segunda-feira, 9 de abril de 2012

Ben-Gurion aprovava ataques à população árabe?

Confissão de Moshe Dayan?

Uma tática comum na guerra contra Israel é citar sionistas e líderes israelenses célebres fora de contexto, distorcendo suas palavras, ou deliberadamente inventando e atribuindo algo. A frase abaixo é atribuída ao primeiro-ministro David Ben-Gurion:

"Devemos usar o terror, o assassinato, a intimidação, a confiscação de terras, e o corte de todos os serviços sociais para libertar a Galiléia da sua população árabe."

Quando citada, a frase é atribuída à biografia "Ben-Gurion: A Biography", de Michael Bar-Zohar, livro já publicado em 14 idiomas. Apesar de citarem a obra, jamais citam a página e edição do livro de que a frase foi retirada, pelo simples fato de que ela não encontra-se nele. Na Amazon é possível fazer uma busca no conteúdo do livro e confirmar que a atribuição é falsa.

Sabendo que a fonte é falsa, resta saber se a frase é uma fabricação pura e simples ou se é alguma distorção. Em uma busca pela frase, é possível também encontrá-la atribuída a Israel Koenig no seu polêmico relatório de 1976. O Relatório Koenig, como é conhecido, é um memorando confidencial escrito pelo autor em abril de 1976, quando então comissário do Ministério do Interior para o distrito norte, contendo uma série de recomendações para lidar com o crescimento demográfico da população árabe no distrito. O relatório foi rejeitado pelo então primeiro ministro Yitak Rabin, denunciado como racista pelo então ministro de relações exteriores Yigal Alon e pelo gabinete.

Não houve mais reação ao documento no governo, até que em novembro do mesmo ano ele foi publicado por um jornal e despertou reações virulentas dentro e fora de Israel, sendo considerado racista, mesmo considerando que representa apenas a opinião do autor. Porém,
mesmo com toda a polêmica envolvida, em uma busca pela frase no relatório, ela também não é encontrada.

A citação de Israel Koenig é atribuída ao livro "Arabs in the Jewish State" de Ian Lustick, que é sua dissertação de doutorado de 1976 publicada em livro em 1980. Igualmente não mencionam página e edição, e de qualquer maneira não tenho acesso ao livro para verificar, mas sabendo-se que a frase não existe no relatório original, e o livro foi publicado originalmente como dissertação acadêmica há mais de 30 anos, é bem óbvio presumir que Ian Lustick, bem conhecido como opositor de Israel, não teria sobrevivido tanto tempo no meio acadêmico se seu primeiro artigo publicado tivesse texto fabricado.

Concluindo então, a frase é simplesmente fabricada e atribuída a vários israelenses de acordo com a conveniência do momento e com a necessidade de autoridade। Atribuí-la David Ben-Gurion confere autoridade, atribuí-la a Israel Koenig facilita a fraude pelo teor já polêmico do seu relatório.

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