segunda-feira, 19 de março de 2012

O ataque em Toulouse e o antissemitismo malandro

Marcos Gutterman

ver também:
Netanyahu: “No dia em que crianças judias são assassinadas, Conselho de Direitos Humanos da ONU convida para conversar um representante do Hamas”

Ilan Halimi - artigo que fala sobre o seqüestro, tortura e assassinato de um jovem judeu francês por gangues muçulmanas, além de outros casos de anti-semitismo islâmico considerados "crimes comuns" pelo governo francês.


Um homem matou a tiros três crianças numa escola judaica de Toulouse, na França. O pai de duas das crianças também foi morto. Não se sabe ainda quem é o assassino nem quais eram suas motivações, mas parece claro que se trata de um ataque contra judeus.

As terríveis circunstâncias desse episódio são menos importantes, no entanto, do que algumas das reações a ele. No site do jornal israelense Haaretz*, há leitores que conseguiram concluir que as crianças mortas “pagaram o preço das políticas de Israel”. Ou seja: é quase como se dissessem que essas crianças, por serem judias, mereciam morrer, uma vez que o Estado que as representaria, como entidade nacional, é a própria encarnação do Diabo. De acordo com essa lógica, os judeus do mundo todo não poderão se queixar se, eventualmente, forem alvo de uma campanha de extermínio.

Esse tipo de raciocínio faz lembrar a famosíssima “profecia” de Hitler, feita em 30 de janeiro de 1939. Em discurso ao Reichstag, ele disse que, “se os banqueiros judeus internacionais, dentro e fora da Europa, conseguirem atirar as nações mais uma vez numa guerra mundial, então o resultado não será a bolchevização da Terra, e por conseguinte a vitória da Judiaria, mas a aniquilação da raça judaica na Europa”. Ou seja: Hitler atribuiu às próprias vítimas a responsabilidade pela guerra que ele mesmo estava provocando e pelo genocídio que ele mesmo empreenderia pouco tempo depois.

Hoje o antissemitismo malandro não se escora mais, ou não somente, na perversidade dos “banqueiros judeus internacionais”. Ele se escora no que se convencionou chamar, genericamente, de “políticas assassinas” de Israel – um rótulo frouxo o bastante para que não seja possível discuti-lo seriamente e que, de tantas vezes repetido, soa como uma verdade incontestável.

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*Não é surpresa alguma que esse tipo de argumento tenha aparecido justamente na área de comentários do Haaretz. Isso é consistente com sua linha editorial e vários de seus colunistas já usaram o mesmo argumento. É por essa razão que o jornal é um dos menos lidos em Israel, com apenas 6% do mercado. Infelizmente, ele é o preferido dos correspondentes internacionais, que se dão por satisfeitos em traduzi-lo e publicá-lo em jornais estrangeiros.

Haaretz: Israel’s Anti-Semitic Rag

Old News: Haaretz, not a shred of decency


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