conflict;"
Em tradução literal, ele estabelece como princípio para a paz no Oriente Médio, a "retirada de forças armadas israelenses de territórios ocupados no recente conflito".
O ponto mais importante é notar a ausência de uma definição precisa de quais territórios deviam ser desocupados, o que levou os líderes árabes a sempre interpretarem como exigindo uma retirada total, mas essa peculiaridade do texto da resolução não é mero acidente.
O então representante do Reino Unido na ONU e um dos autores do texto da resolução, Lord Caradon, várias vezes já afirmou que a intenção nunca foi de exigir uma retirada total das forças israelenses.
"Muito diversionismo foi feito por não termos dito "os" territórios ou "todos os" territórios, mas isso foi deliberado. Eu mesmo conhecia muito bem as linhas de 1967 [de antes da guerra] e sabia que se tivéssemos colocado "os" ou "todos os", aquilo só poderia significar que desejávamos ver as linhas de 1967 perpetuadas na forma de uma fronteira permanente"
Institute for the Study of Diplomacy, U.N. Security Council Resolution 242, pg. 13
"Nós não dissemos que deveria haver uma retirada para as linhas de 1967; nós não colocamos o artigo "os", não não dissemos "todos os territórios" deliberadamente. Nós sabíamos que as linhas de 1967 não foram traçadas como fronteiras permanentes, mas como uma linha de cessar-fogo de duas décadas antes."
MacNeil/Lehrer Report - 30 de março de 1978
Diante dos protestos do representante da Índia, que junto dos representantes da Nigéria e República de Mali também apresentou uma proposta para a resolução exigindo retirada total, o ministro Abba Eban que esteve envolvido na criação do texto da declaração, e na verdade até apoiava a retirada de Israel, declarou em uma das sessões do Conselho de Segurança:
Se o representante da Índia se encontra em um dilema, ele não deve fugir dele lendo em um texto adjetivos e nomes de lugares que não estão nele. Ele deve saber que as especificações cruciais as quais o texto se refere foram discutidas deliberadaeente e alongadamente em consultas e não foram acidentalmente excluídas de forma a não prejudicar a posição em que todas as partes encontram-se na negociação. As palavras importantes em todas as línguas são as curtas, e cada palavra, curta ou longa, que não estã no texto, não está nele porque foi deliberadamente concluído que não deveria estar.
http://www.mefacts.com/cached.asp?x_id=11935
Outros autores responsáveis também fazem afirmações semelhantes e na realidade a resolução teria sido vetada caso exigisse tal retirada total. Além disso, a resolução condiciona a retirada israelense de territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias para fronteiras seguras e com garantias de paz e segurança, com reconhecimento da sua soberania. Tais cláusulas foram ignoradas completamente pelos líderes árabes, que já haviam reiterado precisamente o oposto na reunião de Cartum, em que liderados pelo presidente Nasser se reuniram para estabelecer um compromisso de uma guerra contínua contra Israel, alegando que o país não tinha direito à paz, não seria reconhecido pelos países membros do encontro e não entrariam em negociações, precisamente o oposto daquilo pedido pela ONU.
Considerando como hoje já foram firmados acordos de paz com Egito e Jordânia, e Israel já se retirou de mais de 90% das terras ocupadas em 1967, o país não está em violação à cláusula em disputa, pelo contrário, já cumpriu precisamente o exigido.
A resolução também é usada como argumento para o reconhecimento dos refugiados palestinos e o estabelecimento de um Estado palestino, com base em outro dos princípios definidos:
"For achieving a just settlement of the refugee problem;"
Novamente, a omissão de detalhes da tal solução "justa" aos refugiados a que se refere não é mero acidente. A resolução não faz nenhuma menção específica aos refugiados palestinos, porque na época estes não eram a única população de refugiados do conflito. Os mais de 800,000 refugiados judeus expulsos de países árabes depois de 1948 também mereciam uma solução justa. Apesar de terem se estabelecido em Israel, jamais receberam qualquer compensação dos países árabes onde viviam, dos comitês da ONU ou a atenção da mídia.
Trocas de refugiados são comuns em vários conflitos ao redor do mundo, mas infelizmente os países árabes fizeram pouco ou nenhum esforço para colaborar com uma solução viável para o problema dos refugiados palestinos, que são usados como peões na guerra política que há no Oriente Médio.
ISRAEL E OS CRISTÃOS
Soldados árabes-israelenses comemorando o Natal. Cena inimaginável em qualquer outro país do Oriente Médio!
DEU NO THE WALL STREET
O The Wall Street Journal trouxe na edição de ontem, 9, um longo artigo escrito pelo Embaixador de Israel nos Estados Unidos, Michael Oren. Nele, o diplomata judeu expõe as razões pelas quais Israel é o único país em todo o Oriente médio onde os cristãos podem se sentir seguros.
Segundo Oren, a população cristã na região, que girava em torno de 20% há um século, está agora na faixa dos 5% e em acelerada decadência.
No artigo, e embaixador relembra que “apenas no Egito cerca de 200.000 cristãos coptas se viram obrigados a abandonar suas casas no ano passado, depois que uma série de espancamentos e massacres foram perpetrados por multidões de extremistas muçulmanos.
Desde 2003, 70 igrejas iraquianas foram queimadas e cerca de mil cristãos foram mortos em Bagdá, levando mais da metade desta comunidade a abandonar o país.
Na Arábia Saudita, orações cristãs são proibidas, mesmo em recintos privados.
No Irã, a conversão ao cristianismo é um crime punido com pena capital, conforme observado no caso do Pastor Yousef Nadarkhani, que foi condenado à morte no mês passado.
Este grave quadro vem levando os cristãos a empreenderem um “êxodo” semelhante ao que aconteceu com os judeus que moravam nestes países. Estima-se que mais de 800.000 judeus foram expulsos de nações árabes em circusntâncias parecidas.
O Pastor Yossef Nadarkhani foi condenado à pena de morte por ter se convertido ao cristianismo. No momento, aguarda numa prisão iraniana o cumprimento da sentença.
UMA EXCEÇÃO CHAMADA ISRAEL
“O único lugar no Oriente Médio onde os cristãos não estão em perigo, mas em franco crescimento é Israel”, afirmou Michael Oren. “Desde a fundação do Moderno Estado, em 1948, as comunidades cristãs, incluindo as ortodoxas russa e grega, católicos, armênios e protestantes, expandiram-se em mais de 1.000%”.
No seu artigo, o embaixador israelense afirma ainda que “os cristãos são destaque em todos os aspectos da vida de Israel, servindo no Knesset, no Ministério das Relações Exteriores e no Supremo Tribunal Federal”.
Oren diz que há ainda muito o que ser feito no tocante à convivência, principalmente com relação a certos grupos religiosos radicais, junto aos quais há “ocasionalmente episódios de intolerância”. Entretanto, se comparado com outros países do Oriente Médio, onde o ódio dos cristãos é ignorado ou incentivado, Israel não só é um oásis como suas autoridades “continuam empenhadas em fazer cumprir a promessa expressa na sua Declaração de Independência que visa garantir a igualdade completa de todos os seus cidadãos, independentemente da religião”.
O empenho do Governo Israelense não se limita a vigiar grupos judaicos radicais. “As autoridades procuram garantir o livre acesso a todos os lugares considerados sagrados pelos cristãos, mantendo-os sob exclusivo controle das suas lideranças religiosas”. Mas o apoio do Estado de Israel vai além, como pode ser verificado no caso em que uma organização muçulmana tentou erguer uma mesquita perto da Basílica da Anunciação em Nazaré. “O governo israelense intercedeu de modo a preservar a santidade do santuário”, afirmou Oren.
E o mesmo faz com os demais locais considerados “sagrados” por diversos ramos do cristianismo, como Cafarnaum, o Monte das Bem-Aventuranças e o suposto local do nascimento de João Batista.
Enquanto isso, os cristãos que se encontram nas cidades sob responsabilidade da Autoridade Palestina (AP), não têm o mesmo reconhecimento. No início do seu artigo, Michael Oren recorda que em 1994 fez parte de uma equipe de conselheiros responsáveis pelo diálogo inter-religioso na transferência de responsabilidade das cidades históricas. Este grupo foi formado por ocasião do início das negociações que resultaram na entrega da cidade de Belém para o controle árabe.
A comunidade cristã, estabelecida na cidade onde nasceu Jesus Cristo, tinha uma história de mais de 1.000 anos. Nos dias em que antecederam a mudança do controle, as paredes da Igreja da Natividade foram pichadas com frases agressivas, escritas em caracteres árabes, numa ação reivindicada pelo grupo terrorista Hamas. “Na oportunidade”, relembra Oren, “as lideranças cristãs estavam tão desanimadas e assustadas que sequer registraram formalmente queixa sobre o assunto. Temiam que os terroristas que haviam profanado o santuário também atentassem contra suas vidas em retaliação”.
Oren disse ainda que “enquanto esteve sob responsabilidade do Governo Israelense, a população cristã de Belém cresceu 57%, mas depois que passou para o controle da Autoridade Palestina em 1995, o número despencou. Cristãos foram presos, a Igreja da Natividade foi saqueada e usada como latrina e o número de cristãos caiu para menos de um quinto da população da sua cidade sagrada”.
Mas, não foi só em Belém que as coisas mudaram para os cristão. Segundo o artigo do embaixador israelense, “desde a tomada de Gaza pelo Hamas em 2007, as decorações de Natal foram proibidas, a exposição pública de crucifixos foi banida e metade da comunidade cristã fugiu”.
Em Dezembro de 2010, em plena época natalina, as autoridades do Hamas usaram transmissões de rádio para exortarem os muçulmanos a “matarem seus vizinhos cristãos”. Oren relembra ainda o episódio em que Rami Ayad, dono da única livraria cristã de Gaza, foi assassinado e sua loja foi reduzida a cinzas.
Como o Hamas assinou recentemente um pacto de união com a Autoridade Palestina da Judeia e Samaria (Cisjordânia), não será surpresa nenhuma se vierem a ocorrer distúrbios que provoquem “uma hemorragia no seio da comunidade cristã que lá se encontra”, escreveu Oren.
Nos últimos anos, o número de cristãos na região, que era algo em torno de15%, caiu para menos de 2%. As autoridades palestinas costumam atribuir a fuga dos cristãos às péssimas condições (sic) impostas pelas políticas econômicas israelenses. Acontece que o êxodo se deu principalmente com os cristãos de cidades como Nablus, Ramallah e Jericó, que curiosamente apresentaram no período um marcante crescimento econômico e populacional… Entre os muçulmanos.
No sentido oposto a este movimento migratório, em Jerusalém o número de árabes-cristãos triplicou desde a reunificação da cidade, em 1967.
Michael Oren conclui o artigo dizendo que “a extinção das comunidades cristãs do Oriente Médio é uma injustiça de magnitude histórica”. “Entretanto”, afirma o diplomata, “Israel é um exemplo de como essa tendência não só pode ser prevenida, mas invertida”. Afinal de contas, muitos dos cristãos expulsos dos países muçulmanos encontraram em Israel “o respeito e o apreço do Estado judeu”, o que permitiu aos refugiados “não só sobreviverem, como também prosperarem”. Afinal de contas, Israel é o único país seguro para os cristãos em todo o Oriente Médio.
al-Jazira

Se eu sugerir aqui que essa Al-Jazira não passa, hoje, de um braço do terrorismo fundamentalista islâmico e que deveria levar uma bomba nos cornos, os “democratas” e esquerdistas vão me acusar de estar combatendo a liberdade de imprensa. Afinal de contas, a emissora nada mais faria do que contar o que está acontecendo. Seria mais ou menos como a Globo ficar divulgando mensagens de Marcola — para usar como exemplo a nossa versão do terrorismo. O inocente inútil se perguntaria: “Ué, se ele gravar uma fita, por que não mostrar?” Sim, e se ele começa a fazer da emissora de TV um canal de expressão da sua “luta”? É isso o que o terrorismo faz com a Al-Jazira. Aquilo não é jornalismo, mas terrorismo mitigado.
Mas os “democratas” acreditam que se trata apenas de liberdade de expressão.
- A al-Jazira é realmente independente?
- Al-Jazira, objetividade e imparcialidade
- Al-Jazira e Jornalismo “Ético” – principal jornalista do canal se demite fazendo críticas
- Jornalismo “ético”: Diretor do escritório da Al-Jazira em Beirute se demite acusando a emissora de “incitação”
- A vergonha da Al-Jazira na Síria
- Autoridade Palestina fecha TV Al-Jazira em Ramallah devido a “divulgação de notícias falsas”
- Governo do Iêmen fecha Al-Jazira por “falta de credibilidade” e emissora faz mea-culpa
- Kuwait encerra delegação da al-Jazira
- Al-Jazira, o verdadeiro "Facebook" das revoltas árabes
- Wikileaks: Al-Jazira, ferramenta do governo do Catar
- O que a Al Jazeera diz de si mesma e o que os fatos dizem da Al Jazeera
- Al-Jazira na folha de pagamento de Saddam Hussein
- Observadores Imparciais
- Al Qaradawi, a estrela da al-Jazira
- Al-Jazira e seu funcionário exemplar: El Qaradawi
A al-Jazira é realmente independente?
A rede de TV árabe Al Jazeera emergiu da crise egípcia como a grande força midiática do Oriente Médio e uma das mais importantes do mundo. Ao mesmo tempo, porém, cresce o questionamento sobre sua orgulhosa “independência”.
A principal cobrança é em relação ao Irã: a Al Jazeera é acusada de não se esforçar para cobrir a repressão contra a oposição iraniana do mesmo modo como se esmerou na cobertura do Egito. Para o jornalista saudita Khalaf Al-Harbi, a emissora não tem compromissos com a ética jornalística, mas com uma agenda política. “A Al Jazeera apoiou o levante egípcio porque os rebeldes queriam liberdade ou porque lutavam contra Hosni Mubarak?”, perguntou Al-Harbi no jornal ‘Okaz. Ele apontou as incoerências da emissora, que teria apoiado Saddam e Bin Laden contra os EUA, em nome da unidade árabe, mas fez campanha contra Mubarak, porque a defesa dos direitos humanos era mais importante que a unidade árabe.
Contudo, há um outro detalhe que pode explicar a distância que a Al Jazeera mantém dos protestos no Irã. A emissora é bancada pelo governo do Qatar, emirado árabe que explora gás com os iranianos, em sociedade estratégica. Há quem diga que essa parceria é vital para o Qatar.
Mas os rebeldes iranianos não perdem a esperança: um grupo de opositores criou uma página no Facebook que se chama “Al Jazeera, por favor, noticie o Irã como noticiou o Egito”.
Al-Jazira, objetividade e imparcialidade
A Al-Jazira é uma cadeia de televisão de língua árabe fundada no Qatar e amplamente assistida em todo o mundo árabe. O canal começou em 1996 como um projeto de estimação do emir do Qatar, xeque (e ditador que deu um golpe de Estado no próprio pai!) Hamad bin-Khalifa al-Thani, e ganhou destaque durante a guerra no Afeganistão, por causa de seus antigos contatos com os dirigentes do Talibã e com Osama bin Laden.
Divulgando uma variedade de pontos de vista, incluindo opiniões dos funcionários da administração Bush, a rede buscou criar a impressão de que é uma fonte de notícias objetiva para o mundo árabe. Na realidade, a Al-Jazeera tem ficado conhecida como canal de propaganda de visões extremistas no mundo árabe. Um intelectual muçulmano culpou a rede por incitar as massas árabes contra o Ocidente e por transformar bin Laden e seus asseclas em celebridades. "Há uma diferença entre dar oportunidade para que opiniões diferentes [sejam ouvidas] e colocar no ar assassinos armados para que divulguem suas idéias", disse o Dr. Abd Al-Hamid Al-Ansari, decano de Shar’ia e Direito na Universidade do Qatar. [Al-Raya (Qatar), 6 de janeiro de 2002]
Numa entrevista ao programa "60 Minutos", um correspondente da Al-Jazeera, ao se referir à cobertura de notícias do conflito, disse que os palestinos morrem como mártires. Quando Ed Bradley [o entrevistador] replicou que os israelenses os chamariam de terroristas, ele respondeu: "Esse é um problema dos israelenses. É um ponto de vista". Quando lhe perguntaram como eles descrevem os israelenses que são mortos por palestinos, a resposta foi: "Damos-lhes o nome certo: israelenses mortos por palestinos".
Bradley disse ainda que a cobertura da intifada pela Al-Jazeera foi responsável por incitar manifestações pró-palestinas por todo o Oriente Médio. [60 Minutes, "Inside Al-Jazeera", 10 de outubro de 2001]