sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A guerra dos países árabes contra seus cidadãos judeus





  Casa incendiada na cidade de Aden, no Iêmen, durante os tumultos em 1947, quando 82 judeus foram assassinados. 



Sessenta e cinco anos atrás, os Estados árabes iniciaram uma guerra contra seus indefesos cidadãos judeus. Os árabes foram atrás de seus judeus antes mesmo de qualquer refugiado árabe ter deixado o território onde hoje está Israel.

Segue abaixo um resumo dos acontecimentos que se seguiram à rejeição árabe da resolução 181 da Assembleia Geral da ONU,  em 29 de novembro de 1947, que dividiu a Palestina em um Estado judeu e um segundo Estado árabe.


A tensão entre árabes e judeus atingiu um novo ápice no outono de 1947, enquanto a ONU debatia a criação do Estado judaico.
Dr. Muhammad Husein Heykal, presidente da delegação egípcia, advertiu que um milhão de judeus que viviam nos países árabes ficariam em perigo graças a partilha.

Uma nova onda de violência se espalhou pelo Oriente Médio após a votação a favor da partilha em 29 de novembro de 1947. Grandes manifestações foram convocadas para os dias 02-05 de dezembro, e um massacre no bairro judaico do Cairo só foi evitado por causa da ação da polícia.

No Bahrein, no dia 5 de dezembro, multidões saquearam casas e lojas judaicas e destruíram sinagogas. Duas senhoras idosas foram mortas.

Em Alepo, na Síria, a comunidade judaica foi destruída por uma multidão liderada pela Irmandade Muçulmana. Pelo menos 150 casas, 50 lojas, todas as 18 sinagogas, cinco escolas, um orfanato e um clube de jovens foram destruídos. Muitas pessoas foram mortas, mas o número exato não é conhecido. Mais da metade dos 10.000 judeus da cidade fugiram para a Turquia, Líbano e Palestina.

Em Aden [Iêmen], a polícia não conseguiu conter os distúrbios. Até a ordem ser restaurada, no dia 4 de dezembro, 82 judeus foram mortos; das 170 lojas judaicas, 106 foram destruídas. Duas escolas e uma sinagoga foram queimadas.

No Marrocos os franceses ainda mantinham um forte controle sobre a população. No entanto, 6 meses depois, tumultos causaram a morte de 48 judeus.

O jornal 'Palestine Post' publicou um editorial intitulado "reféns relutantes" em 11 de dezembro de 1947. Ele citava um editorial do jornal britânico 'The Guardian' do dia anterior, intitulado "Reféns". Eles deploravam declarações inflamatórias feitas por líderes árabes que poderiam ser interpretadas como ameaças contra as minorias judaicas de seus países. Tanto na Síria quanto no Iraque "pressão foi colocada sobre os judeus para denunciar o sionismo e apoiar a causa árabe. Nem sequer podemos imaginar que tipo de ameaças [contra os judeus] foram feitas para que isso acontecesse."

Os motins da semana anterior foram atribuídos a "fúria do povo" pelos governos árabes. O editorial denunciava que "os governos olhavam para os criminosos com um olhar benevolente."

O governo libanês emitiu ordens de expulsão contra os judeus palestinos que estavam no Líbano. O 'Palestine Post' de 22 de dezembro de 1947 trazia um relatório sobre as duras medidas que a Liga Árabe estava considerando tomar contra seus cidadãos de origem judaica. Primeiro eles perderiam sua nacionalidade, seus bens seriam confiscados, suas contas bancárias congeladas e eles seriam tratados como inimigos estrangeiros.

"Embora não haja notícias sobre a aceitação desta resolução pela Liga Árabe, é significativo e trágico que tal documento tenha sido redigido", o editorial lamentou. "É fácil para eles jogar com a vida, aterrorizar e manter um espada sobre as cabeças das muitas centenas de milhares de judeus que estão à sua mercê."

Embora não tenha sido aprovada, vários aspectos da resolução da Liga árabe foram adotadas por seus governos. Defensores dos direitos humanos e o ex-ministro da Justiça canadense, Irwin Cotler, classificaram as medidas como dignas de 'Nuremberg'.

No momento em que Israel foi estabelecido, em 15 de maio de 1948, as comunidades judaicas nos países árabes já haviam sido profundamente abaladas. Como disse Norman Stillman, a partilha foi um fator importante, mas não foi o único -- ele foi mais um catalisador. O nascente nacionalismo árabe islâmico não conseguia encontrar espaço para grupos étnicos e religiosos que se desviavam da norma, e os judeus encontraram-se alienados e isolados da sociedade em geral.


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