segunda-feira, 12 de março de 2012

Veja e o mau jornalismo

[ver também: Normas de reportagem para o Oriente Médio]


Diz o site da Veja:

“No bombardeio desta segunda, morreu um menor de idade, Nayif Shaban Qarmut, de 17 anos, atingido em Beit Lahiya por um míssil lançado por aviões de guerra israelenses.”


E o que diz a AFP, que enviou um repórter ao local:

“O Exército israelense negou que tenha realizado um ataque aéreo no norte de Gaza"

Segundo um correspondente da AFP no local, "
não havia sinais de qualquer impacto no terreno que pudesse ter sido causado por um míssil, com a causa mais provável da sua morte ter sido o resultado de algum tipo de artefato explosivo que [ele] estava carregando”.



Em seguida, a matéria traz dados controversos como fato incontestável:

“Trata-se da maior escalada de violência na faixa e em seus arredores desde agosto e a segunda após o fim da operação Chumbo Fundido, em dezembro de 2008 e janeiro de 2009, na qual
morreram mais de 1.400 palestinos, a maioria civis.

A matéria deveria deixar claro que esse número foi repassado por ONGs como o 'Palestinian Center for Human Rights', e que essas organizações só repetiram os números fornecidos pelo então ministro do interior Fathi Hamad, do Hamas. De acordo com o exército israelense, o
número de vítimas da operação foi de 1166, sendo que 709 eram “militantes”.

Até o
Hamas admitiu mais tarde que entre os mortos estavam 600-700 de seus homens. Agora só falta a Veja fazer o mesmo...



A matéria ainda segue falando que o “Hamas enviou ao Cairo uma delegação especial liderada por seu braço direito, Mahmoud Zahar, para convencer os dois grupos armados a parar com as hostilidades.”

Mas uma rápida procura no YouTube acaba nessa entrevista com o porta-voz de um dos grupos terroristas de Gaza, onde ele afirma que os ataques contra Israel contam com a conivência do Hamas:





Há de ser perguntar também qual o critério do site para a escolha de imagens que ilustram suas matérias. Por que não há sequer uma matéria sobre o conflito em que tenham sido usadas fotos de vítimas em Israel, de suas crianças fugindo de foguetes ou de suas mulheres chorando?

Já que não houve vítimas civis, o responsável pela matéria chegou ao cúmulo de usar uma foto de mulheres de “jihadistas” – terroristas – chorando em um funeral em Gaza.


Segue uma foto com crianças israelenses - aparentemente de origem asiática, como as outras três vítimas civis de Israel - se escondendo dos ataques palestinos:


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