segunda-feira, 6 de agosto de 2007

10. As Fronteiras

MITO
"A criação de Israel em 1948 modificou
acordos fronteiriços e políticos entre Estados
independentes que existiam há séculos".


FATO
As fronteiras dos países do Oriente Médio foram fixadas de maneira arbitrária
pelas potências ocidentais depois que a Turquia foi derrotada na Primeira
Guerra Mundial e entraram em vigor os mandatos francês e britânico. Todas as
áreas designadas a Israel pelo plano de partilha das Nações Unidas estiveram
sob controle dos otomanos, que governaram a Palestina de 1517 a 1917.


Quando a Turquia foi derrotada na Primeira Guerra Mundial, os franceses
ocuparam toda a área hoje conhecida como Líbano e Síria. Os britânicos
assumiram o controle da Palestina e do Iraque. Em 1926, as fronteiras foram
redesenhadas e o Líbano foi separado da Síria.

A Inglaterra instalou o emir Faisal, que havia sido deposto da Síria pelos
franceses, como governante do novo reino do Iraque. Em 1922, os britânicos
criaram o Emirado da Transjordânia, que incorporou toda a Palestina ao leste
do Rio Jordão. Isso foi feito para que o emir Abdula, cuja família havia sido
derrotada na guerra tribal da península arábica, tivesse um reino para
governar. Todos os países que têm fronteiras com Israel só alcançaram sua
independência no século XX. Muitas outras nações árabes se tornaram
independentes depois de Israel.1


MITO
"Israel é um país expansionista desde sua criação".


FATO
As fronteiras de Israel foram determinadas pelas Nações Unidas quando
esta adotou a resolução sobre a partilha em 1947. Numa série de guerras
defensivas, Israel ocupou mais território e, em numerosas ocasiões, retirouse
dessas áreas. Como parte do acordo de 1974 para o encerramento das
hostilidades, Israel devolveu à Síria territórios ocupados nas guerras de
1967 e 1973.


Conforme os termos do tratado de paz israelense-egípcio de 1979, Israel se
retirou da península do Sinai pela terceira vez – já havia se retirado de
grandes áreas do deserto que ocupara em sua Guerra de Independência.
Após conquistar todo o Sinai no conflito de Suez em 1956, Israel devolveu a
península ao Egito um ano depois.

Em setembro de 1983, Israel se retirou de grandes áreas do Líbano para
posições ao sul do Rio Auali. Em 1985, completou sua retirada do Líbano,
exceto de uma estreita zona de segurança ao norte da fronteira israelense,
que também foi abandonada unilateralmente em 2000.


Depois de assinar acordos de paz com os palestinos e um tratado com
a Jordânia, Israel concordou em se retirar da maior parte dos territórios da
Cisjordânia capturados da Jordânia em 1967. Uma pequena área foi devolvida
à Jordânia e mais de 40% foram cedidos à Autoridade Palestina. O acordo
com os palestinos também envolveu a retirada de Israel, em 1994, da maior
parte da Faixa de Gaza, que havia sido capturada do Egito em 1973.

Até o momento Israel já se retirou de mais de 40% da Cisjordânia e 80% da
Faixa de Gaza, e o primeiro-ministro Ehud Barak ofereceu se retirar de 95%
da Cisjordânia e 100% da Faixa de Gaza num acordo final.


Além disso, o primeiro-ministro Yitzhak Rabin e seus sucessores ofereceram
a retirada de virtualmente todas as Colinas de Golã em troca da paz com a
Síria. Prosseguem as negociações sobre as demais áreas disputadas que
estão em posse de Israel. A disposição de Israel de fazer concessões territoriais
em troca de segurança demonstra que seu objetivo é a paz, não a expansão.


MITO
"Israel tenta há muito tempo conquistar
terras árabes do Nilo ao Eufrates. Há até um
mapa no Knesset que confirma essa intenção".


FATO
Esse tema é usado com freqüência pelos inimigos de Israel e repetido rotineiramente
em todo o mundo árabe e islâmico. No Irã, um mapa que se propunha
a mostrar as fronteiras "dos sonhos" de Israel – um império que incluía
Arábia Saudita, Iraque, Kuwait e partes da Turquia e do Irã – foi incluído
numa reimpressão de 1985 dos Protocolos dos Sábios de Sion, a notória
fraude czarista.


Em 25 de maio de 1990, numa entrevista coletiva em Genebra, Yasser
Arafat denunciou que a moeda de 10 agorot (10 centavos) de Israel retratava
um mapa de Israel ampliado que incluía toda a Jordânia e o Líbano, assim
como grandes porções do Iraque, da Síria, da Arábia Saudita e do Egito.

De fato, a agorot está cunhada conforme uma antiga moeda judaica da
época do rei Matatias, da dinastia do Hasmoneus. A versão israelense moderna
retrata a forma da moeda original, que saiu de circulação nos dois mil anos
seguintes. A emissão de uma moeda semelhante à moeda antiga serviu de
pretexto para que Arafat se referisse ao níquel como um "mapa" secreto das
supostas intenções expansionistas de Israel.





O ministro da Defesa da Síria, Mustafá Tlas, diz que há uma inscrição, "A
Terra de Israel, do Eufrates ao Nilo", gravada na entrada do Knesset.2 Outros
afirmam que há um mapa dentro do Knesset com essas fronteiras. Nem a tal
inscrição nem o mapa existem. Contudo, muitos no mundo árabe foram convencidos
de que isso é verdade. Árabes que passeiam pelo Parlamento israelense
e não vêem o mapa às vezes insistem que é removido antes da sua visita.3

Obviamente, a melhor prova contra esse mito é a história da retirada
israelense dos territórios ocupados em 1948, 1956, 1967, 1973 e 1982.

MITO
"A Cisjordânia é parte da Jordânia".

FATO
A Cisjordânia nunca foi legalmente parte da Jordânia. De acordo com o plano
de partilha das Nações Unidas de 1947 – que os judeus aceitaram e os
árabes rejeitaram – ela deveria fazer parte de um Estado árabe independente
na Palestina Ocidental. Entretanto, o exército jordaniano a invadiu e ocupou
durante a guerra de 1948. Em 1950, a Jordânia anexou a Cisjordânia.
Só dois governos – Grã-Bretanha e Paquistão – reconheceram formalmente
a anexação jordaniana. O resto do mundo, incluindo os Estados Unidos,
nunca o fez.

MITO
"Israel ocupou as Colinas de Golã numa guerra de agressão".


FATO
Entre 1948 e 1967, a Síria controlou as Colinas de Golã e usou-as como uma
fortaleza militar de onde seus soldados atiravam de maneira arbitrária para
baixo contra os civis israelenses no Vale do Hula, obrigando as crianças que
viviam nos kibutzim (cooperativas agrícolas) a dormir em abrigos de proteção
às bombas. Além disso, muitas rodovias do norte de Israel só podiam ser
atravessadas depois de limpas por veículos detectores de minas. No fim de
1966, um jovem foi explodido em pedaços por uma mina enquanto jogava
futebol perto da fronteira do Líbano. Em alguns casos, os ataques eram
desferidos pela Fatah de Yasser Arafat, a quem a Síria permitia operar a partir
do seu território.4

Israel protestou repetidas vezes e sem sucesso na Comissão Mista das Nações
Unidas para o Armistício, encarregada de implantar o cessar-fogo, contra os
bombardeios da Síria. Por exemplo, Israel foi às Nações Unidas em outubro de
1966 para exigir um basta aos ataques da Fatah. A resposta de Damasco foi
desafiadora: "Não é nosso dever detê-los, mas sim estimulá-los e fortalecêlos",
respondeu o embaixador sírio.5




Nada foi feito para deter a agressão da Síria. Uma suave resolução do Conselho
de Segurança expressando seu "pesar" por tais incidentes foi vetada pela
União Soviética. Enquanto isso, Israel foi condenado pelas Nações Unidas
quando retaliou. "Pela preocupação oficial do Conselho de Segurança com a
questão", escreveu o historiador Netanel Lorch, "estava aberta a temporada
para matar israelenses em seu próprio território".6

Após o início da Guerra dos Seis Dias, a força aérea síria tentou bombardear
as refinarias de petróleo de Haifa. Enquanto Israel combatia no Sinai e na
Cisjordânia, a artilharia síria bombardeava as forças israelenses na Galiléia
Oriental e unidades blindadas atiravam sobre povoados no vale do Hula, aos
pés das Colinas de Golã.

Em 9 de junho de 1967, Israel foi para o confronto contra as forças sírias no
Golã. Ao entardecer de 10 de junho, Israel tinha todo o controle do planalto.
A captura dessas colinas estratégicas só ocorreu após 19 anos de provocação
por parte da Síria e de esforços infrutíferos para fazer com que a comunidade
internacional atuasse contra os agressores.

MITO
"As Colinas de Golã não têm significado estratégico para Israel".

FATO
É verdade que a Síria – detida pela presença das Forças de Defesa de Israel
(FDI) com a mira da artilharia sobre Damasco – manteve o Golã tranqüilo
desde 1974. Mas, durante esse tempo, a Síria tem fornecido asilo e sustentado
inúmeros grupos terroristas que atacam Israel desde o Líbano e outros países.
Esses incluem a Frente Democrática pela Libertação da Palestina (FDLP), a
Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP), o Hezbolá e a Frente
Popular pela Libertação da Palestina – Comando Geral (FPLP-CG). Além disso,
a Síria ainda mantém centenas de milhares de soldados – algo como 75% de
seu exército – na fronteira israelense próxima às Colinas de Golã.

Do Golã Ocidental são apenas 96,5 km (sem os principais obstáculos terrenos)
até Haifa e Acre (Aco), o coração industrial de Israel. O Golã – cuja elevação
vai de 122m a 518m na seção ocidental fronteiriça de Israel pré-1967 –
sobrepõe-se ao Vale do Hula, a mais rica região agrícola de Israel. Nas mãos
de um vizinho amistoso, a elevação tem pouca importância militar. Todavia,
se controlado por um país hostil, o Golã tem o potencial de voltar a se
converter num pesadelo estratégico para Israel.

Antes da Guerra dos Seis Dias, quando os assentamentos agrícolas israelenses
da Galiléia foram atacados desde o Golã, as opções para se contrapor aos
ataques sírios estavam impedidas pela geografia das colinas. "Os disparos de
contra-baterias estavam limitados pela impossibilidade de observação desde
o Vale do Hula; os ataques aéreos eram minimizados por posições sírias bem
entrincheiradas e com coberturas resistentes; e um ataque terrestre contra
as posições... exigiria forças maiores, com os respectivos riscos de pesadas
baixas e repercussões políticas graves", observou Irving Heymont, coronel
reformado do exército dos EUA.7

Quando Israel finalmente correu esses riscos e atacou as posições sírias em
1967, teve 115 baixas– aproximadamente o número de americanos mortos
durante a Operação Tempestade no Deserto.

Com o processo de paz balançando no fim da década de 1990, a Síria passou
a renovar as ameaças de guerra contra Israel e a fazer movimentos de tropas
ameaçadores. Alguns analistas israelenses têm advertido para a possibilidade
de um ataque-relâmpago pelas forças sírias com o intuito de retomar o Golã.
As Forças de Defesa de Israel têm reagido aos movimentos sírios e – até este
momento – preservado a paz.

Para Israel, entregar o Golã a uma Síria hostil, sem acordos de segurança
adequados, poderia colocar em perigo seu sistema de alarme contra um
ataque-surpresa. Israel construiu um sistema de radares no Monte Hermon,
o ponto mais alto da região. Caso se retirasse do Golã e tivesse que se mudar
para as planícies da Galiléia, essas instalações perderiam muito de sua eficácia
estratégica.

MITO
"Israel se recusa a qualquer acordo sobre as Colinas de
Golã, enquanto a Síria deseja negociar paz por território".

FATO
Sob o governo de Hafez Assad, a posição da Síria era coerente: Israel deveria
se retirar completamente de todas as Colinas de Golã antes de estabelecer
qualquer discussão sobre o que a Síria poderia conceder em troca. Ele nunca
expressou qualquer disposição de fazer a paz com Israel ao receber todo o
Golã ou qualquer parte dele.

Israel foi igualmente teimoso em não ceder qualquer território sem saber o que
a Síria estava disposta a conceder. A disposição de negociar parte ou a totalidade
do Golã depende da concordância da Síria em normalizar relações e assinar
um acordo que coloque um fim ao estado de guerra que esta diz existir.

As preocupações com a topografia associadas à retirada das Colinas de Gola
poderiam ser neutralizadas pela desmilitarização, mas Israel precisa ter uma
fronteira desde a qual a nação possa ser defendida com um mínimo de
perdas. Quanto mais profunda for a desmilitarização e melhor o sistema de
alarme de advertência, tanto mais flexível Israel pode ser no que se refere a
essa fronteira.

Além da segurança militar, os israelenses buscam a normalização das
relações entre os dois países. No mínimo, os laços com a Síria deveriam
estar no nível dos que Israel tem com o Egito e, idealmente, mais estreitos
do que o tipo de paz desfrutada com a Jordânia. Isso significa ir além do
mínimo de intercâmbio de embaixadores e linhas aéreas e criar um ambiente
em que israelenses e sírios se sentiriam confortáveis em visitar o país do
outro, participando de atividades comerciais e outros tipos de cooperação
típicos de nações amigas.

Nesse meio tempo, há uma oposição substancial dentro de Israel para a
retirada das Colinas de Golã. A expectativa de muitos é que a opinião pública
mudará se e quando os sírios assinarem um acordo e adotarem medidas –
tais como frear os ataques do Hezbolá a Israel desde o sul do Líbano – que
demonstrem um interesse verdadeiro pela paz. E a opinião pública vai
determinar se deve haver um tratado, devido a uma lei adotada durante o
governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, exigindo que qualquer
acordo seja aprovado num referendo nacional.

O presidente Hafez Assad morreu em junho de 2000 e não tem havido
negociações desde então, quando seu filho e sucessor, Bashar, veio a
consolidar o seu poder na Síria. Retoricamente, Bashar não tem dado mostras
de quaisquer mudanças na atitude da Síria sobre o Golã. Faltam mudanças
dramáticas no governo sírio e em sua atitude diante de Israel. A segurança
do Estado judeu dependerá do controle militar sobre as Colinas de Golã.


"De um ponto de vista estritamente militar, Israel deveria requerer
o controle de alguns territórios capturados a fim de contar com
fronteiras militarmente defensíveis".
- Memorando do Estado Maior Conjunto para a
Secretaria de Defesa
, 29 de junho de 1967.

10 comentários:

Neto disse...

"Numa série de guerras defensivas, Israel ocupou mais território e, em numerosas ocasiões, retirouse dessas áreas"

Fica ruim colocar esta frase abaixo do titulo Fato. Se é fato como você explica o expansionismo Israelense nestes mapas:

http://ml.ci.uc.pt/mhonarchive/archport/jpgEvb5UIPEHM.jpg

Anônimo disse...

Israel tem historicamente esse direito deve sim continua lutano .

Anônimo disse...

Neto,

Seu mapa só prova o que o amigo aqui postou.

Anônimo disse...

Neto,
Te convido a estudar história e lógica.

Primeiro história. Esses mapas que seguem mostram que o Estado Judeu deveria ocupar não só todo o território de Israel (incluídos aí os "territórios ocupados") como também toda a Jordânia. Para apaziguar os árabes os ingleses dividiram o futuro estado de Israel em 3 - 1 judaico e 2 "palestinos". Israel e Jordãnia e "Palestina".

http://www.masada2000.org/bmand.gif

http://www.masada2000.org/transj.gif

http://www.masada2000.org/1947mapa.gif

Agora lógica:
Se as terras foram anexadas em GUERRAS DEFENSIVAS, então não a expansionismo, já que se não tivesse sido atacado, Israel não tomaria (legalmente, diga-se de passagem) os territórios em disputa, que akguns - erradamente - chamam de ocupados.

http://www.youtube.com/watch?v=XGYxLWUKwWo&



Vamos estudar, meu amigo.

http://israelxxpalestina.blogspot.com/2010/11/palestina.html

Anônimo disse...

não há expansionismo*
faltaram algumas vírgulas também, mas o conteúdo está aí.

Palhaçada isso daí disse...

Esse mapa que o Neto postou é uma fraude. Ele mostra as áreas habitadas por judeus como "assentamentos judaicos", as áreas onde haviam árabes como "território palestino" e as áreas inabitadas também como "territórios palestinos".

São dois erros:

Primeiro, "palestina" era um termo genérico usado para dar nome àquele lugar. Não interessa se sob controle árabe ou judeu. Logo chamar de "território palestino" só o que não estava sob controle judaico dá a entender -- errôneamente -- que tudo aquilo em verde era território árabe, o que é falso.

Segundo, a maior parte desse território era inabitada, então não faz sentido mostrar como se tudo fosse território sob controle árabe e/ou ocupado por eles.

Ou seja, esse mapa é desonesto até não poder mais.
Só um completo ignorante e/ou desonesto pra levá-lo a sério

Fátima Aparecida disse...

"Israel é um país expansionista desde sua criação".
Se isso é um mito, como explicar que "Numa série de guerras defensivas, Israel ocupou mais território e, em numerosas ocasiões, retirou-se
dessas áreas." O termo guerra defensiva implica que você está defendendo seu território, que a guerra ocorre no seu campo de defesa e não em campo do inimigo.

Anônimo disse...

Em guerras defensivas a anexação de territórios é legal de acordo com o direito internacional. É prática comum. A grande diferença é que Israel anexou bem menos territórios que países como Brasil e Argentina (que juntos tomaram 40% do território paraguaio) e ainda entregou a grande maioria deles.

Dona Fátima que dar aulas mas precisa mesmo assistir algumas.

Anônimo disse...

Dona Fátima quer* dar aulas mas precisa mesmo assisitr algumas.

Além do mais, só de dar a entender que as guerras que Israel travou com os vizinhos árabes não se enquadram no conceito de guerra defensiva, mostra que falta muito pra essa senhora, menos pretensão.

Márcio Azevedo disse...

"O termo guerra defensiva implica que você está defendendo seu território, que a guerra ocorre no seu campo de defesa e não em campo do inimigo. "

Esse foi o comentário mais tosco que já vi. Fátima, você precisa se informar melhor sobre o conceito de 'guerra defensiva' antes de sair por aí querendo discutir. Chego a sentir vergonha por você...